O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou hoje que o uso da máscara, nomeadamente nas escolas, vai ser reavaliado nas próximas duas semanas e terá em conta o índice de transmissibilidade e mortalidade da covid-19.
“Neste momento temos indicadores que podem permitir que nos próximos tempos, oito ou 15 dias, a Direção-Geral da Saúde (DGS) reanalise todo este processo e, se estes indicadores se mantiverem, poderá aliviar estas restrições”, disse aos jornalistas António Lacerda Sales, quando questionado sobre a posição do Conselho Nacional de Saúde, que contestou a manutenção do uso de máscara nas escolas.
O secretário de Estado, que falava no final de uma cerimónia que assinalou a aquisição de 45 novas ambulâncias do INEM, sustentou que é importante neste momento passar o período da Páscoa, tendo em conta que é uma altura de maior mobilidade social, e também do início de aulas.
“É bom que se possa deixar decorrer estes próximos dias para se perceber se este período de maior mobilidade social teve algum impacto naquilo que é a incidência, que até agora se tem mostrado decrescente”, frisou António Lacerda Sales, referindo que atualmente Portugal está com 577 casos de infeção por 100 mil habitantes nos últimos sete dias e o índice de transmissibilidade é inferior a um.
Segundo o governante, estes indicadores não têm provocado um impacto na mortalidade geral.
“Mediante estes bons indicadores e, se os mantivermos na próxima semana ou durante as próximas duas semanas, garantidamente que a DGS poderá reanalisar esta medida, nomeadamente o uso das máscaras, e poderá eventualmente dentro de uma ou duas semanas proceder ao alívio destas restrições, nomeadamente nas escolas”, sublinhou.
António Lacerda Sales ressalvou ainda que “esta decisão é iminentemente técnica” e que “as boas decisões políticas se apoiam sempre em boas decisões técnicas”.
No dia em que começou o terceiro período do ano letivo, o Conselho Nacional de Saúde tornou pública a sua posição contra a manutenção do uso de máscara nas escolas, considerando que a infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 entre a comunidade educativa "não tem uma dimensão objetiva que o justifique".
Aquele órgão consultivo do Governo liderado pelo epidemiologista Henrique Barros "vê com apreensão a insistência" no uso de máscara "no contexto das escolas e creches", considerando que "esta medida de proteção individual", sendo de "aplicação proporcional", deve "restringir-se a outros contextos mais específicos", como serviços de saúde ou lares, e "não à comunidade escolar, onde a infeção não tem uma dimensão objetiva que o justifique".
Na quarta-feira, a diretora-geral da Saúde disse que, apesar de a covid-19 nas crianças ser "habitualmente ligeira", o fim do uso da máscara nas escolas "é um risco ainda grande com a transmissibilidade que ainda existe".
A covid-19 é uma doença respiratória infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado em finais de 2019 na China e que se disseminou rapidamente pelo mundo.
A Ómicron é a variante do SARS-CoV-2 dominante e a mais transmissível.
Apesar de eficazes, as vacinas contra a covid-19 em circulação não impedem totalmente a infeção e a transmissão da infeção.
Lusa