Este ano, entre os dias 5 e 15 de outubro, chega a Minde a 12.ª Edição do Festival Materiais Diversos,que vai dividir-se entre as Festas Populares de Alcanena, no primeiro fim de semana do festival (5-7 outubro) e no Cine-Teatro São Pedro de Alcanena (entre 10 e 14 de outubro). Sendo o seu principal objetivo “continuar a aproximar as pessoas e as artes contemporâneas”, neste encontro serão apresentados diversos espetáculos de dança, teatro, música e instalações com conversas que “revelam o trabalho de artistas e valorizam as relações que este Festival constrói ao longo do tempo”.
O Festival Materiais Diversos “distingue-se pelo trabalho que desenvolve ao longo dos anos com a população do concelho de Alcanena” e insere-se no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, numa “espécie de reino de pedra que, ao mesmo tempo, constitui um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea de Portugal”.
Minde, no concelho de Alcanena, “é o verso do Festival, é o território que cria a matriz de todo o programa que desenhamos, na Serra de Aire e Candeeiros, no Polje de Mira-Minde, um espaço onde as montanhas, as rochas e a água nos inspiram com os seus movimentos subtis”, descreve Elisabete Paiva, diretora artística do Festival.
Assim, este Festival é descrito como “um reflexo e um momento que em que emergir o trabalho muitas vezes invisível às relações, acompanhamento e apoio à criação”, este encontro contará com a presença de vários artistas regionais e internacionais que irão partilhar a sua arte em diversos espetáculos.
Neste sentido, vão existir vários espetáculos ao longo desta semana de Festival, entre eles estão: “as Oficinas Corpo Comum”, que é uma exposição orientada por Marta Tomé e Raquel Senhorinho, com as turmas de 5.º e de 7.º ano do agrupamento de Escolas de Alcanena. “Discálias” de Giovanna Monteiro e Leonor Mendes e “La Burla”, de Bibi Dória e Bruno Brandolino, estas são criações de dança, apoiadas no âmbito das bolsas “Fios do Meio e Novos Materiais”, assim como, “Coreografia em sala de aula” de João dos Santos Martins, que decorre do espetáculo Coreografia e será apresentado em várias escolas de primeiro ciclo do concelho. Também vão acontecer várias produções como “KdeiraZ”, de Natália Mendonça, este espetáculo para crianças traduz um investimento continuado na aproximação de jovens públicos à dança. “Decadência” e “Mil e Uma Noites”, de Cátia Terrinca/UMCOLETIVO, que trazem à luz a criação literária de autoras portuguesas do século XX tão relevantes como Judith Teixeira, mas também de mulheres do concelho de Alcanena. Também contarão com várias conversas, onde serão acolhidas “Las Lamparas”, de Leticia Scrycky, “All in the air is bird”, de Maria Jerez e Élan d'Orphium e “O Banquete das Saudades”, de Anne Lise Le Gac, projetos que “desafiam a perceção e incitam novas colaborações”. Igualmente nesta linha serão apresentadas conversas urgentes, que reúnem neste programa a Gio Lourenço com “Boca Fala Tropa”, Elizabete Francisca com “a besta, as luas” e também chica, voz ativista na música. No fim, vão existir também mesas longas, organizadas com atores e parceiros locais que aprofundarão o espaço imersivo para profissionais no festival, com o seminário “Companheirismo e colaboração- praticas artísticas para a sustentabilidade”.
É de referir que numa iniciativa de Clara Antunes (produtora, investigadora, mediadora) também convidada do festival, que à luz da sua pesquisa sobre como as artes performativas podem contribuir para prospetar outro devir face às aceleradas alterações climáticas e numa perspetiva de equacionar possibilidades de trabalho em conjunto, a Clara “trará uma proposta, quer expositiva, quer prática para o grupo de profissionais que se inscrevam no seminário, contemplo ainda um trabalho livre em que as pessoas inscritas poderão trazer as suas próprias questões, os seus próprios projetos para colocá-los em debate neste grupo”, explica Elisabete Paiva.
No fim, Elisabete Paiva ressaltou que nesta edição, além de “procurar tornar visível aquilo que por ventura será invisível a maior parte do tempo para a restante comunidade de colegas, nomeadamente no trabalho feito desde 2022 e em alguns casos nos últimos quatro anos porque há artistas, projetos, no programa que já vêm sendo acompanhados há bastante mais tempo, queremos efetivamente também tornar visível este movimento de desaceleração que experimentamos de forma mais decisiva desde 2020, isto é particularmente importante, não por um ou outro projeto que pontualmente possam representar este ato desaceleração, esta visão ecológica do que também é programar, produzir, acolher, criar, mas parece-nos que contribui para tornar mais visível uma malha muito fina e muito complexa de relações, daí também no programa não haver propositadamente uma hierarquia entre atividades principais e complementarias e entre artistas profissionais e artistas não profissionais, portanto, apresentamos-vos um fluxo ao longo dos 10 dias de Festival que permite a qualquer público mediante os seus interesses navegar em roteiros diários ou de vários dias, mas que permitem simultaneamente a experiência do programa que o festival oferece, mas a experiência de estar num lugar com as pessoas que tornam possíveis ou inspiram este programa”.
Jade Garcia