A manhã estava normal com os pais a deixarem as crianças Colégio Nossa Senhora de Fátima, agora Escola Básica Maria de Lourdes Pintasilgo. Antes das 09:00 nada fazia prever a movimentação que iria acontecer meia hora depois com a chegada do ministro da Educação, ministra da Agricultura e demais convidados para a inauguração desta escola que resultou de uma requalificação do estabelecimento de ensino que até 2016 era privado.
A abertura da nova escola de Abrantes aconteceu em setembro com o arranque do novo ano letivo. Depois veio o novo nome e só agora aconteceu a cerimónia oficial de inauguração.
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, chegou pouco antes dos ministros. O da Educação era óbvio e a presença da ministra da Agricultura teve a ver com arranque desta ideia. Em 2015 Maria do Céu Antunes, então presidente da Câmara de Abrantes, soube que o Colégio de Fátima iria encerrar a sua atividade. Nessa altura, como disse à Antena Livre, a autarquia tinha tudo preparado para construir um novo centro escolar no antigo campo de futebol do Barro Vermelho. Entre um novo edifício e a requalificação do colégio que ela própria havia frequentado houve uma inversão na decisão. Disse que falou com a congregação das Irmãs Doroteias sobre a possibilidade de aquisição do edifício, o que acabou por acontecer.
Depois foi um processo burocrático e administrativo para encontrar financiamento comunitário para a obra, houve atrasos por causa da pandemia e da guerra na Ucrânia, mas a escola está pronta.
Maria do Céu Antunes, ao entrar na biblioteca, respirou fundo e recordou-se de que era a capela onde rezavam. E depois, mais à frente, indicou que aquela tinha sido a sala do seu 5.º e 6.º ano.
Já o ministro da Educação esteve sempre atento aos movimentos dos alunos, fossem do pré-escolar ou do primeiro ciclo. Afinal a escola, edifício e estrutura educativa, é para os alunos.
Primeiro com a música. Até quis colocar um dos alunos a explicar como é que tocava bateria. Depois foi fazendo perguntas e percebeu que ali, na sua receção, tinha alunos de piano, trompete, violino, violoncelo e a bateria. Depois seguiu sala a sala a ouvir as explicações sobre a requalificação e o projeto que agora está a ser desenvolvido. A dada altura o autarca de Abrantes explicou que este ano letivo o concelho tem mais de 200 novos alunos e que há uma grande quantidade de crianças de diversas nacionalidades. Abrantes espelha a realidade do país com a chegada de muitos imigrantes.
Na cerimónia solene, ou melhor, antes dessa cerimónia, o universo de todos os alunos da Escola Maria de Lourdes Pintasilgo brindou os convidados com uma canção, como diria mais tarde o ministro, bem decorada sem “cábulas” nas mãos.
Jorge Costa, diretor do Agrupamento n.º 1 de Abrantes, onde está integrada esta nova escola básica, deixou uma mensagem sobre o ensino. “A responsabilidade não pode apenas ser exigida às escolas e aos seus profissionais (…) a responsabilidade deve ser partilhada com os pais e encarregados de educação” para além de outras entidades exteriores.
Jorge Costa, que está de saída da direção, deixou claro que “é nossa obrigação tudo fazer pelos nossos alunos”.
Seguiu-se Paula Barros, representante da Associação “Cuidar o Futuro” que preserva e disponibiliza a biblioteca e o arquivo documental Maria de Lourdes Pintasilgo.
A única primeira-ministra de Portugal nasceu em Abrantes por isso a Câmara Municipal decidiu atribuir o seu nome a esta escola. A representante da associação passou a mensagem que sempre foi a mensagem de Lourdes Pintasilgo.
Notou que os adultos andam confusos sobre este nosso novo mundo que traz novos desafios. E, segundo disse, há no legado de Maria de Lourdes Pintasilgo, no seu percurso e no seu pensamento “um conjunto de chaves que podem ajudar a entender. A defesa intransigente dos direitos humanos e da paz. A promoção dos direitos humanos das mulheres numa luta pela igualdade ou uma liderança dialogante.”
“Quem sabe ali na sua casa possa nascer o museu ‘Cuidar o Futuro’ que a homenageie e que seja esta semente para pensar um mundo muito mais sustentável.”
Manuel Jorge Valamatos, atual presidente da Câmara de Abrantes, sublinhou a importância do legado histórico que “tínhamos obrigação de manter”, referindo-se ao Colégio Nossa Senhora de Fátima, quer no edifício, com manutenção da traça original, quer no seu objetivo, promover o ensino.
Depois dirigiu-se à sua antecessora, agora ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, “fazendo justiça de quem começou este projeto e esta obra.”
O autarca destacou ainda não haver melhor nome para uma escola, como o “nome de uma mulher que sempre esteve à frente no seu tempo. Sempre foi um símbolo de coragem e que será um exemplo para a comunidade escolar.”
E do passado saltou para o futuro dizendo que vai continuar a haver investimentos na área da educação, o que só é possível com apoios comunitários, numa referência à presidente e ao vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro Isabel Damasceno e Luís Filipe, respetivamente.
