No ano em que a pandemia chegou a Portugal, houve menos 151 mil cirurgias e menos 1,3 milhões de consultas nos hospitais públicos e nos centros de saúde foram as não presenciais que equilibraram a balança.
A covid-19, que chegou a Portugal no dia 02 de março de 2020, obrigou muitas unidades de saúde a pararem a atividade programada que não fosse urgente, requisitou para a assistência aos doentes infetados com o novo coronavírus pessoal de variados serviços da saúde e condicionou os cuidados de saúde primários, pois os médicos de família também foram chamados a ajudar nos inquéritos epidemiológicos.
Os dados do Portal da Transparência do Ministério da Saúde indicam que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) fizeram 1.155.479 cirurgias (programadas, urgentes, ambulatório e convencionais) no ano passado, menos 151.476 do que em 2019.
Em janeiro deste ano foram realizadas 44.144, uma quebra de 30,6% relativamente ao mês homólogo.
Os dados do portal indicam que houve menos 10.996 cirurgias urgentes no ano passado, uma redução de 10,8% relativamente ao ano anterior.
Mas as que mais baixaram em termos percentuais foram as cirurgias de ambulatório, com um total de 320.852 realizadas (menos 77.663, -19,4%).
Nas programadas fizeram-se 486.985, o que representa menos 115.775 (-19,2%) do que no ano anterior, e nas cirurgias convencionais (normais com internamento) a quebra foi de 18,6% (-38.112).
Quanto às consultas, no ano passado os hospitais fizeram 11,1 milhões, quando em 2019 tinham realizado 12,4 milhões. Foram menos 584 mil primeiras consultas e menos 726 consultas subsequentes (de seguimento).
Comparando o mês de janeiro deste ano com o de 2020, houve uma quebra de 17%.
Para tentar contornar a quebra de consultas nos hospitais, as unidades hospitalares passaram a recorrer mais à telemedicina e no ano passado foram feitas 44.534 consultas em telemedicina, mais 14.756 do que em 2019.
No ano em que a pandemia chegou a Portugal, as pessoas recorreram menos às urgências e, no total, foram registados menos 1,9 milhões de episódios. Contudo, foram em maior percentagem os que recorreram às urgências em pior estado e tiveram prioridade máxima (cor vermelha na triagem de Manchester).
Segundo o portal, em 2019 os doentes que nas urgências receberam pulseira vermelha representavam 45,5% do total e no ano passado esse valor subiu para 54,9%.
Nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), as consultas presenciais caíram a pique por causa da pandemia, pois houve menos 7,8 milhões. Mas este valor foi compensado por um duplicar de consultas não presenciais, que passaram de 9,1 milhões em 2019 para 18,5 milhões no ano passado.
No que se refere ao mês de janeiro deste ano, foram realizadas mais de um milhão de consultas presenciais nos centros de saúde, valor substancialmente inferior ao registado no mês homólogo (1,9 milhões), e 2,3 milhões de consultas não presenciais, quase três vezes mais do que em janeiro de 2020 (872 mil).
A covid-19 também afetou as consultas ao domicílio nos CSP, que em 2020 foram menos 282 mil do que no ano anterior.
Lusa