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Proteção Civil: Sensibilização e prevenção são fundamentais para evitar incêndios (C/ÁUDIO E FOTOS)

22/04/2022 às 17:39

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), através do Comandante Operacional Distrital (CODIS) de Santarém, em conjunto com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a GNR e a PSP organizou na manhã desta sexta-feira, dia 22 de abril, uma ação de sensibilização sobre o período de risco de incêndios de 2022. Esta ação aconteceu na cidade desportiva de Abrantes e contou, no exterior, uma apresentação do dispositivo municipal para o período de risco de incêndios. Entre as viaturas e operacionais de todas as entidades envolvidas neste dispositivo estavam também três kit’s de outras tantas freguesias do concelho de Abrantes.

Com alguma chuva à mistura o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e o comandante distrital da ANEPC, David Lobato, cumprimentaram todos os operacionais antes de subirem ao auditório do Estádio Municipal para poderem ter um resumo do ano 2021 e os desafios que temos pela frente num ano que se antevê difícil.

E começando por esta perspetiva, David Lobato, comandante distrital da Proteção Civil destacou o ano meteorológico como muito difícil, mesmo sem se saber como vai ser o período de verão. É que com os dois primeiros meses muito secos e quentes e com esta chuva de abril, necessária para fazer face à seca severa que o distrito ainda atravessa, a vegetação está a crescer de forma muito rápida e, em muitos casos, tardia. A vegetação de materiais finos é a mais complicada porque “alimenta e acelera” uma eventual ignição de incêndios. E depois, acrescenta o CODIS, há muitas zonas em que já foram feitos os trabalhos de limpeza de faixas e terrenos e agora “eclodiu” a vegetação de finos e será necessária uma nova intervenção.

Neste momento a ANEPC está a preparar o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) e que será muito semelhante ao ano passado. Embora ainda não esteja apresentado, a primeira fase só arranca a 15 de maio, já se sabe que os meios aéreos são os mesmo do ano passado.

Questionado sobre os concelhos que podem apresentar mais problemas este ano, David Lobato, deixou duas notas. A primeira que a Lezíria do Tejo teve, em 2021, mais grandes incêndios do que o Médio Tejo, que até é mais florestal. A segunda tem a ver com as preocupações dos concelhos que não têm incêndios há muitos anos e que são sempre uma preocupação para as autoridades: Ferreira do Zêzere, Abrantes, Tomar. E David Lobato explica que estes concelhos e uma parte de outros, claro, têm zonas muito florestais e muito densas que são uma ameaça a cada verão.

E neste período há ainda uma outra preocupação que tem a ver com as ignições negligentes. Ou seja, as queimadas que depois ficam descontroladas.

David Lobato é claro quando diz que o distrito é rural e as queimadas ou queimas de sobrantes, coisas diferentes, fazem parte deste mundo. Mas logo depois acrescenta que é preciso perceber que há novas regras e que tem de haver muito cuidado até para os próprios cidadãos. E esta à uma área em que todas estas entidades, ANEPC, ICNF e autoridades policiais pedem reforço de sensibilização. É que neste ano de 2022 os incêndios já verificados e provocados por negligência apresentam números muito elevados.

 

David Lobato, CODIS

Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, abriu a sessão e destacou a sua importância em relação ao calendário que “temos pela frente, apesar de termos um dia de chuva.”

O autarca diz que tem de haver uma preparação para o verão, porque quando chegar o tempo mais quente “vamos andar todos com o coração nas mãos por isso quero agradecer a todas as entidades que fazem parte do nosso dispositivo.”

O autarca de Abrantes deixou também a nota que estas pessoas fazem parte de uma família porque existem reuniões regulares nos períodos em que o dispositivo está ativo. E depois referiu a presença dos presidentes de junta de freguesia para destacar logo de seguida a aposta dos Kits de primeira intervenção que fazem um trabalho notável. E indicou que não é apenas no combate aos incêndios que esta parceria funciona, é também na prevenção e sensibilização.