Revelou que a Escola Octávio Duarte Ferreira, em Tramagal, vai encerrar o ciclo de investimentos no ensino secundário, numa empreitada que, tudo indica, começará assim que terminarem as atividades letivas.
Paralelamente, indicou “estamos a desenvolver no novo edifício da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) num investimento superior 5 milhões de euros."
Maria do Céu Antunes começou a sua intervenção com um agradecimento ao presidente da Câmara de Abrantes por a ter convidado a estar nesta cerimónia.
Lembrou, depois, o toque da campainha das 11 horas. No seu tempo, lembrou, antes do lanche da manhã tinham sempre um pensamento para reflexão.
Repetiu a explicação, que já antes tinha feito à Antena Livre, de como se chegou a esta opção para nova Escola Básica de Abrantes.
O ministro da Educação, João Costa, fez uma intervenção muito virada para os alunos, agradeceu aos meninos pela visita à escola e depois, apontou-lhes o dedo e lembrou-os “todos prometeram portar-se bem e depois ser bons leitores.”
É que, sublinhou o titular da pasta da Educação numa alusão à sua colega da Agricultura, “a comida trata do corpo, mas a leitura alimenta o pensamento.”
João Costa ficou a saber a naturalidade de Maria de Lourdes Pintasilgo, tanto mais que foi uma mulher que deixou duas palavras novas no léxico português: primeira-ministra e pintasilguismo.
Antes de terminar deixou o agradecimento do trabalho do diretor do agrupamento, Jorge Costa, que está em final de mandato e para Ana Rico, a nova diretora, o desejo de um bom trabalho.
João Costa concluiu a intervenção a dizer “só pela entrada na sala de aula conseguimos ver a qualidade do trabalho dos professores”, sem esquecer outro recado para toda a comunidade escolar: “Esta escola é nova. Tem de ser tratada com carinho.”
À Antena Livre, o ministro disse que gostou a escola, que quando saiu do carro não imaginou que a escola fosse assim tão grande. Depois vincou a sua preocupação com a leitura, nas mensagens que foi passando para os alunos.
Abriu as portas no corrente ano letivo com 50 alunos do pré-escolar, 150 alunos do 1.º ciclo, 11 professores e 12 auxiliares. A Escola Básica de Abrantes, Maria de Lourdes Pintasilgo, representou um investimento de 1,6 ME na aquisição do imóvel à congregação das Irmãs Doroteias e uma intervenção na requalificação e readaptação do edifício de 2,9 ME, sendo 1,1 ME financiados pela União Europeia.
Esta nova escola aglutinou o Jardim de Infância de S. João Batista, a Escola Básica Nº1 (Quinchosos) e Escola Básica n.º 2 (Alto de Santo António).
Os acessos rodoviários representaram outra fase da obram com a concretização de mais duas empreitadas, no valor global de 300 mil euros, e que passaram pela requalificação da Rua de Santa Ana e a construção de muros de suporte na área exterior à Escola Básica de Abrantes e na Rua de Santa Ana.
Numa fase posterior, será lançada uma outra empreitada que irá permitir criar uma nova via de acesso à Rua 5 de Outubro e uma bolsa de estacionamento com 70 lugares.
Esta escola para lá do equipamento para as salas de aula e de atividades tem toda a iluminação com lâmpadas LED e dispõe de painéis fotovoltaicos para auto abastecimento de eletricidade.
Depois de Abrantes seguiu-se a viagem até Alvega para a inauguração das obras de requalificação da Escola Básica, que nasceu naquele que foi o “colégio”, designação dos habitantes da freguesia.
Jorge Costa, diretor do Agrupamento, destacou o investimento na requalificação de uma escola que já apresentava níveis de degradação elevados. E sobre algumas questões que se podem levantar sobre um investimento tão grande para tão poucos alunos o diretor diz que sim, “valeu a pena.”
Manuel Jorge Valamatos, lembrou-se que Alvega foi uma das primeiras escolas onde deu aulas, mesmo sem condições para a prática das atividades físicas.
O autarca referiu-se ao investimento em Alvega como coesão territorial e democratização do território, numa expressão que usa muitas vezes.
Foi ali que o presidente da Câmara de Abrantes deixou o agradecimento ao trabalho desenvolvido pelo professor Jorge Costa ao longo dos anos em que dirigiu o agrupamento n.º 1 de Abrantes.
Já o ministro João Costa voltou a falar muito para os alunos. Entre explicar que foi a Câmara que fez as obras, mas que o dinheiro veio da CCDR (indicando que Isabel Damasceno era a mulher do dinheiro), o governante acabou por falar em alimentação, com a ministra da Agricultura ao lado, e sobre o almoço.
Esta escola tem 16 alunos do pré-escolar e 18 do 1.º ciclo. Conta ainda com 3 professores e 5 auxiliares.
A requalificação da Escola Básica de Alvega representou um investimento de 700 mil euros e tem um parque infantil, que não existia.
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