O percurso pedestre "No rasto dos templários", que abre domingo ao público, vai valorizar o património natural e cultural de Limeiras, freguesia de Praia do Ribatejo, constituindo-se como mais uma “oferta turística” no concelho, disse hoje fonte da organização.
“Trata-se de um percurso de 18 km, de grau de dificuldade difícil e que integra a passagem por elementos históricos relevantes, como o estaleiro naval onde foram construídas 60 galeotas que deram início aos descobrimentos portugueses e que integraram a armada que conquistou Ceuta em 1415”, disse à Lusa Guilherme Grácio, presidente da associação de Limeiras, no concelho de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém.
O percurso pedestre "No rasto dos templários" representou um investimento na ordem dos 150 mil euros do Centro Cultural e Desportivo Limeirense e levou à requalificação e marcação dos 18 km do trilho.
Aquele percurso estende-se desde a foz do rio Nabão, na zona do Cafuz, e ao longo das margens do rio Zêzere, interligando com o Trilho Panorâmico do Tejo, percurso ribeirinho que se estende depois desde o Castelo de Almourol ao Parque de Escultura Contemporânea, em Vila Nova da Barquinha.
“É um projeto muito ambicioso por parte da comunidade das Limeiras e pelo Centro Cultural e Desportivo Limeirense e significa o concretizar de um objetivo maior que é o de termos na aldeia um percurso homologado para que toda a gente nos possa vir visitar e que tenha um conhecimento do que foi as Limeiras, do que foi a Praia do Ribatejo e do que foi o concelho de Vila Nova da Barquinha”, indicou o presidente da associação de Limeiras.
Relativamente ao trilho e à história associada, Guilherme Grácio disse que o mote no "Rasto dos Templários" está associado aos vestígios da sua presença na freguesia, nomeadamente com o “estaleiro naval onde se construíram as galeotas para a conquista de Ceuta”.
Destacou ainda a vertente natureza, no percurso que faz a ligação da foz do Nabão com o rio Zêzere e vai até ao rio Tejo.
Por sua vez, a dirigente da associação de Limeiras e investigadora da história local Rita Inácio disse que “toda a área onde situa a atual freguesia de Praia do Ribatejo fazia parte do território de Ozêzar, mais tarde denominado por Payo de Pelle, o qual foi doado em outubro de 1159, por D. Afonso Henriques, à Ordem do Templo, pertencendo posteriormente à sua sucessora, Ordem de Cristo”.
Segundo a investigadora, foram deixados inúmeros vestígios da ocupação templária na freguesia.
“É já com a Ordem de Cristo, e de acordo com a informação do espião castelhano Ruy Dias de Vega, que se constrói o estaleiro naval onde viriam a ser construídas 60 galeotas a serem integradas na nossa armada, a qual conquistou Ceuta em 21 de agosto de 1415, sendo as suas ruínas o ‘ex-libris’ deste trilho”, destacou Rita Inácio.
No domingo, dia da inauguração e do 45º aniversário da coletividade, os visitantes vão percorrer 13 dos 18 km do trilho e “poderão vislumbrar, além do estaleiro, ribeiras, nateiros, azenhas e açudes, havendo, ao longo do mesmo, a apresentação dos diversos lugares e dos seus factos históricos mais relevantes, com a explicação do legado tangível desta paisagem cultural templária”, indicou a associação.
O investimento, de 150 mil euros, contou com apoio parcial de fundos comunitários e do município da Barquinha para a homologação do percurso e reabilitação de vestiários e de instalações sanitárias de apoio à prática do pedestrianismo, assumindo a associação um projeto que incluiu a sinalética, limpeza e desmatação do trilho.
Lusa