O Fórum Ribatejo manifestou “enorme preocupação” pelas consequências do novo açude anunciado para o rio Tejo, a construir a jusante de Constância, no distrito de Santarém, pela ameaça ao património associado aos rios Zêzere e Tejo.
“O Fórum considera que, com a criação da albufeira resultante desse açude, estará seriamente ameaçado o património associado aos rios Zêzere e Tejo, traços matriciais do Ribatejo, seja na vertente imaterial das vivências sociais, culturais e religiosas das populações ribeirinhas, seja na vertente material dos territórios e das paisagens”, indicou, em comunicado, o Fórum Ribatejo, uma “plataforma de reflexão e ação sobre o Ribatejo”, criada em 2009.
Dando conta que, na sua mais recente assembleia, apreciou a prevista construção de um açude no rio Tejo, a jusante de Constância, o Fórum Ribatejo concluiu que a construção do mesmo terá implicações muito negativas em termos patrimoniais.
“Particular e danosamente atingida será a vila de Constância, cuja baixa ficará submergida, assim como será profundamente alterada a envolvente do castelo de Almourol”, pode ler-se na nota, que sublinha tratar-se de “património intimamente ligado à identidade” da região.
Se for por diante o projeto do açude, “será drasticamente afetada a histórica ligação de Constância com a confluência dos rios Zêzere e Tejo” e a vila ficará rodeada de água, submersa a sua praia fluvial e também parcialmente submersa a zona ribeirinha", releva.
“São alterações radicais que destroem património em que muito investiram quer o Estado quer as autarquias”, refere o Fórum, indicando como “previsíveis” um conjunto de “consequências negativas do ponto de vista económico, alterando as vivências da comunidade e violentando memórias ancestrais”.
Relativamente ao Castelo de Almourol, "monumento nacional com características únicas", o Fórum Ribatejo defende que “o ilhéu em que está implantado, e toda a sua envolvente, deveriam ser salvaguardados, em lugar de, com o açude, virem a ser desvirtuados, revelando pouco respeito pelas comunidades, pela nossa Cultura e pela nossa História”.
Em consequência, conclui, o Fórum Ribatejo manifesta “enorme preocupação pelas consequências do anunciado novo açude para o rio Tejo", associando-se às críticas que têm sido emitidas pelas autarquias locais, pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, bem como por diversas organizações ambientalistas e de defesa do património.
O projeto do novo açude no Tejo está integrado na estratégia “Água que Une”, recentemente apresentada pelo Governo e que inclui um total de 294 medidas.
A estratégia prevê o estudo e construção de novas barragens e de novos “empreendimentos de fins múltiplos”, entre eles o projeto de valorização agrícola dos recursos hídricos do Vale do Tejo e Oeste, que implica a constituição do Empreendimento de Fins Múltiplos do Médio Tejo, com um investimento previsto de 1.350 milhões de euros e a construção de um açude numa área denominada como Constância Norte, o que surpreendeu os autarcas da zona.
Os presidentes dos municípios do Médio Tejo afirmaram já a sua oposição à obra, alertando para os prejuízos que causaria em temos económicos, turísticos e ambientais, e defenderam a barragem do Alvito como solução.
Lusa