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Incêndios: Limpeza da floresta em Abrantes é "tarefa hercúlea" sem o apoio dos cidadãos

23/01/2018 às 00:00

A Câmara de Abrantes está a apelar aos cidadãos que tomem as medidas preventivas para a defesa da floresta e efetuem a limpeza dos seus terrenos, "um trabalho hercúleo para a autarquia realizar sozinha até março", segundo a presidente.

"Para nós, Câmara de Abrantes, é um trabalho hercúleo", disse Maria do Céu Albuquerque, que lembrou a "obrigatoriedade de serem primeiro os cidadãos a intervir, limpando os seus terrenos e protegendo as suas habitações", tendo feito notar que, "para conseguir cumprir a legislação que impõe a limpeza de todos os terrenos até ao dia 15 de março, é determinante que cada um se assuma como o primeiro agente de Proteção Civil".

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes, no distrito de Santarém, comentava para a Lusa um programa de ação lançado pela autarquia de medidas preventivas para a defesa da floresta contra incêndios e de um conjunto de ações de sensibilização e informação junto das populações para a limpeza de terrenos e das faixas de gestão de combustível, tendo a primeira ação de gestão de combustíveis florestais (limpeza de matos junto às habitações ou edificações, junto das povoações), sido realizada no fim de semana em Vale de Açor, freguesia de Fontes.

"Este é um trabalho que tem de ser feito, ninguém pode ficar indiferente ao que se passou em 2017 e esta legislação vem reforçar aquilo que já existia, que é a obrigatoriedade da limpeza dos terrenos por parte dos respetivos proprietários", disse a autarca, tendo observado que, "não havendo essa capacidade ou disponibilidade, cabe à autarquia, no âmbito da legislação vigente, substituir-se ao cidadão na realização dos trabalhos, pese embora vá cobrar depois ao munícipe o valor de referência para fazer essa limpeza".

O problema, relatou, é que "março é já amanhã", tendo insistido que, "sem a sensibilização dos proprietários, os serviços municipais, sozinhos, dificilmente conseguirão" fazer todo o trabalho.

"Estamos a falar de um território com 714 quilómetros quadrados, onde 60% é floresta e metade da população vive na cidade e a outra metade, cerca de 20 mil habitantes, estão dispersos por zonas rurais, em aldeias e lugares com uma população muito envelhecida e com as gerações mais novas a viverem na cidade ou fora do concelho", observou a autarca, tendo referido que, a acontecer assim, será necessário um investimento de "muitos milhões".

Segundo Maria do Céu Albuquerque, tal possibilidade "ainda não foi possível quantificar", tendo, no entanto, afirmado estar a falar de "muitos milhões de euros que serão necessários para criar as faixas de proteção às aldeias, às casas e às estradas", um cenário que afirmou ser "impossível à autarquia, sozinha, de assegurar".

O trabalho desenvolvido na aldeia de Vale de Açor, a primeira ação no terreno em termos de sensibilização e demonstração, "foi um pequeno exemplo do que tem de ser feito", envolvendo os serviços da autarquia, a junta de freguesia, sapadores, bombeiros, exército, escuteiros e cidadãos.

"Temos para nós que, no final, é a Câmara que vai ter de se substituir aos privados e de garantir a segurança das nossas aldeias e lugares", disse ainda a presidente da Câmara de Abrantes, tendo reiterado o objetivo de limpeza geral da floresta até ao mês de março.

A Gestão de Combustíveis (limpeza), numa faixa não inferior a 50 metros, medida a partir da alvenaria exterior dos edifícios, nos terrenos ocupados com floresta e mato, é obrigatória e compete ao seu proprietário a execução das operações de limpeza, este ano até ao dia 15 de março de 2018, de acordo com estipulado no Orçamento de Estado para 2018.

Lusa

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