Manuel Jorge Valamatos indicou que este ano há duas estreias nos acordos. Fontes e Pego também vão ter as suas equipas nas freguesias, que nos períodos de alerta laranja ou vermelho ficam “à disposição do comandante dos Bombeiros Voluntários de Abrantes” que, juntamente com as equipas de sapadores da Associação de Agricultores, criar uma rede de pré-posicionamento de meios que permite encurtar de forma muito significativamente os tempos de resposta da primeira intervenção.

 

Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

Marco Santos, do ICNF, veio a Abrantes e apresentou alguns números sobre o distrito e sobre o concelho de Abrantes, para destacar o bom trabalho que tem sido feito na prevenção. O ano 2021 correu bem no planeamento e desde logo, para 2022, houve uma intenção de, em todos os municípios, fazer uma apresentação do que são as boas práticas.

Na prevenção estrutural, em 2021, o ICNF fez uma gestão de combustíveis em mais de 1600 hectares e há uma aposta em aumentar estes números, de forma estratégica.

Marco Santos fez dois elogios públicos em relação ao concelho de Abrantes. Um relacionado com a Associação de Agricultores que tem uma grande dinâmica no concelho de Abrantes e limítrofes no que diz respeito à gestão de combustíveis. O ICNF está interessado em reforçar este apoio e entregou, em regime de comodato, dois tratores para melhorar a capacidade desta estrutura.

O outro elogiou teve como destino o Município de Abrantes e o seu Serviço Municipal de Proteção Civil que terá muito a ver com estes resultados. De acordo com este responsável o trabalho do ICNF é feito em articulação com os sapadores e na facilidade e proximidade entre estas entidades.

Marco Santos destacou depois o esforço do Instituto no distrito, com 21 equipas de sapadores florestais, três brigadas das comunidades intermunicipais, e esforço para colocação de máquinas de rasto para o dispositivo.

Depois no que diz respeito aos incêndios, em 2021, há uma evolução positiva. A meteorologia pode ter ajudado, mas de acordo com Marco Santos, há um trabalho grande de articulação entre todas as entidades, desde a prevenção à capacidade de comando e combate.

E na análise dos números há uma diminuição de 40% no número de ignições, em relação ao decénio anterior, assim como a área ardida representa menos 80% em relação ao decénio anterior.

Quanto à plataforma online para registar os pedidos de autorização para queimas e queimadas Marco Santos indicou que é muito usada e deixou este número “só em Abrantes, neste ano de 2022, houve 7031 pedidos de autorização para a realização de queimas ou queimadas. É o segundo concelho do distrito de Santarém que só é superado por Torres Novas.”

Marco Santos, ICNF

Luís Marques, comandante do Destacamento de Abrantes da Guarda Nacional Republicana, avançou com a explicação da atuação desta força. A GNR pode atuar em três áreas distintas com as suas equipas, já que tem na sua estrutura do SEPNA, Serviço de Proteção da Natureza e a Unidade Emergência e Proteção Civil. E cabe à guarda a vigilância, deteção e validação de áreas ardidas e apuramento de danos.

O comandante revelou que cabe à guarda a investigação dos incêndios cujas causas são a negligência, porque no caso de incendiários cabe à Polícia Judiciária a investigação. Naquilo que foram as explicações sobre a forma de atuação desta força, o capitão do Destacamento de Abrantes, deixou a nota que há uma preocupação sobre as freguesias prioritárias, não descurando as restantes. E este ano a GNR aponta como freguesias prioritárias no concelho de Abrantes Carvalhal, Fontes, Martinchel e Aldeia do Mato e Souto.

Naquilo que são as competências a guarda tem como uma das suas intervenções a sensibilização e fiscalização da limpeza das faixas de gestão de combustível nestas zonas. E explicou que primeiro identificação as eventuais infrações e passam nos locais a sensibilizar os proprietários. Depois, numa segunda fase, se essa sensibilização não resultou e os terrenos identificados não foram limpos passam então para a fiscalização com aplicação de coimas.

