A caminho das bodas de prata, os Hyubris regressam aos palcos já esta quinta-feira com um espetáculo renovado!
O regresso aos palcos depois de um período em que estiveram fechados em estúdio na pré-produção do novo álbum, foi adiado a 29 de Outubro quando, a poucas horas da atuação do Festival “Música na Aldeia” em São Miguel do Rio Torto, chega a noticia do grave acidente de viação que envolveu Pedro Tomaz (mais conhecido por Panda), o baixista dos Hyubris, deixando os elementos da banda em choque. O concerto já não aconteceu e todas as energias foram canalizadas para a situação do Amigo, que ainda se encontra em recuperação. Ainda assim, mais de 6 meses depois, a banda volta aos palcos já esta quinta-feira, dia 25, em Azinhaga (Golegã). Segue-se 27 Maio em Alenquer e 17 Junho em Carcavelos.
Filipa, este é um regresso diferente aos palcos, que acontece com um novo baixista que substituirá o Panda que ainda está em recuperação. Qual é o estado de saúde atual do vosso baixista e Amigo?
É de facto um regresso diferente. Nunca esperámos ser desta forma, sem um elemento da banda. O nosso Panda ainda está hospitalizado, desde 29 de outubro, dia em que íamos tocar no Festival “Música na Aldeia” …mas está em recuperação a fazer algumas fisioterapias. Mas, como guerreiro que é depressa voltará aos palcos connosco. E o nosso maior desejo é que volte depressa à normalidade da vida.
O acidente, gerou uma onda de solidariedade e amor para com o Panda e em simultâneo para com a banda! Como é que se vive um momento difícil destes?
Sim, é verdade! O Panda é das pessoas mais puras e genuínas que conheço… e quem o conhece verdadeiramente sabe disso. E a onda de solidariedade deve-se sobretudo “à boa pessoa que ele é”. Enquanto banda, sentimos toda a energia positiva das pessoas que nos acompanham desde sempre…pela amizade e amor que nos une enquanto família Hyubris. O nosso maior medo nunca foi o de perdermos o nosso baixista… mas sim o nosso AMIGO…o nosso querido Panda!!! Vivemos um grande pesadelo! Saber que um de nós corria perigo de vida foi avassalador. O Panda é o nosso “pilar” da harmonia e descontração. A simplicidade representada em figura humana.
Entretanto, para honrar a agenda, foram “recrutar” João Pereira, o baixista que vem substituir o Panda, que é também alguém muito próximo de Hyubris, quer como fã, quer como Amigo…
Sim, é verdade! O João Pereira já pertencia ao nosso núcleo de amigos…E foi o próprio Panda que o sugeriu. E é curioso, pois eles têm a mesma essência. Descontraídos…excelentes baixistas…e o João é de uma grande dedicação para que tudo corra bem!
O regresso aos palcos, com outro baixista foi uma decisão muito ponderada, pensaram parar e esperar pelo Panda, ou por outro lado acharam que esta seria uma boa forma de honrar o vosso baixista e dar-lhe força?
O Panda é uma força da natureza…e a decisão final à questão que colocas, partiu dele, pois o regresso dos Hyubris era uma vontade muito grande também para ele. E mesmo “a lutar pela vida” é ele próprio que nos consegue dar forças para continuar e pede-nos para que este projeto não seja adiado mais uma vez. Horas antes do acidente ele enviou-me uma mensagem… todo entusiasmado com as músicas novas… e a partilhar o quanto estava feliz pelo nosso regresso. Particularmente com um tema novo que se chama “Sonho”…E aguardaremos a apresentação desta música mesmo para o seu regresso. Sendo que, o nosso maior “sonho”… será o de podermos voltar a tocar com ele.
E uma vez de volta aos palcos, estão já anunciadas por vós, novidades. Depois da Tour “Metamorfose” o que nos trazem os Hyubris em 2023?
Os Hyubris gostam de surpreender e como tal, as nossas musicas estão em constante metamorfose. Para nós nunca são dadas como terminadas. Por exemplo, muitas músicas dos dois álbuns anteriormente gravados sofreram arranjos musicais novos. De facto, as canções são intemporais e podem mesmo ter várias vidas. Por outro lado, vamos apresentar novos temas…com poemas mais intimistas.
Canções essas que fazem parte do novo álbum que está quase pronto, certo?
Certo. Isso mesmo. O novo álbum está agora em pré-produção. No entanto, no próximo mês pretendemos lançar um single de apresentação. Queremos fazer o lançamento do novo trabalho, até final de 2023.
