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Empresa Tejo Ambiente contestada em Sardoal e Mação (C/ ÁUDIO)

4/11/2020 às 18:25

Em Sardoal, faturas da água com valores “incompreensíveis” levam Executivo a pedir explicações...

Em Sardoal, os valores das faturas da água que têm aparecido em casa dos munícipes têm gerado estupefação, indignação e a muita contestação. Valores “incompreensíveis” de tão altos ou tão baixos que são, a “tarifário completamente desajustados” e que levaram o presidente da Câmara a considerar a situação como “um disparate” e está “à espera que alguém me explique as razões porque estas situações estão a acontecer”.
Miguel Borges afirmou também que “tem que haver consequências” e que já solicitou à presidente do Conselho de Administração e aos administradores da Tejo Ambiente “uma explicação para tudo isto”.
À Antena Livre, o autarca confirmou que “há situações que não estão a correr muito bem e considero que há questões que têm que ser esclarecidas para que se perceba o que se está a passar, concretamente, com a faturação”.
Miguel Borges avançou que “a faturação que está a chegar aos nossos munícipes pressupõe, eventualmente, a acumulação de vários meses. Ou seja, há aqui um trabalho que deveria ter sido feito e não foi e entramos em valores muito altos que podem ir dos 200 aos 900 e até a mil euros”. Para o presidente da Câmara de Sardoal, esta situação tem que ser apurada porque “as pessoas têm os seus rendimentos e fazem a gestão do orçamento familiar pelos compromissos que têm, portanto, não podem ter esta surpresa”.
A quantidade de casos faz Miguel Borges afirmar que “há aqui algo de anormal e há que perceber qual é a anormalidade de todo este processo. Se alguém falhou neste processo, é óbvio que têm que haver consequências mas não podem ser os munícipes a serem prejudicados desta forma”.
Para o presidente, “há aqui muitas questões que se põem” e levantou dúvidas “na passagem de escalões”. Miguel Borges especificou depois, dizendo que “se aquilo que era para ser contado em três ou quatro meses, se é contabilizado num mês só, a leitura dos sucessivos escalões não é real. Passa a haver um consumo concentrado que, em muitos casos, nunca atingiria o quarto escalão como agora atinge”.
O autarca também disse ter conhecimento de um caso concreto em que a leitura era, supostamente, real “mas teve tudo menos ser real”. Acrescentou que do compromisso de quem devia “fazer estas leituras, o mais certo é não tê-lo feito ou então não o fez com o profissionalismo com que devia ter feito”.
“Eu não descarto, de modo algum, as responsabilidades da Câmara Municipal de Sardoal como acionista” da Tejo Ambiente mas, adianta, “uma coisa é certa: é preciso que as pessoas percebam que no modelo organizacional e de gestão da água e dos resíduos sólidos urbanos e domésticos, em termos legais, esta gestão não podia continuar como o fazíamos até aqui. Precisamos de renovar as nossas ETAR's e o nosso sistema e só o conseguíamos com financiamento comunitário. Para isso,. Tem que haver escala, tem que haver dimensão que o Município de Sardoal, só por si, não tem”.
Entre o deve e o haver quanto ao que à Tejo Ambiente diz respeito, para Miguel Borges “o que era suposto era que houvesse uma clara mais valia, uma clara vantagem. O que não era suposto era as coisas estarem a correr como estão”. No entanto, o autarca acredita que “essa qualidade e essa vantagem ainda vai surgir”, apesar de reconhecer que “está a tardar”.
Questionado se tem conhecimento acerca de qual vai ser o procedimento da empresa em relação ao recebimento dos valores em dívida, Miguel Borges assumiu ainda não saber e mais uma vez disse “estar à espera que a empresa Tejo Ambiente faça um comunicado e explique às pessoas se há plano de pagamento ou mesmo se poderá haver um pagamento faseado de faturas”.
Mas, acrescenta, “é preciso saber primeiro se o valor é real”.
Miguel Borges aguarda agora pela explicação da administração da empresa intermunicipal Tejo Ambiente, que entrou em funcionamento no dia 1 de julho.


