A situação continua muito preocupante no incêndio que lavra no concelho de Mação, desde a madrugada da passada segunda-feira.
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal, afirmou, ao início da tarde desta quarta-feira, que “a situação ao contrário do que acontecia há horas atrás piorou ligeiramente. Há algumas frentes de fogo que reacenderam. Não estão controladas, vamos ver a sua evolução”.
No total, contabilizou Vasco Estrela, foram retiradas cerca de 200 pessoas nos últimos dois dias das suas casas: “No total tivemos mais de 200 pessoas evacuadas para a Santa Casa da Misericórdia de Mação, pessoas que estavam na freguesia de Envendos, de Cardigos” e de outras aldeias do concelho.
Ao que a Antena Livre apurou no local o incêndio aproxima-se das localidades de Pereiro e Casas da Ribeira.
“Estamos a gerir minuto a minuto. Já tivemos mais três reacendimentos que não estavam previstos na zona de Carvoeiro”, acrescentou o presidente.
Vasco Estrela mantém a preocupação de que o incêndio - que mantém três focos ativos, dois deles perto da sede do município - possa atingir a vila de Mação.
O presidente disse que uma das frentes de fogo "está a dois, três quilómetros, em linha reta" da sede do concelho e que as chamas, nessa frente, estão a tomar um percurso idêntico ao do incêndio de 2003, um dos mais gravosos desse ano.
Um outro foco que preocupa os bombeiros situa-se na zona do parque eólico de Brejo, onde, de acordo com o autarca, as chamas lavram "com grande intensidade" e as autoridades estão a preparar a eventualidade de evacuar a Aldeia de Eiras.
No entanto, Vasco Estrela sublinhou que "está longe de haver risco iminente" para a população de Eiras e que uma eventual evacuação da povoação se justifica "para prevenir que alguma coisa de mal possa acontecer".
Vasco Estrela voltou ainda a insistir na necessidade das autoridades, nomeadamente "as pessoas que têm responsabilidades no despacho de meios" para o incêndio de Mação, durante os últimos dias, venham dar "as devidas explicações".
"Tenho o direito de saber os critérios que estão na base das decisões que foram tomadas ao longo das horas deste fogo. Tenho estado aqui [no posto de comando] em permanência praticamente todo o tempo, assisti a muitos procedimentos e muitas tomadas de decisão. Vou exigir em nome da população deste concelho de Mação que justifiquem decisões que foram tomadas", argumentou o autarca.
Vasco Estrela diz que quando o incêndio terminar, quer que seja feita uma avaliação dos danos causados em Mação, mas também nos concelhos da Sertã - onde o incêndio começou domingo - e Proença-a-Nova (ambos nos distritos de Castelo Branco), os meios que combateram as chamas nos três municípios, quantas localidades foram evacuadas e pessoas deslocalizadas, "para saber se há aqui consequências diretas ou indiretas sobre tudo o que aconteceu", frisou.
O autarca lamentou já não conseguir “perceber o que é feito, que estratégia é que pode resultar, tal é a imensidão do problema. A situação não está fácil outra vez, vamos ver como é que as coisas evoluem”.
“O estado de espirito é de uma grande tristeza sobre o que está a acontecer a este concelho, depois de tudo o que temos feito. Peço compreensão e que nos ajudem”, finalizou o presidente.
O incêndio que lavra no concelho de Mação tem origem no fogo que começou na Sertã (distrito de Castelo Branco), no domingo.
C/Lusa