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Abrantes: Abrantes: Proposta do PSD sobre antigo Mercado Diário chumbada por maioria socialista

2/11/2021 às 18:17

Foi chumbada por maioria a proposta que o vereador do PSD fez à Câmara de Abrantes relativa ao antigo Mercado Diário para a “suspensão do processo de adjudicação da obra, que o mercado seja requalificado de forma a recuperar a função de mercado diário, ou seja, de praça, e que seja iniciado o processo de construção do pavilhão multiusos de Abrantes”.

A proposta tinha sido apresentada na reunião do Executivo de dia 19 de outubro e o vereador social-democrata disse que “por muito que o Sr. Presidente diga que em vez de criticar, os críticos devem é de ir comprar ao mercado diário e que Abrantes tem um mercado a funcionar, a verdade é que o atual mercado não tem a expressão na transação de bens inerentes à sua atividade, tendo em conta o investimento ali feito e o movimento esperado para uma cidade com a dimensão da nossa”.

Segundo Vítor Moura, “a conceção do projeto daquele mercado provoca o esfriamento do ambiente humano ao implicar a dispersão de vendedores e compradores por vários pisos, agravando ainda mais o desinteresse do público pela sua utilização num cenário de praticamente deserto. O edifício em questão, quer pela sua localização, quer pela sua composição interior, é passível de reconversão para outras finalidades”.

Para o vereador do PSD, “os abrantinos continuam a reclamar a requalificação do antigo mercado diário, conhecido como “praça”, o que, atendendo à concorrência desigual dos hipermercados dos nossos dias, exige uma solução que ofereça além da comercialização de bens alimentares típicos dos mercados municipais, espaços para cafetaria e restauração, promoção de produtos locais de diversa natureza, eventos representativos da identidade municipal, etc. e todas as valências interligadas num único piso, de forma a estimular o sentimento de grupo e de pertença para os abrantinos e de atração aos turistas”.

Vítor Moura defende que “a reconversão da «praça» em edifício multiusos, de acordo com o projeto agora apresentado, desvirtua totalmente quer pelo estilo, quer pela volumetria, o edifício emblemático com o qual várias gerações se acostumaram e não querem perder e sobretudo porque o espaço de multiusos agora proposto, quer pelas suas dimensões, quer pelas finalidades descritas na sua apresentação, de modo algum servem os interesses de um município com a dimensão de Abrantes”. Ainda nas palavras do vereador, “Abrantes precisa, merece e já deveria ter, como têm tantas cidades da dimensão da nossa, um verdadeiro multiusos com capacidade para grandes eventos desportivos, culturais, sociais ou económicos, e ainda que a futura requalificação do cineteatro S. Pedro, pela sua localização (falta de estacionamento e acesso a veículos pesados e articulados) e dimensão (reduzida capacidade de espetadores), não responde a eventos culturais com produção de grande dimensão (concertos musicais de artistas ou bandas, companhias de teatro ou de dança, etc)”.

A proposta apresentada pelo vereador Vítor Moura defendia então a suspensão do processo de adjudicação da obra da reconversão do antigo mercado diário em multiusos; que fosse requalificado o dito mercado de forma a recuperar a função de mercado diário “praça” e que fosse ainda iniciado o processo de construção do pavilhão multiusos de Abrantes.

Com os votos favoráveis de PSD e ALTERNATIVAcom, a proposta foi no entanto chumbada pela maioria socialista.

 

Uma esmagadora maioria sufragou o programa eleitoral do Partido Socialista”

Em Declaração de Voto, o presidente da Câmara Municipal começou por referir que “os eleitos do Partido Socialista discordam totalmente daquilo que é proposto pelo sr. vereador eleito pelo PSD” e lembrou que “a intenção do Partido Socialista,

relativamente ao destino a dar ao antigo Mercado Diário, é do conhecimento dos abrantinos. No passado dia 26 de setembro, uma esmagadora maioria sufragou o programa eleitoral do Partido Socialista, que refere precisamente: instalar o Pavilhão Multiusos de Abrantes no antigo Mercado Municipal”.

