Esta quinta-feira, 11 de fevereiro, assinalou-se o Dia Mundial do Doente e o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) divulgou um vídeo nos seus canais digitais com uma pequena conversa, se cerca de sete minutos, com o médico Nuno Catorze, diretor da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).
O CHMT definiu a unidade de Abrantes para ser o hospital de referência para receber e tratar doentes Covid-19. Nesse sentido foram tomadas todas as medidas para ter em linha de conta as definições do Ministério da Saúde naquilo que são as necessidades hospitalares do país.
Há cerca de uma semana a unidade hospitalar de Abrantes promoveu uma nova alteração funcional criando mais uma enfermaria para doentes Covid tendo, por isso, feito a transferência dos doentes de Cardiologia para a unidade de Tomar. Trata-se de uma transferência temporária, mas que permitiu à unidade de Abrantes aumentar a capacidade Covid para 185 camas de enfermaria e 24 de cuidados intensivos.
Nuno Catorze explicou que nesta semana assistiu-se a um ligeiro alívio da pressão hospitalar, por via da diminuição de contágios decorrentes das medidas restritivas que foram impostas. Mesmo assim o médico intensivista explicou que “na semana passada atingimos o máximo de 24 camas em UCI” e acrescenta que num ano de Covid-19 apenas 37% dos doentes que passaram por Abrantes são da região do Médio Tejo.
O diretor da UCI de Abrantes revelou ainda que no trabalho de rede hospitalar que tem funcionado este hospital recebeu doentes de Lisboa e Setúbal, mas também de Bragança, Portalegre ou Évora.
Nuno Catorze disse que também o perfil do doente foi alterando à medida que passaram os meses de 2020. Até ao inverno quem era internado em enfermaria ou UCI eram doentes mais idosos, mas depois a faixa etária foi descendo: “passámos a ter doentes cada vez mais jovens, mais cansados e com mais tempo de internamento”. O intensivista ressalvou ainda o facto de surgirem cada vez mais doentes com outras morbilidades associadas a esta doença.
Quando questionado sobre o sentimento que tem quando passa as portas das enfermarias Covid, ou covidários como lhe chamam, o médico, mesmo com toda a experiência, revela ter sempre alguma emoção porque “está ali um familiar de alguém”.
Nesta altura o primeiro-ministro já deu a entender que o confinamento vai durar pelo menos até ao final de março. Nuno Catorze diz que "temos de ter uma Páscoa controlada, o que não tivemos no Natal, temos de ter na Páscoa. Vamos ter de limitar visitas, viagens, porque de facto os adultos não aprendem". Temos de ter um “um Natal mais controlado” e que depois, lá para o verão, poderá, aí sim, haver uma maior abertura da sociedade: “poderemos ter outras liberdades”.
Mas para o diretor da UCI do CHMT tudo vai depender da condição imunológica da população. Ou seja, dependerá muito do nível de vacinação que tenhamos no país.
No entanto, deixa a nota muito clara: “se tivermos respeito pelas medidas, pela família, teremos uma vida quase normal”. Mas o normal será, afirmou Nuno Catorze, com a máscara, que veio para ficar, com algum distanciamento social que passará a fazer parte das nossas vidas.
E no final deixou uma outra nota que, mesmo quando esta fase complicada passar, a nossa vida, a nossa sociedade não será a mesma. E se os pais não cumprirem são os filhos que vão pagar a fatura.
A mensagem final do intensivista é a mesma do final de novembro quando concedeu uma entrevista ao Jornal de Abrantes e à Antena Livre: cumprir as regras do confinamento, as restrições, usar a máscara, utilizar o distanciamento social e, acima de tudo, ficar em casa. Só com este “isolamento” se combate esta pandemia.
Recorde-se que no Jornal de Abrantes de dezembro Nuno Catorze disse, numa grande entrevista, que não iríamos ter Natal. Afirmou que tudo estaria preparado para a medicina de catástrofe, caso fosse necessário, e disse o mesmo que diz agora. A pandemia só se consegue combater se forem cumpridas as regras do confinamento, do uso de máscara, do distanciamento social. Na altura afirmou também que a nossa vida não voltará a ser a mesma e que vamos ter de nos habituar a viver de forma diferente, com maior distanciamento.