A Câmara Municipal de Abrantes pretende lançar até final do mês de janeiro um novo concurso para a empreitada do Cineteatro S. Pedro. A informação foi avançada na reunião de Câmara desta terça-feira, 11 de janeiro, pelo presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos.
À Antena Livre, o autarca confirmou que “queremos lançar o concurso até final deste mês”, relembrando que já houve um primeiro concurso que ficou deserto. O aumento dos custos de materiais, “com valores altamente inflacionados” levou a que “o valor que tínhamos de orçamento para essa intervenção no Cineteatro S. Pedro, não despertou o interesse de nenhum concorrente”.
Neste momento, “o valor está a ser trabalhado e atualizado e obviamente que vamos ter um valor muito superior àquele que inicialmente estava previsto”, que era de 1 milhão e 700 mil euros.
O presidente da Câmara não quis avançar com um valor em concreto, afirmando apenas que “subirá de forma substancial”. A Antena Livre sabe que a empreitada que irá ser lançada vai superar os 2 milhões de euros.
Manuel Jorge Valamatos adiantou que esta “é mais uma despesa que ficará alicerçada em boa tarde pelos fundos comunitários” e que a candidatura terá também que ser “ajustada” para “perceber qual é a percentagem de apoio comunitário que vamos ter para o Cineteatro S. Pedro e depois perceber qual a componente da responsabilidade da Autarquia, desejando que esse peso seja o menor possível”.
É desejo do Executivo que a empreitada avance pois “é muito importante”, visto que “o Cineteatro S. Pedro não é apenas para a cidade e para o concelho pois desempenha um papel relevante do ponto de vista cultural na região”.
Referindo que “o cinema também está associado a essa ação cultural, o que nós queremos é ter o Cineteatro requalificado o mais rápido possível para também poder exercer essa função”.
Uma sala de cinema em Abrantes
Ora, a informação do lançamento da nova empreitada do Cineteatro S. Pedro surgiu na sequência de uma questão do vereador Vasco Damas, do movimento AlternativaCom, acerca da inexistência de uma sala de cinema em Abrantes.
Recordou o vereador que, numa ata de 7 de julho de 2020, o presidente da Câmara afirmou que “Abrantes não fica sem sala de cinema”. Vasco Damas avançou ainda com a informação prestada na altura de que “havia um contrato de arrendamento mas que a entidade bancária propôs um preço muito fora do enquadramento”. Quanto à sala de cinema, disse que “a Autarquia continua em negociação com a entidade bancária para encontrar uma solução mas que existem outras possibilidades para salas de cinema com custos menores”. O vereador questionou então o presidente da Câmara “porque razão continuam os abrantinos a não dispor de uma sala de cinema, sendo obrigados a deslocar-se ao Sardoal ou a outros concelhos e o que falta para cumprir a promessa feita há alguns meses de que Abrantes não fica sem sala de cinema”.
À Antena Livre, Manuel Jorge Valamatos explicou depois a situação do Edifício Milenium que “tinha um proprietário, entretanto essa empresa faliu e a Caixa Geral de Depósitos assumiu a pertença do imóvel que fica numa zona estratégica para nós e com uma dinâmica interessante”.
Contudo, “com os valores que nos foram apresentados, não houve a possibilidade de negociar um arrendamento nem um aluguer mensal foi permitido”. O que foi proposto à Câmara de Abrantes por parte da CGD, apenas interessada na venda do imóvel, foi “um valor extremamente elevado, de muito mais de meio milhão de euros, e nós entendemos que não fazia sentido. Os valores estavam completamente desajustados com a nossa realidade e com o valor real do espaço”.
Procurar outras soluções para ter uma sala de cinema na cidade de Abrantes é a intenção do Executivo socialista. Manuel Jorge Valamatos afirmou que “o Cineteatro S. Pedro terá a resposta de cinema mas temos em vista outras oportunidades, nomeadamente, a requalificação do antigo mercado em multiusos, com a possibilidade de poder ter aí, eventualmente, cinema comercial”.
“Mas há outras oportunidades”, referiu o presidente, que falou ainda do MAC - Museu de Arte Contemporânea Charters de Almeida “que está em fase de conclusão” e vai ser instalado instalar no Edifício Carneiro, junto ao Castelo.
O Edifício Carneiro “tem um auditório que pode ser uma oportunidade para algum tipo de cinema”. Essa é uma ideia “que vamos tentar perceber e interpretar da melhor maneira para criar as melhores condições para que possamos voltar a ter cinema. Mas outras propostas e outros entendimentos poderão surgir nos próximos tempos”.
Com o Edifício Carneiro como uma possibilidade de sala de cinema, levantou-se a questão de o Cineclube de Abrantes poder regressar à cidade. O Cineclube funcionava naquele mesmo edifício mas, por razão das obras, teve que abandonar o espaço e está atualmente em atividade no concelho de Sardoal. Manuel Jorge Valamatos começou por dizer que uma coisa não tem a ver com a outra e relembrou que “tivemos a sede dessa Associação durante muito tempo nas nossas instalações”. No entanto, não descartou a hipótese e afirmou que “se um dia criarmos condições e se o Cineclube entender que tem boas razões para poder voltar, cá estaremos para olhar para essa situação”.