Os Hyubris, têm tido uma carreira que faz em 2023, 22 anos, que foi quando se juntaram. Em 2003 apresentaram-se em grande ao público… Têm sido anos de muita aventura, muitas viagens e muitos concertos por esse país fora. Mas também com algumas paragens forçadas. Qual o balanço que fazes dos últimos 20 (e poucos) anos?
Sou muito grata pelo que conquistámos ao longo do tempo…não só por todas as músicas, viagens, concertos mas sobretudo pelas pessoas fantásticas que temos conhecido e que continuam a acreditar em nós. É maravilhoso podermos compor e escrever o que realmente nos vai no coração. E Hyubris é isso mesmo…é um estado de alma que nos transcende no tempo. Tenho a certeza que este sentimento vai-me acompanhar até ao meu ultimo suspiro. É mais forte que nós!!! O balanço é por isso muito positivo, mesmo com as nossas vidas atribuladas…
Ia falar das vidas atribuladas agora…conciliar a vida da banda, com as vossas vidas pessoais e profissionais nem sempre tem sido fácil, portanto…
Não é fácil…mas, nunca foi impossível! Mesmo com o nascimento dos meus filhos (Morgana e Igor) temos conseguido conciliar a música com a vida pessoal e com o trabalho.
A opção de viver a música a tempo inteiro, nunca foi considerada? Os vossos fãs pedem-vos isso? (um tempo inteiro).
Seria um sonho concretizado…poder viver da música…ter mais tempo para todo o processo criativo, para compor, gravar, tocar! Mas pessoalmente não me sentiria realizada só com a música… sentiria falta da minha profissão, a qual adoro. Adoro os meus bebés/crianças… sou Educadora de Infância e não poder exercer não sei até que ponto o meu coração aguentaria estar sem as minhas fadas e duendes do mundo real (risos).
Apesar de sentirmos uma maior pressão, nos últimos tempos, para o nosso regresso a tempo inteiro …Acredito que os nossos fãs sejam pacientes…compreensivos…e que nos querem ver acima de tudo felizes.
Desde a vossa apresentação pública em 2003, como é que olhas para a evolução musical dos Hyubris?
Os Hyubris nasceram em 2001… e desde logo sentimos um grande carinho por todo o nosso concelho. Começámos a criar músicas e a agendar concertos, pois a nossa vontade de sair da sala de ensaio era enorme. Participámos em alguns festivais por todo o país e ganhámos vários concursos de bandas…um deles inclusive permitiu-nos tocar na Festa do Avante. Ganhámos também, alguns prémios habituais nestas andanças: “melhor voz, melhor vocalista, melhor performance, melhor versão/interpretação com a estimada “Canção de Embalar” de Zeca Afonso”, entre outros. Tudo isto fez-nos acreditar no grande caminho que queriamos percorrer. Em 2003 fomos oficialmente apresentados a toda a região na Gala Antena livre, como “banda revelação” e por isso consideramos sempre que a partir daí é que o público nos começou a conhecer, o nosso percurso foi crescendo, começámos a passar nas rádios da região, também na Antena 3 e, percorremos Portugal de norte a sul com espetáculos ao vivo e participámos em alguns programas de televisão.
E pelo percurso, existem dois álbuns gravados…Como foi gravar os álbuns de Hyubris?
Sim. Dois álbuns…Em 2005, entrámos nos estúdios Rec´n´roll, no Porto e gravámos o primeiro álbum “Hyubris” produzido pelo carismático Paulo Barros, sendo masterizado na Alemanha pelo Tommy Newton. Em 2009, apresentamos o segundo álbum de originais “Forja” produzido pelo Nuno Loureiro (que atualmente é o nosso técnico de som efetivo) sendo masterizado nos Finnvox Studios, Helsinquia, Finlandia. Com a gravação destes álbuns surgiram muitos concertos e apresentações acústicas nas Fnac’s de todo o país. Esperamos que com o lançamento do terceiro álbum possamos continuar pelo mesmo caminho.
Como é que olhas para o estado da música do nosso país? Concordas que estamos a viver uma nova fase em que as oportunidades surgem mais a novos nomes ou nem por isso?
Penso que a música do nosso país está bem representada, quer na vertente mainstream ou underground. Temos artistas que passam mais nas quotas comerciais e outras que apesar de não serem tao divulgadas ou por não respeitarem os padrões impostos pela indústria musical são mais valorizados a nível internacional, como o caso dos Moonspell entre outras bandas.
