Cerdeira, aldeia com mais de 300 anos, "perdida" na Serra da Lousã. A recuperação da aldeia e o projeto Home for Creativity foi o motivo que levou a que saíssemos de manhã, de autocarro, de Sardoal.
Artesãos e produtores, a convite da Câmara de Sardoal e da Tagus, foram nesta visita a Cerdeira que serviu para assinalar os 10 anos do Espaço Cá da Terra. Numa visita guiada pela aldeia, ficámos a saber que é um espaço de reunião de artistas. Aliás, foi com uma artista que tudo começou. Kerstin Thomas, nascida na Alemanha, radicou-se em Portugal e vive na Aldeia do Xisto da Cerdeira, onde, desde 1990, tem um atelier próprio. Encontrou a aldeia e fez dela "o seu sítio", o seu retiro e local de inspiração. E percebe-se porquê. Encaixada numa encosta, tem um vale aos seus pés com uma vista que nos faz suster a respiração. Influenciados por Kerstin Thomas, começaram a chegar amigos e familiares. "Adotaram" Cerdeira e resolveram começar a recuperar as casas abandonadas. Hoje em dia, os artistas são convidados a ir realizar workshops e cursos das suas artes. O alojamento, ao contrário do que se passa no resto do país, é para apoio da escola. Em primeiro lugar estão sempre as pessoas que procuram o projeto para desenvolverem e aperfeiçoarem a sua arte. Depois, e só depois, o turismo. Um conceito inverso, mas que resulta em Cerdeira.
Como a zona onde está inserida é de grande risco de incêndio, acender o forno para cozer as peças de cerâmica no verão tornou-se um desafio. Bastava um ligeiro cheiro a fumo para que os habitantes da aldeia ficassem ansiosos e preocupados. Havia que resolver essa questão para que a atividade não parasse. E a solução estava... no Japão. Um forno sem fumo tinha sido lá desenvolvido e foi ao Japão que o foram buscar. Instalado em 2015, é único na Península Ibérica e um dos poucos em todo o mundo. E assim vai permanecer pois o seu criador já faleceu e não há mais quem o faça.
Depois de vermos e visitarmos tudo, guiados por Tatiana Simões, responsável pela gestão da escola e Sérgio Alves, responsável pelas vendas, foi hora de reunir o grupo para um almoço partilhado. Preferimos o terraço à sala e foi com vista para o vale que o convívio aconteceu. De barriga bem composta (claro que na sobremesa não faltaram as tigeladas da Artelinho, de Alcaravela), era tempo de iniciarmos o regresso a Sardoal, pois ainda havia muito para ver e fazer no Centro Cultural Gil Vicente.
Entre jogos e brincadeiras, teve lugar uma “reunião” para troca de ideias e que serviu, essencialmente, para que os produtores se conhecessem melhor.
A vereadora da Câmara de Sardoal, Patrícia Rei, explicou a razão desta visita, a quem se destinou e também da importância que o Cá da Terra tem vindo a assumir no concelho.
Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, lembrou o tempo em que o espaço abriu como uma simples cafetaria e se tornou depois no Cá da Terra, um sítio que o Sardoal já não dispensa. É muito mais que uma loja de produtos endógenos, assume o autarca que começa por falar do significado do Cá da Terra ao longo dos últimos 10 anos.
Conceição Pereira, técnica coordenadora da Tagus, parceira desde o primeiro dia do Espaço Cá da Terra, faz um balanço muito positivo destes 10 anos e lembra que o funcionamento do espaço se deve ao aumento dos produtores. Dos 33 iniciais, são agora 70, 43 ligados ao artesanato, livro e afins e 27 na área da gastronomia e vinhos. Por concelhos, 31 são de Abrantes, dois de Constância e 37 do concelho de Sardoal. O volume de vendas também tem vindo a aumentar e cifra-se já no 220 mil euros, o que significa 22 mil euros por ano.
Durante o dia de quarta-feira, ficou-se também a saber que a candidatura da TAGUS está nos finalistas da categoria Prémio Promoção para Entidades Privadas do Prémio Nacional do Artesanato 2023, promovido pelo IEFP.
Conceição Pereira explicou que prémio é este, o que foi feito no âmbito desta candidatura
A candidatura passa agora para o período de votação pelo público, através da Internet, decorre até as 18 horas de dia 18 dezembro e como se pode votar na candidatura da Tagus, explicou Conceição Pereira.
Pode votar na candidatura da Tagus em https://formularios.iefp.pt/index.php/register/index?sid=868488&fbclid=IwAR34z4bXuxPBQVcTcNtkUYrkozegeGcwUhbZ4bMOe_ZIHwXlru0N0EwrczA.
No final, para encerrar o dia de aniversário, celebrou-se um Sardoal de Honra e cantaram-se os parabéns em redor do bolo.
Longa vida ao Cá da Terra.
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