Manuel Jorge Valamatos rebateu depois as propostas de Vítor Moura afirmando que “temos que ser rigorosos e verdadeiros nas abordagens políticas que fazemos, e aqui, permitam-nos dizer, o rigor e a verdade da proposta apresentada pelo vereador eleito pelo PSD estão muito distantes da realidade”.

Explicou que, relativamente à suspensão do processo de adjudicação da obra da reconversão do antigo mercado diário em multiusos, “não há atualmente nenhum processo de adjudicação da obra em curso. Aquilo que houve foi um anúncio aqui em reunião de Câmara, no final de junho, do projeto vencedor do concurso público

internacional que levámos a cabo para a reconversão em Multiusos do antigo edifício do Mercado Municipal de Abrantes, cuja proposta foi apresentada pela dupla de arquitetos José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano. O projeto ainda não se encontra adjudicado, que é o que pretendemos vir a fazer, quanto mais falar em adjudicações da obra. E quando o tivermos, não é obrigatório do ponto de vista legal, mas todos sabem que assumimos o compromisso político de o apresentar aos órgãos autárquicos: Câmara Municipal e Assembleia Municipal”.

Quanto ao regresso da praça ao edifício do antigo mercado, a maioria PS no Executivo discorda, “obviamente, por duas razões: 1) temos um mercado a funcionar, que queremos mais dinâmico naturalmente, quer do lado dos vendedores quer dos compradores e para isso estamos a trabalhar com a TAGUS-RI no sentido de criar um plano a médio-longo prazo que permita criar com os produtores locais uma excelente rede local de abastecimento, ajustada naturalmente aos dias de hoje; 2) “cai logo à cabeça” pela razão anterior, mas também pelo facto do que queremos mesmo naquele local, com toda a confiança, é o Multiusos de Abrantes”.

Já no que diz respeito ao início do processo de construção do pavilhão multiusos, para o PS, “o processo que vai levar à construção do pavilhão Multiusos já se iniciou, pelos factos já referidos. Pois, bem percebemos que não é o processo que os senhores eventualmente faziam, mas isso é a democracia a funcionar, e não conseguimos ter tudo em todo o lado e ao mesmo tempo, pois na «vida real» os recursos, quer sejam financeiros, materiais ou humanos, são limitados”.

 

Vamos gastar 5ME e não vamos ter nem pavilhão nem mercado”

Chumbada a proposta do vereador do PSD, Vítor Moura acrescentou no final que “daqui a algum tempo, pode até ser no último ano do nosso mandato, faremos a análise desta minha proposta e da apreciação feita pelo Executivo”.

“Nesse dia, o que eu vaticino”, acrescentou Vítor Moura, “é que com esta... não lhe chamava brincadeira porque as coisas são sérias, mas com esta história dos Executivos socialistas terem tomado estas decisões sobre o Mercado Diário, nós todos arranjámos um bolo de 5 milhões de euros”.

O vereador social-democrata explicou que com “cerca de 500 mil euros” se teria impedido, na altura, o fecho definitivo por parte da ASAE e que, entretanto, já se gastou “1,5 milhões de euros no novo Mercado que está a funcionar há algum tempo e vamos agora arranjar 2,7 ou 2,8 milhões, que é a base de licitação prevista (…) mais IVA, hão-de ser 3 milhões e muitos euros o custo daquilo que o Executivo socialista chama de novo Multiusos de Abrantes”.

Vítor Moura deixou ainda “uma quase garantia aos abrantinos” de que “quando se aproximar o final do nosso mandato, eu quero vir aqui de novo denunciar que Abrantes não tem mercado nenhum porque o velho não vai ser requalificado e o novo nunca será o mercado que Abrantes precisa. E, por outro lado, Abrantes continuará sem ter o pavilhão multiusos. Portanto, vamos gastar os 5 milhões de euros e não vamos ter nem pavilhão verdadeiro e nem vamos ter mercado”.

 

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