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covid: Covid-19: PR diz que Governo não previu terceira vaga da pandemia

18/01/2021 às 14:12
Foto: Pedro Pina - RTP

O Presidente da República e recandidato considerou hoje que o Governo não previu a terceira vaga da pandemia de covid-19 e afirmou que, se for necessário, será utilizada a requisição civil de meios de saúde privados.
"Eu diria que houve, por um lado, a não antevisão da terceira vaga no tempo propriamente dito, a concentração no caso da grande Lisboa, e houve a sensação de que não iam ser necessários tantos recursos privados e sociais quanto aquilo que acabou por ser necessário a partir, sobretudo, do crescimento dos casos em dezembro e em janeiro", afirmou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa participou hoje num debate radiofónico entre seis candidatos a Presidente da República (sem André Ventura, que recusou participar), que será o último antes das eleições do próximo domingo.
O Presidente da República antecipou um agravamento da pandemia em Portugal, indicando que se prevê, “para sexta-feira desta semana, qualquer coisa como 700 a 800 internados em cuidados intensivos, ao ritmo de 10, 11, 12, 13 mil casos por dia, e cerca de cinco mil, entre 4.800 e cinco mil internados".
O chefe de Estado referiu que, para dar resposta a este cenário, vai abrir "mais uma unidade de recuo" em Lisboa, junto ao Hospital Santa Maria, que "vão abrir reforços dentro do Serviço Nacional de Saúde em termos de camas", apesar das "dificuldades" em atribuir profissionais de saúde a essas camas, e indicou que os hospitais militares ainda têm capacidade para ajudar.
Sobre o papel dos privados, o Presidente da República defendeu que têm a capacidade "neste momento perto do limite", mas adiantou que, "de qualquer modo, tem-se estado a ver que acordos é possível celebrar".
"Não houve até agora a necessidade de requisição civil, se tiver que ser utilizada, é utilizada", garantiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou igualmente que este confinamento é diferente daquele que vigorou no início da pandemia, desde logo porque as fronteiras estão abertas, e a economia está menos restrita, salientando que o Governo tem tentado "um equilíbrio" para controlar a crise económica e a pandémica.
A pandemia foi um dos temas que marcou o debate de duas horas entre os seis candidatos (Ana Gomes, Marisa Matias, Marcelo Rebelo de Sousa, Tiago Mayan Gonçalves, Vitorino Silva e João Ferreira), que teve transmissão simultânea na Antena1, Rádio Renascença e TSF e foi moderado por três jornalistas.
Ana Gomes salientou que “não banalizaria o estado de emergência” e teria “reforçado a mão do Governo na negociação com os privados”.
A candidata apoiada por PAN e Livre defendeu a requisição civil de meios privados para fazer face à situação de rutura dos hospitais, e também o recurso aos meios das Forças Armadas, mas salientou que o Serviço Nacional de Saúde deve ser “devidamente financiado”.
No que toca às mais recentes medidas decretadas pelo Governo para combater a pandemia, Ana Gomes apontou que “muita gente não está a perceber” que a situação é “limite”, pois não estão a cumprir o dever de recolhimento, mas criticou também que os equipamentos culturais estejam fechados enquanto, por exemplo, os serviços religiosos continuam permitidos.
Tiago Mayan Gonçalves criticou a “tômbola de exceções” às medidas e defendeu a necessidade de “melhorar a oferta de saúde” também no que toca a doentes com outras patologias além da covid-19, através da contratualização com o setor privado.
Vitorino Silva, por seu turno, notou que “o povo foi mandado para casa” e que, por isso, está a fazer campanha através da Internet, criticando os restantes candidatos por continuarem com ações de rua.
João Ferreira contrariou o adversário Vitorino Silva, salientando que “há muito povo que está a trabalhar todos os dias”, e pediu o reforço do rastreio.
Apontando que o próximo Presidente tem de “pensar no relançamento do país”, o candidato comunista defendeu que o futuro deve ter “novas bases”, e atirou a receita comunista: reforço do SNS e valorização do trabalho e da produção nacional.
Também Marisa Matias quis defender-se, advogando que os candidatos “têm obrigação de fazer a campanha cumprindo as normas” e “dar o exemplo”, tendo criticado André Ventura por não ter comparecido no debate.
A candidata apoiada pelo BE voltou a defender o reforço do SNS e alertou para a situação dos trabalhadores precários, apontando que estão entre os mais afetados pela pandemia, salientando que as pessoas “precisam de apoios” para poderem confinar-se.
Os candidatos foram unânimes na exigência de mais apoios para a sociedade e a economia, e alertaram para a situação nos lares.
Ao longo do debate, e à semelhança do debate entre todos os candidatos que foi transmitido na RTP, o atual Presidente da República foi alvo das críticas dos opositores, que salientaram também o poder da “palavra” e da influência do chefe de Estado.
Enquanto Tiago Mayan Gonçalves acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser o “porta-voz do Governo”, mas também de ter aderido a “pactos de silêncio”, Vitorino Silva classificou como “necessidade de aparecer” o facto de ter divulgado o resultado dos vários testes que fez recentemente ao novo coronavírus, um positivo e os seguintes negativos.
“Parece que queria ter o covid no currículo”, atirou o ex-autarca de Rans.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.022.740 mortos resultantes de mais de 94,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.861 pessoas dos 549.801 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Lusa

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