São 41 obras de 24 artistas que integram a Coleção de Arte Contemporânea Figueiredo Ribeiro que podem ser apreciadas até 19 de novembro. É uma exposição com curadoria de João Silvério que entrou na coleção de arte de Fernando Figueiredo Ribeiro e escolheu as que estão disponíveis nas duas salas do primeiro piso do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA).
Na folha de sala desta exposição podemos ler a explicação do curador, João Silvério. “A exposição concentra a sua escolha sobre núcleos seriais, ou conjuntos de obras, que radicam numa lógica de continuidade de trabalho dos artistas que a Coleção acompanhou e que reforçam a sua presença, e a dos processos diversificados da sua prática, no acervo.”
João Silvério já é repetente na escolha de peças para uma exposição no MIAA. De certa forma já conhece, bem, os espaços e “mergulhou” nas mais de duas mil peças que o colecionador tem protocoladas com o Município de Abrantes para escolher estes “arquivos” do “acervo”.
Na mesma folha de sala o curador explica as duas salas que “são diferenciadas em termos de dimensão e de solução arquitetónica, apresentando-se obras de assinalável dimensão e importância histórica na sala mais pequena, em contraponto com a sala maior, onde decorre a exposição de conjuntos significativos e pouco mostrados de obras, organizados por autor, como um fragmento do arquivo que é o acervo da Coleção.”
João Silvério, curador
A inauguração, num sábado à tarde, juntou muitas pessoas que quiseram ver as peças e que foram ouvindo as explicações de João Silvério.
E foi a meio da “visita guiadas às peças” que o curador explicou que de um total de 1.600 obras escolheu estas partindo de uma ideia de grande escala. “Há fotografias com mais de 3 metros de comprimento, há obras com bonés, mas há também trabalhos sobre a paisagem de pequena e grande dimensão, há gravura e há escultura”, explicou João Silvério.
Já quanto ao nome explicou que estas obras fazem parte do acervo da coleção e o arquivo é um índice a que recorremos. “Mas também porque a Biblioteca é contígua e faz todo o sentido essa ligação literária, como metáfora.”
O curador já conhecia o Museu e já conhecia os espaços e como tal tanto a biblioteca como a coleção têm acervo e arquivo, por isso foi fazer um trocadilho.
João Silvério, curador
A inauguração desta exposição contou com a presença de Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, que destacou esta parceria entre um museu público e um colecionador privado. É uma aposta na cultura num museu que integra uma rede que vai ser, brevemente, alargada com o Museu de Arte Contemporânea Charter’s de Almeida.
Mas o autarca destacou a presença de Abrantes na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) no início do mês onde foi promover o MIAA, embora integrado nos dias do Médio Tejo no Espaço da Turismo Centro de Portugal.
Manuel Jorge Valamatos deixou no discurso indícios que o Município pode estar a preparar-se para em 2024 poder avançar para o maior evento de turismo do país com espaço próprio e onde o MIAA e a rede Museus de Abrantes poderão ser os protagonistas.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
Foto CMA
Fernando Figueiredo Ribeiro, é um economista ligado ao mundo da alta finança e tem duas paixões a arte e o Benfica.
Fernando Figueiredo Ribeiro, começou a colecionar trabalhos em pintura, desenho, escultura e fotografia cujas escolhas, segundo o próprio obedece a 3 pilares: o gosto, as dimensões [têm de ser obras com as quais poderia viver] e as técnicas.
A 4 de junho de 2016 assinou um contrato com o Município de Abrantes no qual disponibiliza cerca de duas mil obras para exposições na cidade. Trata-se de um vínculo de dez anos que poderá ser renovado.
Fernando Figueiredo Ribeiro esteve na inauguração desta exposição e à Antena Livre disse que “o colecionador junta das peças” e acrescentou que o mostrar as peças é também uma especialidade que cada a cada curador. E a cada nova exposição “é sempre uma alegria e um prazer ver as peças, que são todas de artistas que eu gosto.”
Fernando Figueiredo Ribeiro revelou que a cada nova exposição encontra uma maneira diferente de ver as peças que conhece, pois, as escolhas, as ligações entre elas são sempre diferentes, de acordo com o curador.
O colecionar explica que quando há uma nova exposição sabe quais são as peças escolhidas e só vê a exposição quando esta está toda montada. Mas tem o privilégio de as ver antes do dia da abertura ao público porque “durante a montagem da exposição não tenho qualquer participação. Isto (exposição) obedece a uma lógica que é a lógica deles (curadores) e para mim, é sempre uma novidade.”
Fernando Figueiredo Ribeiro, colecionador de Arte
A ligação entre o Município de Abrantes e o colecionador Fernando Figueiredo Ribeiro começou em 2016 com um protocolo de 1.300 obras de arte com exposições na galeria qARTEl e o acordo cresceu para cerca de 2 mil.
“Do arquivo do Acervo” da Coleção Figueiredo Ribeiro conta com obras de Alberto Carneiro, Albuquerque Mendes, Alexandre Baptista, Ana Caetano, Ana Jotta, Ana Manso, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Ângela Ferreira, Carla Cabanas, Carla Rebelo, Carlos Alberto Correia, Constança Arouca, Domingos Rego, Edgar Massul, Fátima Frade Reis, Fernão Cruz, Isabel Baraona, João Tabarra, Julião Sarmento, Nuno Nunes-Ferreira, Susana Mendes Silva, Tiago Alexandre, Vasco Araújo.
Galeria de Imagens