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Reportagem: Empregados da Tupperware ainda desconhecem o futuro. PCP pede intervenção do governo (c/áudio)

8/01/2025 às 17:37

A fábrica da Tupperware não fechou hoje, 8 de janeiro, como estava inicialmente previsto. Mas não se sabe mais nada sobre o futuro. A empresa reúne esta quinta-feira, às 15 horas, com os trabalhadores que esperam saber qual vai ser o seu futuro.

Entre o desânimo, à saída do turno, pelas 15 horas, questionados sobre o dia, as respostas foram curtas, de incerteza, por um lado, e ainda de alguma expetativa, por outra. É que se soube, esta quarta-feira, através do presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, que existirá um grupo de investidores portugueses que podem estar interessados no negócio e que podem já ter apresentado uma proposta à casa mãe que, como se sabe, foi criada em 1946, nos Estados Unidos, em Massachusetts, e que tem a sede em Orlando, no estado da Florida. E é precisamente aí que a empresa tem a correr um processo de insolvência que está a causar estes problemas em todo o grupo.

Ao que se soube a licença para produção em Montalvo terá terminado esta quarta-feira, dia 8. É a informação conhecida. À saída da fábrica os trabalhadores foram dizendo que esta é a situação, mas que amanhã estão a trabalhar normalmente, apenas as linhas de produção estarão paradas. Mas o tratamento dos produtos, armazenamento e embalamento não terminaram.

 

À medida que iam saindo do turno algumas trabalhadoras foram respondendo às perguntas dos jornalistas e do eurodeputado do Partido Comunista, João Oliveira, que quis estar presente a manifestar solidariedade e apoio aos trabalhadores.

Entre as dúvidas e incertezas, algumas das respostas apontaram a uma voz triste. Umas trabalhadoras dizem que foram 20 ou 30 ou 45 anos a trabalhar na fábrica e outras acrescentam que esperavam outro desfecho, sair da fábrica não pelo seu encerramento, mas pela reforma.

Nenhum trabalhador apresenta queixas laborais ou ordenados em atraso. Uma delas diz mesmo que a produção nunca baixou e que tem havido sempre encomendas. Só não sabem o que é que se passa do lado de lá do Atlântico que é a base de toda esta agitação. A fábrica de Montalvo não é filial ou sucursal, ou tem outro acrónimo que poderia representar alguma independência. É uma fábrica que depende de Orlando. E sempre assim foi. Tanto mais que o autarca de Constância, Sérgio Oliveira, tem lamentado esse isolamento, mesmo noutros períodos de estabilidade ou de trabalho em turnos de 24 horas por dia. O presidente não critica o funcionamento, mas diz que esta ausência de informação ou contactos com os responsáveis sempre foi uma realidade que ultrapassa este período de incerteza.

O eurodeputado comunista também foi fazendo perguntas, mas as respostas dos trabalhadores foram idênticas às que foram dadas aos jornalistas, pelo que quando instado a comentar o sentimento que teve das conversas com os empregados, João Oliveira disse que sentiu algum conformismo ou resignação.

 

João Oliveira, eurodeputado do PCP

Neste dia em que terminou a licença para produção da fábrica de Montalvo, Sérgio Oliveira disse à agência Lusa que sabe que “um grupo empresarial apresentou uma proposta para comprar tudo, instalações e maquinaria, podendo manter, se não a totalidade, pelo menos alguns dos trabalhadores, e que aguarda resposta.”

Já o PCP, através do eurodeputado João Oliveira fez questão de contactar com os trabalhadores e aos jornalistas, à porta da fábrica, disse que o primeiro passo deverá ser “evitar o encerramento da empresa e a perda de capacidade de produção que aqui está instalada.”

Depois o dirigente comunista vincou a necessidade de se discutir com os responsáveis da própria empresa quais as soluções que podem existir para garantir a viabilização da produção e a manutenção dos postos de trabalho.”

Para João Oliveira estas têm de ser preocupações para quem tem responsabilidades, apontando o governo como a entidade que deve intervir em primeiro lugar neste processo.

João Oliveira disse ainda que vai levar esta questão ao Parlamento Europeu.

João Oliveira, eurodeputado PCP

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.

Vendedoras fizeram as últimas encomendas no fim de semana 

Em jovem rendeu-se à Tupperware como cliente e há 24 anos passou a ser vendedora, Vicência Teles fez no domingo aquela que pode ter sido a última encomenda à marca que não consegue imaginar ausente da cozinha dos portugueses.

"Estamos à espera de saber. Tenho pena, mas acredito que possamos continuar a vender em Portugal, até porque a marca é muito forte cá", contou à Lusa no 'quiosque' da Tupperware do centro comercial Colombo, em Lisboa, onde a afluência aumentou desde que saíram as notícias da insolvência da multinacional norte-americana.

Vicência Teles conta que "tem havido muito mais procura". "No outro dia chegou-me aqui uma cliente a dizer que a mãe tinha entrado completamente em pânico. Veio comprar mais caixas iguais às que tem com medo que deixem de existir", relata.

Da empresa recebeu informação de que as encomendas de produtos na plataforma da marca fechavam às 23:00 do passado domingo, pelo que 'correu' a reforçar o 'stock' de produtos da marca mais conhecida pelas caixas de plástico para guardar alimentos.

Em comunicado publicado na página ‘online’ da Tupperware Portugal, a "família Tupperware" é informada de que "no contexto das decisões tomadas pela empresa-mãe para todos os países europeus [...] está de momento suspensa a possibilidade de processar novas encomendas", sem mais informações sobre o futuro da empresa no país.

 

Jerónimo Belo Jorge c/ Lusa

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