“Um dia muito feliz”. Foi assim que Fernando Freire caraterizou este domingo, feriado de 15 de agosto, dia da Freguesia de Atalaia.
Estava pensado “outro tipo de evento, mas não é possível porque, infelizmente, vivemos em pandemia”. No entanto, disse Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, “não queríamos deixar de fazer neste dia, pelo menos, uma referência”, garantindo que se fará outra, mais tarde.
“Um dia importante para a Atalaia porque é o regresso de algo simbólico e que edifica o sentimento desta terra que foi concelho até à reforma de 1836”.
Na presença de Andreia Galvão, diretora do Convento de Cristo, em Tomar, personalidade que “sem ela, hoje não era possível estarmos aqui”, Fernando Freire deixou “a minha gratidão eterna”. “Não sabe a alegria que sinto porque, não sendo eu desta terra, vivo aqui há muitos anos, foi para aqui que casei, mas é com muita emoção que verifiquei que, por parte de todos os dirigentes do Convento de Cristo, o denodo e responsabilidade” que depositaram neste processo.
Para Andreia Galvão, “é fundamental manter a memória, trazer a memória e a identidade” pois, como afirmou, “a identidade é aquilo que faz com que nós sigamos em frente”. Destacou o “voluntarismo desta comunidade e dos autarcas”, mas salientou que “também não estaríamos aqui se não tivesse existido uma união dos Amigos da Ordem de Cristo”, bem como “o extraordinário” o trabalho da sua equipa.
Os Amigos da Ordem de Cristo é uma organização “criada nos inícios dos anos 20 do século XX e que foram, de alguma maneira, mal interpretados na época”. Explicou Andreia Galvão que foram acusados “de andar a tirar as coisas das igrejas mas, na verdade, o que fizeram estas pessoas ilustradas foi fazer uma recolha porque as igrejas estavam, de facto, com a porta aberta”, à mão de semear, “e recolheram com a ideia de fazerem um futuro museu da região de Tomar”. Um museu que teria como modelo o Convento do Carmo, em Lisboa.
“E é esse grande espólio que temos vindo a expor e a dar a conhecer às pessoas essa coleção”, disse a diretora do Convento de Cristo.
No final, Andreia Galvão evidenciou “o dinamismo e o interesse por repor e trazer identidade à vossa terra”, dirigindo-se aos atalaienses.
Manuel Honório, presidente da Junta de Freguesia de Atalaia, presidente da Junta de Freguesia de Atalaia, relembrou que há várias décadas que este era um momento ansiado.
O Pelourinho de Atalaia foi destruído em 1863 e as pedras que o constituíam ficaram “espalhadas”. Sabe-se, no entanto, que a coluna que agora está de regresso à freguesia, saiu de Atalaia em 1925. A Pedra do Pelourinho está agora exposta, pode ser vista no Centro Comunitário de Atalaia.
Estas informações foram explicadas pormenorizadamente na palestra que Fernando Freire deu na ocasião, explicando também as pesquisas efetuadas até se chegar ao dia 15 de agosto de 2021.
Pedra de Armas dos Condes da Atalaia também está de regresso à freguesia
Fernando Freire também avançou que no sábado, 14 de agosto, “foi desapeada a Pedra de Armas com o brasão dos Condes da Atalaia”, visto a Família Manoel, herdeiros e descendentes do Conde da Atalaia, ter assinado um protocolo com o Município de Vila Nova da Barquinha para a restituição da Pedra de Armas.
Esta “deverá ser colocada na Igreja Matriz da Atalaia, devidamente enquadrada nos termos da proposta arquitetónica a apresentar (uma vez retirada a referida “pedra de armas” da sua atual localização) pelo arqtº D. Bernardo d’Orey Manoel, e que conterá os seguintes dizeres: Pedra de Armas de D. José Manoel da Câmara (Lisboa, 25 de Dezembro de 1686 – Atalaia, 9 de Julho de 1758), segundo Patriarca de Lisboa (1754), filho dos quartos condes de Atalaia, cujos restos mortais se encontram sepultados no altar-mor desta Igreja”.
Originalmente, esta Pedra de Armas foi concebida para a “Casa do Patriarca”, em Atalaia. Na primeira metade do século XX, foi removida e instalada no portão principal da Quinta da família, localizada no distrito de Santarém.
Em 2020, descendentes do segundo Cardeal Patriarca de Lisboa ofereceram à Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha este testemunho histórico, para que pudesse regressar à povoação da Atalaia.
Na altura da assinatura do protocolo, Fernando Freire afirmou estar “muito contente”, acrescentando que “a pedra de armas também se foi embora e agora regressa e vai ficar depositada junto do túmulo do Cardeal Patriarca D. José, sumo cardeal patriarca de Lisboa, que foi 4.º filho dos Condes da Atalaia”.
“Assim vamos reconstituindo a história, avocando aquilo que é património de todos nós”, disse Fernando Freire.
António Graça Vital, 1.º presidente da Junta de Freguesia de Atalaia após o 25 de abril de 1974, e Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha
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