A Mimicat dizia, a propósito de ter ganho o Festival RTP da canção deste ano que “Ninguém sabia quem eu era, isto é por todos os underdogs que andam aí”. Queres comentar?
É verdade! Eu na verdade também eu não a conhecia. As nossas rádios e televisões passam pouco do muito que se faz no nosso país. Exceção feita à Antena Livre e a outras rádios locais que felizmente fazem o que devem fazer. E o facto de a Mimicat ir ter ido ao festival com uma candidatura espontânea e sem ter sido convidada…e ter ganho, talvez abra horizontes para que a liberdade de expressão… seja respeitada num todo…e, foi dada a conhecer no canal público, sem patrocínios.
No tempo de vida que os Hyubris têm o Festival RTP da canção já passou por várias fases. Atualmente (e desde 2017, ano em que o Salvador Sobral venceu a eurovisão), temos visto passar pelo festival não só grandes nomes da música, mas também muitos “Underdogs” (a Mimicat era uma delas). Vês-te a ir a um festival da canção com os Hyubris?
Ir ao festival da canção seria mesmo um sonho…Todos os anos quando assisto ao festival… penso “ainda não foi este ano”. Mas é um desejo muito íntimo que desde sempre guardo em mim. Quem sabe se não em 2024??? (risos)
Os Hyubris, nascem em Tramagal (Abrantes), nunca deixaram as suas carreiras profissionais, mas já fizeram muita estrada como já falámos nesta entrevista. E, 20 anos depois, por cá continuam a caminho dos 25 anos de Hyubris. Como se diz na canção do Jorge Palma, “Enquanto houver estrada para andar”…vão continuar?
Sim…enquanto houver estrada… “vamos caminhando”. Mas de momento, e reescrevendo outras palavras de Jorge Palma “dá -me lume…e deixa-me rir” (risos).
Entretanto, a Filipa Mota vai subir ao palco principal das Festas da Cidade de Abrantes, dia 11 de Junho, para uma participação muito especial, no espetáculo do Pedro Dyonysyo. Queres levantar-nos um pouco o véu sobre essa participação?
Sim…é verdade. Tenho uma grande admiração pelo Pedro Dyonysyo, que me convidou para esta participação pontual e que creio que será muito especial. Cantarei com ele, uma das suas músicas. É uma canção original do Pedro, que foi criada em 2007, que tem agora novos arranjos e uma interpretação a dois. É uma música muito especial, com um poema lindíssimo. Não vou dizer qual é, para ser surpresa. Já a gravámos em estúdio, para que fique o registo e no dia 11 de junho vamos então cantá-la juntos nas Festas da cidade de Abrantes. O Pedro Dyonysyo é fantástico, um excelente músico e ser humano. É uma honra poder cantar com ele.
Já tiveste outros convites para outras colaborações, ou é uma primeira vez?
Sim. Na verdade, já tive alguns convites…mas é raríssimo aceitar. Sempre me manterei fiel a Hyubris (risos). É com Hyubris que me identifico e onde consigo ser “eu própria” sem limitações e formatações. Poderei colaborar, claro, mas sei que nunca seguirei padrões que me impeçam de ser EU… a “Filipa dos Hyubris”.
Abrantes já recebeu os Hyubris várias vezes. Sentem-se acarinhados e apoiados pela vossa terra e pelo vosso concelho?
Sim…sempre fomos muito acarinhados pela nossa terra e concelho. E agradecemos todo o apoio sempre demonstrado. Esperamos muito em breve, poder regressar aos palcos da “nossa casa”. Estamos numa fase de regresso e promoção. Além das datas já anunciadas, temos outras (que ainda não se podem revelar) para este ano e estamos a desenvolver contactos já para 2024. Esperamos poder continuar a fazer o que mais gostamos… a nossa música. Estamos ansiosos por poder mostrar os novos temas…Que contam muitas histórias “que te mostram canções… de feridas eternas de glórias e paixões”, como diz a letra duma das nossas canções.
Nesta fase da vida de Hyubris, o que mais gostavas de dizer a quem está a ler esta entrevista?
OBRIGADA!... por terem esperado por nós… e por continuarem a acreditar que a música poderá sempre tornar o mundo mais belo e melhor. Muito obrigada também a toda a comunicação social que nos tem apoiado e acarinhado e a todos os que duma forma ou outra estão connosco. Estamos disponíveis para os palcos do nosso país.
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