Quase 40 anos depois de ter sido inaugurada, a Escola Básica e Secundária de Tramagal (Abrantes) está a ser alvo da primeira grande empreitada de requalificação, tendo o ano letivo arrancado hoje com os alunos colocados em espaços alternativos.
“Esta obra estava prevista decorrer numa lógica de remoção do amianto numa fase em que não havia escola e, depois, numa fase posterior, podendo já haver aulas, iam fazendo alguns acabamentos”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Abrantes (Santarém), Manuel Jorge Valamatos, tendo indicado que tal acabou por não acontecer, por uma “disfuncionalidade da obra”.
A empreitada, um investimento na ordem de um milhão de euros e com um prazo de execução de 180 dias (seis meses), teve início no dia 18 de julho e, quando se constatou que não seria possível o ano letivo arrancar naquele equipamento educativo em 14 de setembro, por via das obras em curso, a autarquia e a direção do Agrupamento de Escolas foram à procura de espaços alternativos para os cerca de 100 alunos iniciarem as aulas.
“Houve ali uma disfuncionalidade da obra e, a seu tempo, conseguimos, em entreajuda com a ARTRAM (Associação de Reformados de Tramagal) e com outras instituições, como a escola e a junta de freguesia, encontrar aqui uma solução para a recolocação da escola no primeiro período [letivo] em espaços que se tornaram importantes como solução para podermos fazer esta grande intervenção” de requalificação, disse o autarca, relativamente a uma escola que foi perdendo gradualmente condições físicas, mas também capacidade de atração de alunos.
“Após 40 anos de falta de intervenção, acho que vamos conseguir colocar a escola, do ponto de vista das infraestruturas, com as exigências dos dias de hoje e reforçar o posicionamento da escola de Tramagal” no contexto educativo concelhio, disse Valamatos, tendo indicado que Abrantes conseguiu “inverter nos últimos dois anos um ciclo de duas décadas” de perda de alunos.
Com previsão que as obras na Escola Básica e Secundária Octávio Duarte Ferreira fiquem concluídas até ao final de dezembro, os alunos do 5.º ano iniciaram hoje as atividades letivas numa sala da Escola Básica de Tramagal, os alunos de 6.º ao 9.º ano nas instalações Associação de Reformados do Tramagal e uma turma de 12.º ano do ensino profissional vai ter aulas numa sala anexa à Junta de Freguesia.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, António José Carvalho, a deslocalização dos alunos “é um mal menor até final do ano”, em “espaços adaptados e com todas as condições”, tendo destacado uma obra “muito ansiada” e que se configura como “um sinal de esperança no futuro da comunidade escolar e da comunidade local”.
A diretora do Agrupamento de Escolas (AE) n.º 2 de Abrantes, Isabel Alves, disse à Lusa, por sua vez, que “o arranque das aulas vai ser um pouco ‘sui generis’ mas por bons motivos”.
“Esta é uma obra que se impunha há muitos anos e que ando a pedir desde 2005-2006, e era mesmo urgente dar condições aos alunos”, sublinhou Isabel Alves, tendo assegurado que, nesta fase transitória, “estão garantidas todas as condições para que os alunos possam ter o mesmo ensino de qualidade que sempre tiveram e com todas as atividades inerentes ao ano letivo”.
A responsável registou este ano um “acréscimo de 6% no número global de alunos” no AE, sendo agora 1.890, com a escola de Tramagal “em contraciclo”, tendo afirmado que, “com a conclusão das obras e com uma escola de primeira, Tramagal vai conquistar novos alunos”.
A empreitada de requalificação e modernização da Escola Secundária de Tramagal prevê “trabalhos nos quatro blocos”, com a requalificação de 11 salas de aula, 16 salas de atividades, três laboratórios, um auditório, uma sala de professores, a biblioteca, copa, duas cozinhas e dois refeitórios, a par de pavimentos, condições de acessibilidade, caixilharias e pinturas, bem como retirada das coberturas com fibras de amianto, num espaço em que as infraestruturas estão “degradadas e desadequadas” ou são “insuficientes e inexistentes”.
A Escola Básica e Secundária Octávio Duarte Ferreira, que já teve quase 600 alunos e hoje tem menos de 100, pertence ao AE n.º 2 de Abrantes e oferece, além do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, o ensino secundário, com oferta formativa de cursos profissionais que possibilitam o prosseguimento de estudos no ensino superior ou em cursos de especialização tecnológica.
Lusa