Um Maço de Calafate e estopa é a Peça do mês em destaque, neste mês de maio, no Museu dos Rios e das Artes Marítimas, em Constância, uma peça do início do XX, que foi adquirida pelo município em 1998.
Segundo Hermínio Bento, antigo marítimo de Constância, os calafates a montante de Vila Franca de Xira, ou seja, nos pequenos estaleiros do rio Tejo, construíam as embarcações e eram responsáveis pelas diferentes fases da construção. A jusante de Vila Franca, ou seja, nos estaleiros maiores do Tejo, os calafates eram operários especializados unicamente na calafetagem, pois além deles existiam outros operários como o mestre de velas, o carpinteiro naval e o pintor.
O maço de calafate era uma ferramenta essencial para o calafate e por isso muito importante num estaleiro, onde era utilizado para vedar com estopa a embarcação. Depois desta estar calafetada, passava-se o breu (mistura de resina e alcatrão) no costado para proteger a madeira e a estopa do apodrecimento, causado pelo contacto com a água.
Comprava-se a estopa em bruto e antes da sua utilização era torcida e ia-se ligando uma à outra, fazendo um rolo que, com a ajuda de um maço e de um ferro, se ia introduzindo e comprimindo muito bem nas costuras e juntas das tábuas para garantir a impermeabilização da embarcação.
O som produzido pelo maço a bater no ferro, durante o trabalho, ouvia-se ao longe e sabia-se pelo cantar se a estopa estava a ser bem metida. Também pelo cantar sabia o patrão se o empregado estava a trabalhar ou a descansar.
O mês de maio assinala a quinta edição desta iniciativa do Museu dos Rios e das Artes Marítimas, a qual tem como objetivo divulgar e preservar diversos elementos patrimoniais do concelho de Constância.
A Peça do mês está exposta numa das salas do museu, onde pode ser apreciada e a sua divulgação é efetuada através das páginas de Facebook do Museu dos Rios e das Artes Marítimas e do Município de Constância.