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Abrantes: Feira de S. Matias regressa com a roda gigante, atividades económicas e concertos (c/fotos e áudio)

18/02/2023 às 11:11

São vários os registos da existência da Feira de S. Matias em Abrantes, pode ter começado no século XIV ou século XVI, noutros termos. Mas a Feira de S. Matias é, todos os anos, a primeira do país, o que para muitos feirantes representa o arranque da época.

Em Abrantes a Feira já passou por muitos locais. As memórias lançam-nos para o Largo da Feira, atual Largo 1.º de maio que entrou em obras para ter alcatrão e “empurrou” a Feira para a encosta do Convento de S. Domingos. Anos depois estes “pisos” da encosta transformaram-se num parque de estacionamento e levaram a Feira para a zona do Barro Vermelho, espalhando os feirantes pelo antigo campo de futebol e zona envolvente ao Centro Coordenador de Transportes. Esta localização teve um dia marcante pela negativa. Foi ali que aconteceu a morte de uma cidadã que de divertia num dos carroceis, na década de 90, do século passado.

Depois a Feira de S. Matias ainda passou pelo espaço envolvente ao Tagusvalley, em Alferrarede, e atravessou o rio para, provisoriamente, se colocar ao longo do rio Tejo.

E quando tudo parecia resolvido para a Feira ocupar nestas três semanas do ano o seu local definitivo, o parque de estacionamento da Tapada do Fontinha, em Abrantes, local que acolhe todas as segundas-feiras o mercado semanal, os feirantes, quase em uníssono, disseram que o local não era o mais adequado.

Foi na reunião do executivo municipal de 21 de janeiro de 2020 que o presidente da Câmara anunciou que a Feira iria ficar em definitivo em Rossio ao Sul do Tejo. “Em primeiro lugar porque os feirantes desejam que assim seja”, começou por justificar o presidente da Câmara, adiantando que os feirantes consideram que “no Vale da Fontinha ficam as coisas muito em cima das outras, ficam com fragilidades no que diz respeito à dispersão”.

Recorde-se que a edição da Feira de 2018 chegou a ter um cartaz a “mostrar” o futuro local para a sua instalação.E foi para a marginal de Rossio ao Sul do Tejo que a autarquia começou a canalizar esforços de melhoria do local para a instalação dos feirantes que, aqui vivem durante quase um mês, pois a feira funciona todos os dias.

Bem certo que o fulgor comercial de outros tempos não é o mesmo, as sociedades mudam e os cidadãos hoje não esperam por fevereiro para vir a Abrantes “construir” o enxoval dos filhos ou filhas para o casamento ou têm todas as necessidades satisfeitas nos múltiplos espaços comerciais que pululam em todo o lado. Acresce ainda a facilidade de deslocação que nos permite ter uma mobilidade de ir em busca das nossas necessidades que não havia nos anos50 ou 60 quando as pessoas das aldeias à volta da cidade chegavam a vir a pé para “enfeirar”.

Neste sentido a Feira começou a ganhar contornos de local de divertimento com uma aposta nos carroceis e espaços de comida, como o pão com chouriço, pipocas ou farturas.

Nos dois anos anteriores a Feira contou já, aos fins de semana, com momentos de animação de rua. Mas este ano, 2023, ganhou uma novidade que poderá empurrar a Feira para outros moldes. Uma tenda gigante instalada no relvado do Hipódromo dos Mourões tem um palco que aos fins de semana receberá espetáculos, sendo que o Quim Barreiros (4 março) e o Avô Cantigas (24 fevereiro) são cabeças de cartaz, mas no palco passarão depois os Cant’Abrantes (26 fevereiro), baile com a banda “Tens Cóvir” (20 de fevereiro) e as Concertinas Sons Lusitanos (19 de fevereiro). E conta ainda com espaços das associações de Abrantes. Tagus, Tagusvalley, Associação Comercial e Serviços, Associação de Agricultores e Nersant estão presentes e dinamizam atividades com promoção dos produtos locais aos fins de semana.

Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, revelou que esta mostra, os concertos e um investimento superior a 300 mil euros em infraestruturas, principalmente elétricas, criam as raízes para que a feira possa começar a crescer, nos próximos anos.

E quando questionado “crescer até onde?” o autarca aponta o polidesportivo de Rossio que pode juntar-se à Feira, com atividades, e aponta o espaço até à Fonte dos Touros, que ainda pode estender mais a Feira. Já quanto às atividades económicas este é o primeiro ano, mas o futuro poderá ditar outro tipo de apostas, sendo certo que os concertos parecem ter vindo para ficar.

E há mais uma pergunta para o autarca de Abrantes sobre a eventualidade de, mesmo em fevereiro, poder haver atividade no Tejo, como passeios de barco, aproveitando o espelho de água. A reposta de Valamatos é pronta: “passeios de barco e, porque não uma ponte pedonal [flutuante] que permitia às pessoas virem da margem norte para a Feira.”

Seja como for, até ao próximo dia 5 de março, a Feira de S. Matias está de regresso ao Aquapolis sul com as novidades da Mostra de Atividades Económicas, a presença de três novos equipamentos de diversão e um expositor de crepes/waffles na zona de produtos alimentares e bebidas.

De notar que este ano a Roda Gigante volta a estar na Feira e a marcar a paisagem de Rossio ao Sul do Tejo, durante estas semanas.

Manuel Jorge Valamatos indicou ainda que passada a pandemia e criadas as condições para os feirantes a edição de 2023 marca uma viragem porquanto voltou a ser feita a hasta pública para os feirantes, ou seja, a feira entrou nos moldes normais com os feirantes a candidatar-se aos espaços e havendo mais do que um, a entrar em leilão, se for caso disso. Desta forma a Feira garante também algumas receitas financeiras, não acarretando apenas despesa para a autarquia.

Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

A Mostra de Atividades Económicas irá funcionar às sextas-feiras, sábados e domingos com a dinamização de variadas atividades que foram definidas em função de algumas temáticas que são do interesse de todos os parceiros: Indústria e Tecnologia (17 a 19 de fevereiro); Comércio e Serviços (24 a 26 de fevereiro); Agoalimentar (3 a 5 de março); e empreendedorismo/empregabilidade que acontecerá nos três os fins de semana.

A zona de equipamentos de diversão será composta por 25 atrações, carrosséis e divertimentos, destinados ao público em geral, infantil e familiar, onde se inclui uma pista de carros de choque, três divertimentos radicais, quatro divertimentos familiares e sete equipamentos de diversão infantil. Entre as novidades, está a Pista Americana, dirigida a crianças com piscina de bolas e trampolins, e o King, equipamento de diversão radical que faz loopings, constituído por um pêndulo central oscilatório e rotativo.

A Feira de S. Matias conta com as habituais quinquilharias, cestaria e artigos em verga, cutelaria, malas, flores e plantas, têxteis, loiça, calçado, o pão com chouriço e bifanas fabricados em cozinha própria, bebidas e doçaria onde se inclui o torrão de alicante, as farturas, churros, pipocas, algodão doce, waffles e crepes recheados, fabricados ao vivo.

Na edição deste ano do certame, contamos com um total de 41 participantes dos quais 12 estão presentes na zona de venda a retalho; 16 na zona de equipamentos de diversão (infantil, familiar e radical); 11 participantes na zona de produtos alimentares e bebidas (pipocas, farturas, pão com chouriço, crepes, torrão de alicante) e dois participantes na zona de exposição e venda de máquinas e viaturas agrícolas.

A Feira de S. Matias funcionará de segunda a quinta-feira, das 14h às 23h; às sextas-feiras e sábados, entre as 12h e as 00h; e aos domingos, entre as 12h e as 23h.

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