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III Encontro Internacional de Piano: “Ter a coragem de trazer um evento deste gabarito e desta dinâmica é de uma grande coragem”

8/07/2018 às 00:00

Ser visitante ou habitante da vila do Sardoal, ao percorrer a rua principal, de 28 de junho a 8 de julho, inesperadamente, pode começar a ouvir melodias dos mais consagrados compositores de música clássica. Mozart, Beethoven, Verdi, Chopin, Vivaldi e tantos outros que fazem parte do reportório dos cerca de 100 pianistas, que se encontram neste lapso de tempo, nesta vila a tocar.

Todos os dias, alguns praticam nas capelas desta rua, e, é daí que emerge este som.

Sorrateiramente, empurramos a porta semicerrada da capela donde provinha um som, no interior, o piano e o pianista que dedilhava as teclas.

De sorriso alargado, mandou-nos entrar, perguntou que músicas queríamos e tocou.

Tratava-se o pianista Alexander Stretile, natural da Moldávia, atualmente em Portugal, galardoado com o prémio Frederico Freitas, primeiro lugar na Universidade de Aveiro.

Alexander Stretile

Acerca destes encontros de piano no Sardoal no seu português bicudo, refere “ser pianista é uma vida complicada que implica muitos sacrifícios. A Academia que organiza este processo em colaboração com a Câmara, acho que se deve dar mérito a ambas…trazem imensas coisas a Portugal”.

Continuamos rua acima, outro som, outra capela. Entramos e fomos acolhidos da mesma forma.

Na última capela da rua, deparámo-nos com Matilde Bastos, a mais jovem pianista deste evento. Adora tocar piano, toca desde os sete anos, estuda no Conservatório de música do Porto.

 Matilde Bastos

Para a pequena, mas grande Matilde, sobre o III Encontro do Sardoal e a sua vida de pianista confessa “é a primeira vez que venho. Até agora estou a gostar muito e é uma “cidade” muito bonita e é tudo muito organizado. Sou a concorrente mais nova, isso já é comum. Já ganhei vários concertos e o que me deu mais gosto de ganhar foi o primeiro ano que fui ao concurso internacional do Fundão. Ganhei o primeiro prémio e tinha dez anos”, contou.

No Centro Cultural Gil Vicente, entre muitos, pianistas, professores, assistentes e admiradores encontrámos Helder Entrudo, um dos grandes nomes do piano, professor Conservatório Nacional de Lisboa e um dos elementos do júri, das provas de piano deste encontro.

Sobre este evento e o concerto evocativo a António Fragoso expressou que estava “com expectativa muito grande. Tenho as maiores e mais altíssimas referências, deste concurso. Acho que da parte de quem decide e dos centros decisórios, ter coragem de trazer um evento deste gabarito e desta dinâmica é de uma grande clarividência e essencialmente de uma grande coragem”.

“Não só a organização, como também os responsáveis políticos, e sei que estão a acarinhar de uma forma com muito energia este evento, trazer aquelas que são os grandes pilares da nossa cultura, que são pessoas de uma importância absolutamente extraordinária que nem sempre são devidamente reconhecidos, trazê-los para o interior ao chamado Portugal profundo e difundi-los desta forma é de facto notório. Porque, geralmente, quando se faz estes eventos, costuma ser nos grandes centros e isso dilui-se um bocadinho daquilo que é a programação mais generalista. O trazê-lo para o interior do país acho que é importantíssimo porque é de certa forma criar raízes”, considerou.

O III Encontro Internacional de Piano de Sardoal, reúne na sua centena de participantes, jovens dos 12 aos 35 anos já sobejamente conhecidos e outros pianistas de renome mundial, oriundos de quase 19 países da Europa, Ásia e Américas.

Desde o diretor da Universidade de Telavive, um professor de longa data da Universidade de Salzburgo, o professor do Conservatório de Música Nacional, pianistas como Aquiles del Vigne considerado um dos melhores professores e pianista do mundo, ministrante de Masterclasses e representante da Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne, são uma pequena, mas alta fasquia dos pianistas e professores que aqui vêm.

Como refere Manuel Araújo, professor, pianista e organizador do evento em parceria com a Câmara Municipal, “é um encontro que tem uma dimensão já muito grande”.

 “O Sardoal tem um fator muito diferenciador em relação a muitas vilas do interior, tem eventos culturais ao nível das grandes cidades e alguns eventos ao nível dos europeus, o que faz desta vila um microclima muito especial e exemplar em Portugal”, salientou.

 

Texto e Fotos de Sérgio Figueiredo

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