A sede do Rancho Folclórico do Pego acolheu a 3.ª Conferência AO.RI – Artes e Ofícios do Ribatejo Interior. Trata-se de uma iniciativa que pretende trazer para os concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, o debate e capacitação nas Artes e Ofícios destes concelhos.
O projeto AO.RI foi desenvolvido pela TAGUS, com o apoio do Centro2020, do Portugal2020 e apoiado pelo FEDER, e que foi finalista do Prémio Nacional de Artesanato 2023, na categoria “Promoção Para Entidades Privadas.”
Esta jornada, já foi realizada em Sardoal e Constância, rumou ao concelho de Abrantes e tem como objetivo principal a promoção e valorização das artes e ofícios tradicionais destes territórios.
Quando se fala em artes e ofícios fala-se nos trabalhos artesanais, alguns deles em risco de se perderem no tempo, por não existir quem lhes dê continuidade. Trata-se de um projeto que pretende valorizar as vivências, os saber-fazer ancestrais, a identidade e a cultura deste território. Por outro lado, pretende-se que faça parte da oferta dos produtos turísticos nacionais.
Esta conferência tem sido realizada a 19 de março, porque é o Dia Mundial do Artesão.
Na sessão de abertura, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes que detém a presidência da Tagus destacou a continuidade do trabalho das edições anteriores, que começou no Sardoal, passou por Constância e agora chega a Abrantes. O autarca destacou o AO.RI, que é da Tagus e dos três municípios, e pretende a “promoção do artesanato com uma rota dos ofícios e do saber fazer.”
Manuel Jorge Valamatos, sublinhou que é preciso reconhecer os nossos “mestres como agentes económicos desta região” e acrescentou que está em curso uma candidatura ao Turismo de Portugal para a valorização deste circuito.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
O Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (Cearte) está sempre presente, ate porque é a instituição que tutela as cartas de artesão. Trata-se de um documento fundamental para os artesãos, principalmente para os que querem gerir a sua atividade económica nas artes e ofícios ancestrais.
Paulo Teles Marques veio ao Pego dizer que o Cearte pretende preservar as artes tradicionais para que não se percam no tempo. E no apoio aos artesãos tem o objetivo de melhorar técnicas ou de ajudar a fazer o lançamento nos mercados dos produtos. Paulo Teles Marques vincou que “através da carta de artesão, podem preparar a sua entrada no mercado empresarial.”
Paulo Teles Marques, Cearte
Rita Jerónimo, representante da Direção-geral das Artes e coordenadora programa “Saber Fazer”, através de vídeo-chamada, apresentou os serviços e as oportunidades para os artesãos.
Em 2022, a DGArtes foi desafiada a ter a tutela das artes e ofícios tradicionais através do programa “Saber Fazer”, numa forma de assumir que estas artes estão equiparadas às outras artes.
Destacou ainda que o programa é para a “preservação das artes e ofícios tradicionais.” E para isso é fundamental a “transferência de conhecimento, assim como a capacitação dos artesãos e o trabalho em rede. Há uma preocupação com a sustentabilidade económica deste setor.”
Rita Jerónimo, Coordenadora programa “Saber Fazer”
E concluiu a referir que a Direção-geral das Artes é uma das entidades parceiras da rota turística AO.RI. E indicou que “este programa da Tagus é exemplar. Não tenho conhecimento de outro local no país onde os três municípios juntaram-se para fazer este trabalho.”
Depois começaram os trabalhos com o primeiro painel a debater “O saber fazer: Património como herança comum”, com Catarina Valença Gonçalves | Spira – Revitalização Patrimonial; Valorização das Artes e Ofícios, o exemplo da Estónia com a participação à distância de Anna Liisa da FolkArt (União de Arte Popular e Artesanato da Estónia). A temática “Aprender a pensar com as mãos” contou com a presença do Mestre Luciano Silveira da Escola de Artes e Ofícios da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva
O segundo painel contou com a apresentação da Rota das Artes e Ofícios do Ribatejo Interior, por Conceição Pereira, técnica-coordenadora da Tagus; seguindo-se as Casas e Lugares do Sentir, projeto do Município do Fundão apresentado por Pedro Silveira e Nuno Alves; e ainda a Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica e Cerâmica no Oeste: o Congresso da Academia Internacional de Cerâmica, por José Rafael Antunes, do município das Caldas da Rainha.
A parte da tarde contou com Fátima Lopes, que apresenta o programa de televisão “Aqui há Mão” no canal por cabo “Casa e Cozinha”. O formato vai na segunda temporada e a apresentadora tem em cada episódio dois artesãos que falam sobre as suas artes.
Foi ainda apresentado o documentário “Tradições de um Povo” e o livro “O que é o comer? Sabores e Saberes da Cozinha Pegacha”, editado pela Confraria do Bucho e das Tripas do Pego.
E, se o último tema, foi “o comer” do Pego a conferência encerrou com um
TAGUS ‘toso de honra, ou seja, uma degustação dos “sabores da nossa terra” onde não faltou o bucho, tripas, passarinha, enchidos e o arroz-doce.
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