Foram 27 alunos dos 10.º e 11.º ano do curso de Intérprete Ator/Atriz, curso profissional na área das artes, que estiveram esta terça-feira, dia 22 de fevereiro, na atividade “Artistas no Palácio de Belém”. Os alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes puderam interagir com a artista Ana Vidigal. Para além de terem ficado a conhecer melhor o trabalho desta artista, que começou com as técnicas de colagem os anos 80 e passou depois para a tela e para as instalações artísticas, puderam fazer perguntar e conhecer os valores de Ana Vidigal.
Esta iniciativa do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem como objetivo promover, neste caso, as artes junto da população mais jovem. A explicação foi feita por Isabel Alçada, assessora do Presidente para a área da educação. E o Palácio de Belém abriu portas a sessões cientistas, escritores, desportistas, jornalistas, artistas e mulheres de coragem, para sessões de 90 minutos de interação com jovens.
À Antena Livre Isabel Alçada revelou que “o contacto direto com artistas, ou criadores, é uma experiência única. Pode ser muito inspirador e pode ser um marco na vida de um jovem. O nosso Presidente tem posto a educação na linha da frente, por um lado, a cultura, neste caso as artes plásticas, por outro.”
A escritora acrescentou ainda que para o Presidente da República a cultura “está no cerne da nossa identidade e que os artistas são as melhores vozes para mostrar esse valor intrínseco da cultura e da arte e olhar para o futuro, sendo que o futuro está na juventude.”
Isabel Alçada, assessora da Presidência da República explica a ação "Artistas no Palácio de Belém"
Isabel Alçada vincou que o convite do Presidente da República é feito a todas as escolas do país, mas depois cabe aos professores e às direções das escolas a aceitação do convite. Paralelamente assumem o compromisso de preparar as deslocações e as ações. E foi isto que aconteceu esta terça-feira na sessão com a pintora residente do Museu de Arte Contemporânea do Funchal.
A artista foi explicando a sua carreira, a sua forma de fazer arte. Como começou e como evoluiu, até ao presente, às ideias que tem para continuar a deixar a sua marca na cultura.
Ana Vidigal, entre as muitas explicações, deixou duas ou três dicas para eventuais novos artistas plásticos. Um é que não é preciso espaço (um atelier) para criar. E mostrou os seus primeiros trabalhos de colagem sempre feitos em cima do estirador. Revelou que colocava o papel de cenário no estirador e depois criava sempre com a preocupação de não deixar “cair um pingo de tinta no chão” para não ter problemas com os pais.
Depois passou para a tela e outro tipo de peças com o aproveitamento de muitos objetos reutilizáveis. Numa conversa sempre muito divertida, Ana Vidigal explicou como “roubou” uma tábua de cortar pão em casa dos amigos que nem deram por ela numa das obras que criou. Outra das notas foi a utilização de bonequinhos de peluche que as sobrinhas iam deixando de lado, na meninice. Eram envolvidos em fita-cola e depois pintados num “amontoado” que cria uma escultura.
A artista deixou ainda um conselho “não se deixem apegar a um trabalho. A ligação emotiva tem de existir até que ele esteja pronto. Depois vai para a parece. É que se ganharmos ligação afetiva com os trabalhos, teremos dificuldade em vendê-los e, consequentemente, em ganhar dinheiro”.
E à pergunta de uma das alunas de Abrantes, sobre o que é tinha mostrado, o que é o seu trabalho, Ana Vidigal explicou de forma muito simples: “Em relação ao que me perguntaste, porque é que faço estas coisas? Porque não sei fazer mais nada.”
Ana Vidigal explica a interação com os cerca de 30 alunos de artes
Depois de 90 minutos de conversa com os alunos da Escola Dr. Manuel Fernandes, e seriam muitos mais não fosse o tempo estar contado, Ana Vidigal disse à Antena Livre que este convite é muito interessante. Começando logo pela abertura do Palácio de Belém a estas iniciativas, tornando-o uma casa aberta. Depois, o valor aumenta ainda mais, quando se traz para uma conversa com artistas jovens que têm o objetivo, o sonho de poderem, um dia vir a ser artistas.
A artista plástica é muito bom que os artistas sejam equiparados a uma outra profissão qualquer, porque ser artista é ter, simplesmente, uma profissão.
Ana Vidigal responde à pergunta o que mostrou aos alunos
Depois da Presidência da República, onde os jovens puderam tirar umas fotografias ao jardim com o Tejo em pano de fundo e à sala de entrada que normalmente podemos ver na televisão quando os representantes dos partidos políticos têm audiências com o Presidente da República, os jovens rumaram ao Centro Cultural de Belém. Porque as artes são transversais os 27 alunos tiveram acesso a uma visita guiada à exposição “Coleção Berardo - Do primeiro modernismo às novas vanguardas do Século XX."
Para Lígia Oliveira e Daniel Rito as duas visitas foram muito positivas. Alunos de artes tiveram oportunidade de contactar com uma artista e com “trabalho de casa” feito nas aulas.
