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Tramagal: Museu da Metalúrgica Duarte Ferreira já conta com 2500 visitantes

7/11/2017 às 00:00

“Não se vão arrepender!” – diz uma habitante do Tramagal, quando se pergunta o caminho para o Museu da Metalúrgica Duarte Ferreira. O carinho dos tramagalenses em relação a este espaço de memória é evidente, não só nesta promoção voluntária e genuína do espaço, como também quando confiam ao Museu objetos que reconstroem a história de uma Metalúrgica muito especial. Seis meses depois da sua inauguração, as doações continuam, certamente porque a população gosta do Museu que também é seu.

À entrada, é difícil não “prender” o olhar no símbolo, que sempre representou a empresa: uma borboleta. Não se sabe muito bem por que razão Duarte Ferreira escolheu este símbolo. Admite-se que a ideia da metamorfose possa ser uma explicação, aliada à representação do campo, que “o patrão velho” tanto amava. O certo é que se trata de um símbolo que é fácil de reproduzir.

Lígia Marques, mestre em Turismo e Património, conduz as visitas ao Museu MDF. A história ecoa na entrada do Museu, que ganhou vida no edifício dos antigos escritórios da empresa, agora propriedade de um ex-funcionário que o cedeu para o efeito. As mentes não tardam a viajar pelo tempo. Voltamos a 1870 e ficamos a perceber o quão comprida é a estrada desta família: “Inicialmente, a metalúrgica Duarte Ferreira dedicava-se à produção de pequenas alfaias agrícolas (charruas, inchadas, ceifeiras) e ficou muito conhecida pela produção de lagares de azeite.” Mas os veículos de marca Berlier, sobretudo os que foram usados na guerra colonial, são talvez o que torna a MDF mais conhecida.

Lígia Marques

O Museu MDF está em funcionamento há seis meses. Foi inaugurado a 1 de maio, com um investimento que é sobretudo da Câmara Municipal de Abrantes. A data de abertura não foi em vão, quiseram homenagear aquilo que a MDF sempre teve como ideal: o bem-estar dos trabalhadores. Decorrido este primeiro semestre, estão já identificadas as áreas em que vale a pena apostar: um serviço educativo, comunicação através as redes sociais e ‘merchandising’ (canetas, blocos, porta-chaves ou outros) que permita encontrar formas de financiamento.

Lígia Marques afirma que o turismo cresceu com a abertura deste novo espaço: “Com turismo quero dizer visitantes. São excursionistas e grupos que fazem um desvio no seu caminho só para passar por aqui e conhecer o Tramagal”. Embora não esteja em rotas turísticas, as pessoas querem conhecer este ‘tesouro escondido’. Chegam sobretudo em viagens organizadas por Juntas de Freguesias, Universidades da Terceira Idade e grupos ligados à Igreja. “É positivo perceber que as pessoas fazem questão e querem mesmo vir aqui ver o Museu. Isto prova que nós não estamos assim tão longe das grandes potências da região e que juntos fazemos uma oferta muito mais variada e atraente. O objetivo a longo prazo é trazer o turismo.”

O Museu MDF tem peças produzidas pela metalúrgica, incluindo a louça esmaltada da fábrica que a família foi obrigada a comprar para poder contrair um empréstimo. Mas a maquete que reproduz um lagar de azeite, guardada pelos ex-funcionários quando a fábrica entrou num processo de tudo ter que ser vendido em hasta pública, é talvez o que mais atrai as atenções. E, segundo Lígia Marques, o que mais surpreende é a parede com reproduções de artigos de jornal sobre a época mais difícil, a dos despedimentos e da greve. Porque a história não pode apagar “o que correu mal”.

No total, nos últimos seis meses, já visitaram o MDF 2500 pessoas. Em média, são 14 pessoas por dia. Estes números superaram as expetativas de todos: “O feedback tem sido extraordinariamente positivo. As pessoas têm gostado muito. O museu é bonito, é aprazível e a história é muito atraente e interessante. Mesmo quando as pessoas vêm com um grupo grande e não têm tanto tempo, insistem em ficar com os contactos e voltar cá com mais tempo”, acrescenta Lígia Marques.

 

Texto e Fotos de Adriana Claro, Joana Jerónimo, Marta Vidigal, Irene Vale, Nélio Dias e Maria Azevedo – alunas do curso de Comunicação Social da ESTA

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