 

Luís Marques, comandante Destacamento GNR de Abrantes

Este grupo de trabalho, inicialmente era constituído pela ANEPC; ICNF e GNR, mas depois foi alargado à PSP que não tenho uma área rural de grande monta, pode integrar estas ações de sensibilização. E o G3 passou a G4 com a inclusão da PSP.
O comissário Heitor Marracha, do comando distrital da PSP, apresentou a forma de atuação da polícia que não tem meios humanos ou materiais destinados à intervenção nas áreas ruais ou florestais. Mas salientou o empenhamento da força na prevenção, fazendo também o seu trabalho nesta área.

Como tal, há um conjunto de ações de sensibilização, fiscalização e interdição acrescentando ainda a criação de corredores para as viaturas de socorro, sempre que necessário, assim como para ações de evacuação.

Por outro lado, a PSP tem a seu cargo a responsabilidade de armas e explosivos pelo que sempre que sejam detetados este tipo de artefactos há que acionar as equipas da polícia.

 

Comissário Heitor Marracha, PSP

David Lobato, CODIS de Santarém, apresentou também alguns números em relação ao distrito de Santarém. Um dos problemas do distrito é um elevado número de fogos iniciados de forma criminosa e, desse ponto de vista, há um trabalho a ser feito, mas não há capacidade de colocar um GNR atrás de cada cidadão.
Depois há um outro problema que são as ignições negligentes e é, neste campo, que há um trabalho a ser feito a montante. “É este que temos de trabalhar, é o uso do fogo. O Marco (ICFN) já aflorou este tema. Temos um distrito que é rural e as pessoas cortam os sobrantes das oliveiras, pinheiros ou vinhas e queimam. E é aqui que temos mensagem a passar”, indicou o CODIS porque dos “incêndios que já tem 2022, 80% tem esta causa, mau uso do fogo, abandono das queimadas, ou outras.”

O comandante distrital da ANEPC deixou uma sugestão ao serviço Municipal de Proteção Civil e aos Bombeiros de Abrantes. Escolher todas as semanas, aleatoriamente, um dos pedidos de autorização de queimada e passar no local com uma equipa multidisciplinar. Trata-se de uma ação de sensibilização para poder ver se a queima está a ser bem feita ou não, se cumpre as regras e, na altura, explicar as regras. Diz o comandante que funciona muito como prevenção até porque nas aldeias, depois há a conversa boca a boca e terá reflexos.

Por outro lado, indicou que o projeto aldeias seguras é também uma forma de manter os pequenos aglomerados populacionais informados e preparados para qualquer eventualidade.

David Lobato deixou ainda a nota de que, em 2021, a resposta dos meios de combate foi por “a carne toda no assador” porque um incêndio grande começa sempre como incêndio pequeno. E a estratégia funcionou. Mas o CODIS deixou a pergunta “e num dia que tenhamos 7 ou 8 incêndios em simultâneo?” E é esse o fator que a Proteção Civil distrital prefere não equacionar por isso, agir muito antes.

David Lobato, CODIS Santarém

Estamos em abril, está a chover, mas o distrito ainda está em seca severa, de acordo com os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. E se a albufeira do Castelo de Bode apresenta alguma recuperação no armazenamento de água e não põe, para já, em causa o abastecimento dos meios aéreos pesados de combate aos fogos, há uma outra preocupação. Este ano de pouca chuva tem muitas charcas e reservatórios de água no meio da floresta que estão vazios e podem prejudicar o trabalho de combate dos helicópteros.

Há uma ideia comum a todas estas entidades, apostar na prevenção e no combate rápido a qualquer ignição porque “um grande incêndio começa sempre como pequeno e que pode ser apagado com um balde de água, quando está a começar”.

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