Inserido no programa das Jornadas da Educação de Abrantes, a Escola Básica de Bemposta, no concelho de Abrantes, acolheu na manhã desta quinta-feira, 7 de abril, a apresentação em contexto real de sala de aula do projeto T_CODE onde os alunos do 4º ano mostraram o trabalho desenvolvido ao nível dos saberes digitais, nomeadamente em automação e programação feita em computador.
Um mapa de grandes dimensões feito em papel de cenário pelos alunos e professores, que representa a localidade de Bemposta, e que tem um percurso que os carros irão conseguir ler através de discos que giram e que permitem que o carro vá na direção que se quer foi o trabalho apresentado por um conjunto de alunos motivados da Escola de Bemposta no âmbito do T_CODE.
Projeto único no país, o T_CODE está presente nas escolas do concelho de Abrantes desde 2018 onde ensina programação aos alunos com 8 ou mais anos de idade, em ambiente descontraído e de diversão, desenvolvendo nas crianças um conjunto de competências úteis para a vida escolar e profissional como a criatividade, a resolução de problemas, colaboração e partilha.
E o projeto é desenvolvido durante as disciplinas lecionadas pelos professores. No caso de Bemposta, o projeto T_CODE está integrado na disciplina de matemática e uma hora por semana, os alunos recebem a visita dos técnicos do Tagusvalley – Parque de Ciência e Tecnologia que estão a dinamizar o projeto nas escolas. “Esta é uma forma de ensinar que alia a parte lúdica, à parte tecnológica e digital”, descreve o professor António Tomás que salienta o papel importante deste projeto no ensino das matérias de uma forma lúdica.
Na Escola Básica de Bemposta, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, começou por agradecer aos professores e funcionários da escola e ao Parque de Ciência e Tecnologia por “se dedicarem a esta causa muito nobre que é o ensino e que é o futuro” e salientou que “esta questão da programação relacionada com os conteúdos da escola, é extraordinária, isto é o futuro e este projeto é um excelente exemplo de como a escola precisa de se adaptar aos novos tempos”.
Neste ano letivo, além da programação, o T_CODE abrange um programa mais alargado de robótica, o que é uma novidade em relação ao ano anterior, e está a desenvolver também a aplicação do digital às artes plásticas, com a realização de trabalhos que implicam a fabricação de recursos, como é o caso das tochas do Minecraft, sendo apoiados por monitores e professores.
O coordenador do projeto, Homero Cardoso, disse que a abordagem “T_CODE + Tecnologia + Educação + Cidadania” assenta num projeto que “ensina programação aos alunos em ambiente descontraído e de diversão, desenvolvendo nas crianças um conjunto de competências úteis para a vida escolar e profissional como a criatividade, resolução de problemas, colaboração e partilha e, por outro lado, o desejo e a capacidade de produzir conteúdos digitais”.
Nesse sentido, frisou, “é um programa de apropriação” da tecnologia.
“A lógica é que os alunos sejam capazes, através do programa, de conseguir criar conteúdos e conseguir apropriar-se da forma como a tecnologia pode ser usada para criar esses conteúdos, que é uma posição muito diferente daquela a que eles estão habituados, que é a de consumir alguma coisa que nos é apresentado ou que encontramos. A lógica do T-code é mais essa, é criar as condições para que eles consigam hoje e amanhã ter a experiência de criar alguma coisa, que é deles e que foi feita por eles, usando um recurso que é a tecnologia”, afirmou.
Para a Câmara de Abrantes, “as competências adquiridas pelos alunos envolvidos neste projeto, nomeadamente a capacidade de pensamento crítico, têm-se revelado positivamente no desempenho em disciplinas como a Matemática e o Português”, mais valias que foram também realçadas pelo professor António Tomás, da Escola Básica de Bemposta, dando conta que esta “é uma formação de alto nível” para as crianças.
“No ano passado começaram a entender a lógica da programação, começaram a fazer pequenas rotinas de programação com o software Scratch, que é um software criado especialmente para crianças, e este ano deram mais este passo, que para elas foi um passo de gigante, porque passaram a aplicar essas pequenas rotinas de programação robótica”, com a criação de pequenos robôs.
O professor, que destacou a “excelente” recetividade dos alunos ao projeto, deu ainda conta da importância do domínio destas ferramentas para o futuro dos jovens estudantes.
“Estas crianças vão trabalhar seguramente em empregos que nós não imaginamos, mas onde este tipo de conhecimento, este tipo de tecnologias, vão estar presentes, portanto estas referências valem ouro”, concluiu.
O projeto T_CODE é dirigido por cinco técnicos do Tagusvalley e envolve as 27 turmas do 3º e 4º ano de escolaridade do concelho de Abrantes, num universo de cerca de 430 alunos e 30 professores, aos quais se juntaram, no presente ano letivo, 14 turmas do 5º ano (cerca de 250 alunos e 11 professores) e a três turmas do 10º ano (60 alunos e uma professora) .
Financiado exclusivamente pelo orçamento da Câmara Municipal, o projeto T_CODE é resultado de uma parceria entre o Município, Tagusvalley e Fundação Raspberry Pi, sediado na Grã-Bretanha.
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C/ Lusa
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