São 38 aldeias, das quatro freguesias do concelho, num total de 63 oficiais de segurança, que integram o programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” do território do Sardoal.
No último sábado a estrutura local da Proteção Civil reuniu quase todos os Oficiais de Segurança do concelho, assim como presidentes de junta de freguesia, numa reunião aonde voltou a ser apresentado este programa que tem como objetivo a defesa das populações em caso de incidentes e em que haja a necessidade de juntar as pessoas num ponto concreto que permita as forças de socorro trabalhar à vontade, sem terem de andar à procura dos moradores.
E a génese deste programa explica-se de uma forma muito simples. Em caso de incêndio rural ou florestal, pode haver a necessidade dos meios operarem à volta de uma povoação. E pode ser necessário concentrar os habitantes, principalmente os mais idosos ou com maiores dificuldades de mobilidade num abrigo ou num ponto de encontro para libertar bombeiros ou GNR desse trabalho. É aí que entra em ação o oficial de segurança, homem ou mulher da terra, que conhece toda a gente, sabe quem está em casa ou fora e que, muito antes do fogo chegar perto, vai “levar as pessoas para um ponto de concentração” permitindo às forças de socorro entrar no terreno e operarem nas suas funções. E aqui não se fala em evacuações ou em levar as pessoas para a sede de concelho. Trata-se apenas de juntar estas pessoas, eventualmente mais vulneráveis, durante um par de horas, caso seja necessário.
Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal fez questão de destacar que estes projetos, iguais em todo o país, apontam à existência de um oficial de segurança em cada aldeia, mas “aqui temos dois ou casos com três oficiais de segurança. Quisemos ir mais longe e ter mais do que um por aldeia. O oficial não tem de estar todo o verão de serviço. Felizmente ainda não houve necessidade de acionar o programa, e espero que assim seja.”
Miguel Borges reforçou que o trabalho destas pessoas é fundamental porque têm um conhecimento da população e das pessoas que vivem nas aldeias.
Miguel Borges
“Vocês são a nossa ligação às populações.” Foi desta forma que Nuno Morgado, responsável pelo Gabinete Florestal Municipal e comandante dos Bombeiros Municipais de Sardoal, se dirigiu à plateia, onde estavam os oficiais de segurança do seu território.
Lembrou que este programa foi criando na sequência da tragédia do verão de 2017. Nasceu por causa dos incêndios, mas “para nós serve para muito mais. É a proteção dos aglomerados e edificados.”
Há muito mais do que apenas olhar para a floresta. É um programa que prevê a proteção de aglomerados, prevenção de comportamentos de risco, sensibilização e aviso à população e evacuação dos aglomerados. Mas as evacuações mudaram. “Antes era retirar as pessoas das aldeias para a sede de concelho agora é confinar as pessoas nas aldeias durante um curto período. Há locais definidos como abrigo ou refúgio para onde as pessoas podem ir.”
Nuno Morgado voltou a repetir que o papel do oficial de segurança local é “ser o catalisador que vai operacionalizar os avisos à população. É uma figura chave no sistema, pois conhece a sua aldeia e as pessoas da sua aldeia.”
Depois voltou a repetir aquilo que todos na sala já conhecem. Todas as aldeias estão sinalizadas com placas a apontar os abrigos, os refúgios ou os pontos de encontro.
Estes locais só recebem as pessoas durante um período de tempo até passar o perigo até "cada um ir à sua vida", frisou o comandante dos Bombeiros de Sardoal.
E há aldeias que só têm ponto de encontro, sendo que nesses casos as pessoas são recolhidas para a aldeia mais próxima. O exemplo foi do Casal Pedro da Maia, tendo apenas ponto de encontro, se for necessário evacuar, os moradores vão para a Presa.”
Nuno Morgado
Presente nesta sessão esteve David Lobato, comandante a Proteção Civil do Médio Tejo, que veio dizer aos oficiais de segurança que estes têm um papel muito importante no sistema operacional. O comandante deixou bem claro que já temos incêndios de sexta geração “que destroem tudo a sua volta. Temos incêndios mais complicados e o meios são finitos.”
E vincou logo de seguida a importância e o papel dos oficiais de segurança: “Vocês (oficiais) são os mais importantes porque fazem sensibilização e, porque são o primeiro contacto com as primeiras forças a chegar ao teatro de operações.”
David Lobato disse ainda que Sardoal é dos concelhos com mais projetos “Aldeia Segura”, mas apontou a necessidade de haver simulacros ou exercícios. “É preciso simular as situações. Como é que eu sei que todas as pessoas sabem o que fazer sem o exercício.”
Ou seja, os projetos estão bem feitos, sinalizados, a funcionar, mas falta o exercício, até para a capacitação do serviço local de Proteção Civil. “Não é para avaliar, é apenas para testar as ações.”
David Lobato
Nuno Morgado, comandante dos Bombeiros de Sardoal, explicou que este ano há previsão para serem feitos três exercícios: S. Simão, Entrevinhas e Palhota.
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