… e em Mação, valor da fatura da água leva a descontentamento comum entre munícipes e Município

A fatura da água subiu consideravelmente também no concelho de Mação. Nada que não fosse expetável e avisado a partir do momento em que o Município integrou a empresa intermunicipal Tejo Ambiente. Com o desagrado dos munícipes, que durante anos pagaram “uma tarifa extremamente baixa”, vem agora também o desagrado do Município por “nem tudo estar a correr da forma prevista”.
O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, deu conta na reunião do Executivo que “é um facto – e não há outra forma de o dizer – que as coisas nem sempre estão a correr da forma que nós gostaríamos”. Referindo-se à situação vivida no concelho desde que o Município integrou a empresa Tejo Ambiente, o autarca reconheceu que “de facto, têm havido algumas reclamações, mais no Facebook do que na Câmara, mas as redes sociais são hoje uma forma de as pessoas mostrarem o seu descontentamento”.
Vasco Estrela explicou que, no concelho de Mação, “tem havido um conjunto de situações que têm sido reportadas a quem de direito na Tejo Ambiente. Eu também faço parte dos Órgãos Sociais da empresa e apesar de não estar na parte executiva, não estou a fugir à minha responsabilidade”. As reclamações prendem-se com a recolha dos resíduos sólidos urbanos, com “os rombos de água que obrigam a intervenções no pavimento” e onde não tem sido reposto o alcatrão ou as pedras “em devido tempo, como era previsto”. Também a fatura da água tem gerado descontentamentos, “nomeadamente a do mês de agosto, fruto de ter havido estimativas a reportar aos meses de abril e maio e não do mês homólogo do ano anterior. Isso fez com que houvesse faturas de valores exorbitantes, de centenas de euros”. O presidente adiantou que “isto também reflete o aumento do tarifário” pois, em Mação, “a tarifa era extraordinariamente baixa, comparativamente com outros concelhos”. Dependendo dos escalões, “estamos a falar de aumentos de 30%, 40%, 50%, o que são valores muito altos”.
“Tudo isto somado, tem criado aqui no nosso concelho muito ruído, alguma indignação, revolta por parte das pessoas… porque ninguém gosta de estar a pagar mais e, ao mesmo tempo, estar a perceber que o serviço que está a ser pago não tem retorno”, esclareceu. Vasco Estrela comentou ainda o facto de que “até ao momento não foi possível à empresa realizar qualquer investimento, nem há previsão para quando possa começar a ser concretizado no nosso concelho, ao contrário do que já aconteceu em outros concelhos da Tejo Ambiente”, explicando que isso se fica a dever com “decisões estratégicas por parte da empresa”.
Sendo Mação o município que “mais problemas tem em termos de gestão da água, há situações que não estão a correr da forma que era previsível mas ainda estamos na fase de darmos o benefício da dúvida. A empresa começou em junho, tem quatro meses, sabemos a dificuldade que é montar uma coisas destas a partir do zero, sabemos a dispersão geográfica que a empresa tem e sabemos do contravapor que existe no nosso território quanto à empresa”.
No entanto, e relembrando o facto de ser presidente da Assembleia Municipal da Tejo Ambiente, como presidente da Câmara Municipal de Mação “compete-me defender os interesses de Mação e dos munícipes deste concelho”. Vasco Estrela confessou continuar “convencido de que Mação não tinha outra alternativa se não a adesão à Tejo Ambiente” mas adiantou que “se Mação não tinha, outros municípios também não tinham”.
“Os negócios para serem bons, têm que ser bons para todos”. Portanto, “todos temos que ganhar alguma coisa”, disse Vasco Estrela, apelando a que se seja “equitativo na distribuição daquilo que são os prejuízos e principalmente naquilo que são os benefícios” e falando de solidariedade entre municípios.

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