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Covid-19: "Isto não é uma coisa de uma quinzena ou de dois ou três meses" - Graça Freitas

29/03/2020 às 00:00

A diretora-geral da Saúde disse hoje que o surto de covid-19 não vai durar uma quinzena ou dois ou três meses, mas o tempo que tardar até haver uma vacina, e que os portugueses têm de continuar mobilizados.

"Os portugueses têm de entender que não estamos a terminar nada, estamos só a iniciar um percurso, depende de nós contrariar a atividade de um vírus que é extremamente inteligente, extremamente agressivo, quer na forma como se transmite, quer na forma como pode originar doença grave. Não podemos desmobilizar", disse Graça Freitas, na conferência de imprensa que se seguiu à divulgação dos números mais recentes sobre a doença covid-19 em Portugal.

Segundo a diretora-geral da Saúde, é necessário "interiorizar que isto não é coisa de uma quinzena, de dois ou três meses, até haver uma vacina esta situação vai durar meses".

Também a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que para enfrentar este fenómeno será necessário uma "grande disciplina e capacidade de resistência", devendo os cidadãos continuar a manter o distanciamento social para tentar minimizar as consequências da doença.

"Não podemos confiar na sorte. Precisamos da ação de todos para diminuir o número de infetados e vítimas", afirmou.

A governante recordou os casos dos mineiros confinados numa mina no Chile (em 2010) ou das crianças confinadas numa gruta na Tailândia (2018) para afirmar que o que está a ser feito "é difícil, põe a todos à prova, mas é necessário".

"Devemos manter as atividades laborais, na medida em que seja possível, porque precisamos de manter a sociedade a funcionar para todos, mas devemos evitar gestos, atos supérfluos, mesmo que nos soubessem bem. Para que nos possamos voltar a abraçar é preciso que nos situemos longe uns dos outros", disse.

Portugal regista hoje 119 mortes associadas à covid-19, mais 19 do que no sábado, e 5.962 infetados (mais 792), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Quanto à morte de um jovem de 14 anos residente em Ovar, esta madrugada na sequência de infeção por covid-19 segundo o vice-presidente da Câmara de Ovar, a diretora-geral da Saúde disse que é necessário avaliar "com cautela, do ponto de vista clínico", o que aconteceu ao jovem nas últimas 24 horas que antecederam a morte.

"Esta criança tem uma situação complexa do seu estado clínico habitual e do seu estado agudo, ou seja, do que aconteceu nas últimas 24 horas, e apesar de ter um teste que diz que é covid positivo, a sintomatologia com que foi admitido ao hospital pode indicar outro tipo de patologia. De facto, tem covid o que não impede de ter outras situações igualmente graves e infecciosas que estão a ser investigadas. Além disso, tinha um quadro de base que podia levar a uma alguma imunossupressão", afirmou Graça Freitas.

Lusa

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