Nunca tinham entrado no Museu Coleção Berardo e, como explicaram, já tinham abordado os diversos estilos de arte, mas visitar as obras da ala Berardo do Centro Cultural de Belém.
Daniel Rito e Lígia Oliveira contam a experiência
Carla Dias, professora da área de artes que conduziu esta visita fez questão de frisar que a mesma resulta do desafio da Presidência da República e tem como condão principal poder levar estes jovens de Abrantes à arte. A docente fez questão de destacar a importância para estes jovens a possibilidade de poderem contactar com realidades que podem não estar disponíveis todos os dias em Abrantes.
Aliás, foi em tempos de pandemia que houve, curiosamente, uma maior aproximação a artistas porque as aulas ou outras atividades eram feitas através de plataformas online.
Quanto a esta deslocação a Belém, Carla Dias adiantou que, sendo as turmas de artes e de interpretação, podem perceber que as artes estão todas interligadas e que os “saberes são todos transversais”.
Depois houve um outro vetor que foi o ir a Lisboa, à Presidência da República, numa visita que poderá aguçar a curiosidade sobre a democracia, sobre as instituições portuguesas. Sem esquecer esta ligação, sempre presente, à arte e aos artistas. E esta vista pode permitir que eles se possam questionar porque eles vieram levantar questões com a artista Ana Vidigal.
A Presidência da República deu esta possibilidade e Carla Dias revelou porque é que escolheu Ana Vidigal: “Eu não conhecia como artista, mas dentro do leque de artistas ainda há mais homens que mulheres. Depois teve a ver com datas. E depois do ponto de vista psicológico, para eles (alunos) é preciso dar algum vislumbre de outras atividades para eles ganharem mais dinâmica na sala de aula. Para terem esta perceção que também se aprende noutros sítios, fora da sala de aula, e que a escola pode ser uma coisa diferente se olharmos de outra maneira”.
Depois, para esta conversa com Ana Vidigal, fomos espreitar a vida a artista para conhecermos o sue trabalho e para podermos criar um conjunto de perguntas de forma a que os alunos pudessem saciar a sua curiosidade.
Carla Dias acrescentou ainda que “as sementes que estão a ser semeadas podem vir a dar frutos. Pode ser um cliché, mas esta é a verdade daquilo que estamos a fazer e que esperamos que o futuro tenha frutos”.
Carla Dias, professora de artes explica o objetivo da visita
Nesta visita participaram as turmas dos 10.º e 11.º ano. Há ainda oito alunos do 12.º ano que não estiveram porque estão a ultimar o exercício do trabalho performativo que fizeram no estágio. Uma apresentação que vai acontecer na Escola Dr. Manuel Fernandes.
Carla Dias explicou ainda que estes alunos estão, neste momento, a trabalhar com o encenador Manuel Tur que lhe está a dar formação, mais ligada ao teatro. A docente explicou ainda que tem vindo a trabalhar a parceria com a Câmara Municipal de Abrantes e que pode ser aquilo que Abrantes precisa neste momento, este florescer da dinâmica cultural.
Carla Dias, professora de artes revela trabalho dos alunos do 12.º ano
A visita a Lisboa foi acompanhada pelo diretor Alcino Hermínio explicou a aposta feita na última década nas artes, como a música, a dança e talvez possa haver o teatro no ensino básico, onde também já figura a música. A aposta foi simples, afirmou o diretor, se há interesse e procura pode avançar-se para a criação dessas ofertas.
Alcino Hermínio disse ter a noção que das três dezenas de alunos nesta área não vão sair 30 atores ou atrizes. Alguns poderão entrar nessa vida, mas outros poderão ter novas perspetivas e enriquecimento das próprias carreiras.
Estas áreas foram uma aposta de diversificação. “Começamos com a música, porque os alunos tinham de ir para Tomar, Entroncamento ou Alcanena. Esta é uma aposta ganha, para já, e que dificilmente terá um retrocesso”, explicou o diretor que acrescentou que apesar destas apostas nunca houve uma falta de investimento nas outras áreas. E lembrou que a Escola Dr. Manuel Fernandes faz parte da rede de Escolas Ciência Viva.
Quanto à prestação dos alunos na conversa com a artista Ana Vidigal, o diretor da Escola disse que viu com satisfação, até porque a artista conseguiu cativar muito bem os alunos.
Alcino Hermínio, diretor Agrupamento Dr. Manuel Fernandes
Entre a Presidência da República, e o contacto com a pintora Ana Vidigal, e a visita á coleção Berardo no Centro Cultural de Belém, só faltou mesmo a visita de Marcelo Rebelo de Sousa para cumprimentar os alunos do 10.º e 11.º ano da Escola Dr. Manuel Fernandes. A fotografia de grupo foi feita, mas com Marcelo o brilho desta visita, para estes alunos, teria sido ainda mais polido.
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