António Louro renunciou ao cargo de vereador na Câmara Municipal de Mação para assumir a presidência da empresa AZR Gestão Territorial S.A., constituída no âmbito da implementação das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP) no concelho e continuar à frente dos destinos da Aflomação, Associação Florestal de Mação.
Na reunião do Executivo Municipal de dia 24 de janeiro, Tânia Pires tomou posse como vereadora, sem pelouros atribuídos. Margarida Lopes assumiu a vice-presidência e foram redistribuídos os pelouros que antes eram da responsabilidade de António Louro.
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, disse à Antena Livre que “não há razões” para que estas alterações influenciem o trabalho da Autarquia, “independentemente do que era e do que é a mais-valia do trabalho que o António Louro vinha desenvolvendo com enorme competência ao longo de muitos anos”.
“Compete-nos aos três que aqui ficamos tentarmos, da melhor forma possível, fazer a gestão de todos os pelouros que já tínhamos, dos pelouros que pertenciam ao António Louro e responder às solicitações das pessoas com a competência que temos tido ao longo destes anos. Temos de encarar estes processos com alguma naturalidade e seguir em frente”, comentou o presidente.
Quanto à decisão de António Louro, Vasco Estrela reconheceu que “estas decisões são sempre difíceis de tomar por quem as toma” e que foi uma decisão muito ponderada pelo ex-vice-presidente. António Louro seria “o candidato natural” do PSD às próximas eleições autárquicas, cenário agora afastado pelo próprio. Vasco Estrela também admitiu “não ser surpresa para ninguém que eu via o António Louro ser, com grande probabilidade, o meu sucessor”.
A decisão de António Louro
Tratou-se uma “decisão muito pessoal que eu tenho de respeitar, que compreendo, do ponto de vista pessoal, que acho que é importante para o concelho que ele esteja à frente daquele projeto que a todos tem de mobilizar e acho que tem mobilizado, e ele fez fez uma opção de vida. (...) Tenho a certeza que também lhe custou mas percebo, é o projeto da vida dele. Sei que conto com ele até ao final do mandato para me ajudar naquilo que eu precisar e ele também sabe que contará comigo e com a Câmara para o que for preciso para ele e para a Aflomação”.
Questionado se haveria outra forma de contornar a situação para que António Louro pudesse levar o mandato até final, Vasco Estrela considera que “eventualmente, haveria”. Para o presidente da Câmara de Mação “só a morte é que não tem remédio”.
“Eu acho que haveria forma, legalmente, de o fazer. Evidentemente que estas coisas têm de ser feitas de forma legal, transparente e que sejam percecionadas com clareza por toda a gente. Era uma questão do eng.º Louro não assumir já a presidência da Aflomação e outra pessoa tomar conta daquele projeto, com o acompanhamento dele e ele continuava na Câmara”, disse Vasco Estrela. Contudo, levantava-se a questão de se haveria alguém que pudesse encabeçar o projeto das AIGP. Aí, o autarca respondeu que “não há insubstituíveis” mas também disse “que é um facto que este projeto é muito a cara do António Louro. Para ele, em termos pessoais e acho que as pessoas também têm que compreender isso, não seria muito fácil ver outros gerir aquilo que é criação dele”.
Vasco Estrela admitiu ainda que “em termos de gestão, quer do tempo, quer dos meios, não seria fácil estar nestes dois cargos que, por si, já não são fáceis de pôr a navegar em simultâneo. Desse ponto de vista, também foi uma opção com alguma consciência e com alguma racionalidade. E com a assunção do risco que poderia ser estar nos dois locais”. O receio de se poder estar perante algum tipo de ilegalidade foi seriamente ponderado ” e o eng.º Louro assumiu isso muito claramente pois poderia haver uma incompatibilidade objetiva e, desse ponto de vista, também foi salvaguardada a posição dele. Em termos pessoais, ele fez bem”.
Já quanto a um final de mandato um pouco mais atribulado do que era expectável, Vasco Estrela respondeu que “se for só isto que me aconteça... ficamos por aqui”. O presidente da Câmara de Mação lembrou todos os mandatos e disse esperar “que seja só isto, que é uma situação normal”. Recordou que “em 2017 foi bem pior com os incêndios, em 2019 foi bem pior com os incêndios e com as polémicas com o Governo e os processos em Tribunal com o Governo e a Covid foi bem pior. Esta é uma situação que decorre de decisões pessoais, felizmente estamos com saúde, não tem implicações diretas para as pessoas, ninguém sofre com esta decisão... obviamente que quebra um bocadinho o que estava previsto, quebra a forma de trabalhar, quebra as dinâmicas, quebra alguns relacionamentos mas é a vida”.
“Nunca tive um mandato normal, do ponto de vista das coisas correrem como era previsível durante todo o tempo, e esta é mais uma história para as memórias”, concluiu Vasco Estrela.
Os pelouros
Com a redistribuição das pastas, Vasco Estrela mantém os pelouros que já tinha (Gestão e Coordenação de Pessoal e Serviços Municipais, Coordenação e Gestão de Programas Comunitários, Gabinete Empreendedor - Empresas, Agentes Económicos e Programas Específicos, Finanças, Relação com Juntas de Freguesia, Associativismo, Desporto, Descentralização de competências e Educação), acumulando agora com Ambiente, Paisagem e Floresta, Proteção Civil, Coordenação de Obras Municipais, e Jardins, Parques e Espaços Verdes.
Margarida Lopes passa a ser vice-presidente do Município, mantém os pelouros da Cultura, Informação e Comunicação, Feiras e Promoção Municipal, Toponímia, Saúde, Arquivo Municipal, Juventude, Tempos livres, Ação Social e Turismo, e assume Salubridade Urbana e Higiene e Serviço de Informação Geográfica.
Deixam de existir as pastas da Água e Saneamento, Coordenação do Estaleiro Municipal e Coordenação de Requalificação de Património Histórico do Concelho que serão integradas noutros pelouros.
Vasco Marques, terceiro vereador do PSD em regime de permanência, continua a gerir o Património Municipal, Energia, Formação Profissional, Emprego e Programas Ocupacionais, Modernização Administrativa, Sinalização, Trânsito e Prevenção Rodoviária, Serviço de Fiscalização Municipal, Transportes Municipais e Transportes Escolares, Gestão e Coordenação de Praias Fluviais e Parque de Campismo e Gestão e Coordenação dos Edifícios e Refeições Escolares.
Relativamente ao facto de não serem atribuídos pelouros a Tânia Pires, Vasco Estrela esclareceu que “noutra altura, provavelmente, justificaria, mas a um ano e oito meses do final do mandato efetivo, penso que não justifica”.
Vereadora Tânia Pires