A associação ambientalista Quercus denunciou a descarga de esgotos urbanos sem tratamento na ribeira de Seiça, Ourém, e alertou para a contaminação de solos e água onde vive uma espécie criticamente em perigo de extinção.
Numa publicação na rede social Facebook, a Quercus referiu que “denunciou a descarga de esgotos urbanos sem tratamento na ribeira de Seiça, na rua do Rio, em Ourém, causada por uma rutura num coletor de saneamento”.
“A poluição está a contaminar solos e água numa zona sensível onde vive a lampreia do Nabão, espécie criticamente em perigo de extinção”, adiantou a associação, realçando que “a jusante existe a praia fluvial do Agroal e captação de água para abastecimento público”.
Segundo a Quercus, a empresa Tejo Ambiente, gestora responsável pela recolha, drenagem e tratamento de águas residuais em Ourém e mais cinco concelhos, “foi contactada e confirmou a situação”.
Ainda de acordo com a associação “um ‘bypass’ provisório está a falhar na época de chuvas e ainda aguarda condições meteorológicas” mais favoráveis “para reparação provisória do coletor, mas a solução definitiva necessita de financiamento avultado para se resolver o problema”.
“A Tejo Ambiente não consegue resolver sozinha este grave problema”, sustentou a Quercus, considerando urgente uma ação coordenada de várias entidades.
À agência Lusa, o diretor-geral da Tejo Ambiente, José Santos, explicou que em 03 de fevereiro “foi identificada uma rutura mecânica no emissário de saneamento de águas residuais domésticas implantado na Travessa do Rio, Alcaidaria [Ourém, distrito de Santarém], tendo este dano resultado de um desmoronamento da margem causado por erosão natural, comprometendo em definitivo a integridade daquela infraestrutura”.
Segundo José Santos, no mesmo dia a situação foi comunicada à Agência Portuguesa do Ambiente e “foi instalada uma moto bomba, associada a um gerador, para assegurar um ‘bypass’ provisório ao troço do emissário afetado, de forma a mitigar os impactos decorrentes da ocorrência”.
No dia 16, foi adjudicada uma empreitada de correção provisória, na ordem dos 20 mil euros, naquele troço partido do emissário, com cerca de 12 metros.
“Esta intervenção terá início assim que as condições meteorológicas o permitirem, nomeadamente após a estabilização do caudal da ribeira e a redução da pluviosidade”, assegurou o diretor-geral.
A empresa esclareceu que “a moto bomba atualmente em operação tem uma capacidade de 100 m3/h, isto é, tem um caudal de funcionamento superior em 20% do caudal máximo de projeto da rede”.
“No entanto, não podemos ignorar as condições de precipitação mais ou menos intensa que se regista desde há meses, levando a que o volume de água afluente à bomba ali instalada ultrapasse a capacidade de elevação dessa mesma bomba”, reconheceu.
Por outro lado, “importa também não ignorar que as afluências indevidas de águas pluviais às redes de saneamento e, por consequência, aos emissários, são um dos principais problemas que afetam estas infraestruturas em todo o país”.
O diretor-geral declarou que a equipa técnica da empresa “tem garantido a manutenção diária do sistema, assegurando o seu funcionamento contínuo dentro dos constrangimentos”.
Ainda segundo este responsável, foram iniciados também os procedimentos necessários para uma solução definitiva.
Esta tem uma estimativa de custo de cerca de 19 milhões de euros para corrigir cerca de 70 quilómetros de dois emissários, cujo período de vida útil já foi “largamente ultrapassado”, admitiu José Santos, tendo a empresa desenvolvido contactos junto do Ministério do Ambiente no sentido do cofinanciamento da obra, “essencial para a sua execução”.
Esta intervenção definitiva visa resolver o problema e prevenir situações semelhantes no futuro, referiu.
Fonte da Guarda Nacional Republicana confirmou ter recebido na segunda-feira, através da Linha SOS Ambiente, uma exposição sobre este caso, encontrando-se a fazer diligências.
Lusa