O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) começa a caminhar para uma normalização dos seus serviços com a redução de casos Covid que o país está a ter desde o final de fevereiro deste ano.
Depois de ter deslocado os serviços de Medicina, Ortopedia e Cardiologia da unidade de Abrantes para Tomar e Torres Novas, por forma a ganhar espaço para a criação de enfermarias covid, estes começam a regressar à normalidade.
De acordo com a informação avançada pelo presidente do Conselho de Administração do CHMT, Carlos Andrade Costa, o número de camas covid na unidade de Abrantes, a referência para os doentes infetados com SARS-Cov-2 no Médio Tejo, começa a diminuir. E esta diminuição permitiu já fazer regressar a Ortopedia e uma enfermaria de Medicina para unidade de Abrantes.
Recorde-se que desde novembro que o CHMT foi subindo níveis do seu plano de intervenção no combate à pandemia. No pico da doença o CHMT, em Abrantes, manteve uma disponibilidade de sete enfermarias, o que quer dizer que tinha uma disponibilização de quase duzentas camas de enfermaria e 24 de cuidados intensivos.
Carlos Andrade Costa frisou que os números, felizmente, começam a baixar por isso os níveis de ativação de serviços acompanham este decréscimo. De acordo com o administrador aquilo que vai acontecer ainda este ano, porque a pandemia e a Covid-19 não acabam daqui a um mês, é que a unidade de Abrantes ficará com duas enfermarias alocadas a doentes infetados pelo coronavírus e dez camas de cuidados intensivos. Depois explicou que uma terceira enfermaria vai ficar de reserva para algum surto que possa surgir ou para alguma instituição que necessite deste tipo de apoio.
Carlos Andrade Costa frisou que às 24 horas do dia 4 de março o CHMT (Unidade de Abrantes) tinha internados 23 doentes com Covid-19: 21 em enfermaria e dois em cuidados intensivos.
O restante contingente que estava direcionado para tratamento do SARS-Cov-2 vai começar a ser desmobilizado, no sentido de garantir a normalidade, mesmo que muito diferente da de há dois ou três anos, o mais rapidamente possível.
Carlos Andrade Costa faz um ponto de situação da pandemia no CHMT
Carlos Andrade Costa frisou que um dos momentos que mais o afetou foi quando teve de recusar receber doentes de outros hospitais do país. E justificou pelo facto de o CHMT ter feito um desenho de situação em que era um hospital de retaguarda para Lisboa e Vale do Tejo, mas também para todo o país. E depois vincou o momento que teve de recusar receber doentes [entre janeiro e fevereiro], no pico da pandemia, quando ao longo de um ano nunca o tinha feito.
Aliás, este foi um dos piores momentos os dois meses de pico de novos infetados em Portugal. O outro foi, como fez questão de referir, aquele período em que a pressão hospitalar estava no máximo e a atingir os limites. E acrescentou que a grande dúvida era se iria aumentar ainda mais o número de casos e, consequentemente, de internamentos, quer seja em enfermaria, quer seja em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).
Neste momento aquilo que está definido para a fase de desconfinamento, que se avizinha, é que o CHMT (unidade de Abrantes) e Lisboa Central (Curry Cabral) sejam as unidades de cuidados intensivos que suportem esta vasta região que é Lisboa e Vale do Tejo. Abrantes fica com o distrito de Santarém e uma parte de Vila Franca de Xira e o Curry Cabral com a grande Lisboa e Oeste.
Carlos Andrade Costa explica a organização de LVT no desconfinamento
O responsável pela administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo deixa ainda a nota, importante, daquilo que tem sido o investimento feito nos cuidados intensivos de há três anos para cá. Muito antes da pandemia ou de se sonhar que iríamos ter um vírus global. Esse investimento foi, de acordo com Carlos Andrade Costa, uma mais-valia para o desempenho que o CHMT teve desde março de 2020 no combate ao coronavírus no Médio Tejo, em Lisboa e Vale do Tejo e no país.
No regresso a um tempo de maior normalidade e com os serviços a retomarem as suas atividades, Carlos Andrade Costa destacou o arranque de um plano adicional para recuperação das cirurgias que foram sendo adiadas por causa da pandemia. O administrador espera que a 30 de junho possa ter as listas de espera nos valores que tinha em janeiro, antes das suspensões. Desta intenção retira apenas a ortopedia que é, a nível nacional, a especialidade em que as listas de espera são mais extensas.
Carlos Andrade Costa explica plano para redução das listas de espera
No que diz respeito aos profissionais do CHMT o administrador deixou uma palavra de agradecimento aos cerca de dois mil profissionais que integram estas três unidades hospitalares. E nesta linha revelou que todos os profissionais que foram sendo contratados para reforço do combate à pandemia vão continuar a trabalhar porque há uma expectativa de que o número de doentes crónicos pós-pandemia possa vir a aumentar.
Carlos Andrade Costa deixou ainda a nota do trabalho desenvolvido pelo serviço de Patologia que tem sido uma mais-valia para o combate a pandemia. Primeiro porque foi o laboratório que fez mais de 115 mil testes PCR para detetar o SARS-Cov-2 e depois porque está na linha da frente da identificação das novas variantes do vírus. Isto, de acordo com o administrador, numa altura em que foi confirmada uma segunda variante no Reino Unido que a par da primeira, da brasileira e da californiana, preocupam as autoridades de saúde.
Ainda no que diz respeito ao laboratório hospitalar, Carlos Andrade Costa destacou a excelente articulação com o dois agrupamentos de Centros de Saúde da Lezíria e do Médio Tejo. E confessou que, se no início toda a ligação passava por ele, agora o trabalho é feito de forma exemplar diretamente entre os ACES e o serviço de Patologia.
Neste encontro com jornalistas, realizado através de plataforma online, o administrador do CHMT realçou ainda que os planos de vacinação dos profissionais de saúde continua a ser realizado, tendo sido administradas as vacinas a algumas bolsas de profissionais que foram ficando para trás.