A Associação de Futebol de Santarém emitiu esta segunda-feira à noite, um comunicado onde deu conta de que foi tomada a decisão de "não proceder à homologação" da goleada aplicada pelo Mação ao Benavente, por 60-0 e que sagrou o Mação Futebol Clube como campeão distrital.
A Associação de Futebol de Santarém já tinha manifestado publicamente “o seu impressivo desagrado quanto ao ocorrido no jogo em referência”. Afirma agora que “é tempo, perante essa situação, de agir jogando mão dos meios legais e regulamentares que se encontram ao seu dispor, com vista a repor o bom nome das competições desportivas que organiza e dos valores do desporto”.
Assim, a Direção encabeçada por Francisco Jerónimo, “na sua reunião de hoje, 8 de maio de 2023”, decidiu “não proceder à homologação do resultado verificado” e “não homologar o resultado da prova”.
Por outro lado, “paralelamente, atentos os factos que determinaram o alcançar de um resultado inconcebível para um normal jogo de futsal, e levando ainda em linha de conta a informação e denúncia disciplinar adiantadas pelo membro da Direção desta associação presente no jogo e do qual se viu, perante o que assistiu, forçado a abandonar o recinto, a Direção da Associação de Futebol de Santarém, decidiu enviar participação disciplinar ao órgão competente, ou seja, ao Conselho de Disciplina da AF Santarém”, avança o organismo que solicitou ainda “a maior celeridade nas decisões que o mesmo tenha por conveniente, requerendo que o procedimento disciplinar seja, por aquele órgão, qualificado de urgente”.
A Associação de Futebol de Santarém informou também que “tem o dever de comunicação ao Ministério Público a eventual ocorrência da infração que possa revestir natureza e motivação criminal ou contraordenacional”. Isto porque, segundo se pode ler no comunicado emitido, “os factos e as circunstâncias em que os mesmos se verificaram, representam, na opinião desta Direcção, indícios de eventuais práticas de crimes, atenta a disciplina consagrada na Lei n.º 50/2007 de 31 de agosto, que veio estabelecer um novo regime de responsabilidade penal por comportamentos suscetíveis de afetar a verdade, a lealdade e a correção da competição e do seu resultado na atividade desportiva”.
A explicação do Benavente Futsal Clube
O Benavente disse ter informado a Associação de Futebol de Santarém (AFS) da falta de jogadores para o embate de sábado com o Mação, perdido por 60-0 na decisão do campeonato distrital de futsal.
Em comunicado, o clube de Benavente refere que dada a alteração de horário do jogo, informou a AFS da falta de jogadores disponíveis e, na véspera do encontro, notou que teria apenas três atletas aptos para o jogo de sábado, tendo ficado sem resposta.
O treinador pediu, então, ao árbitro que pudesse instar o Mação, que lutava para ser campeão, a jogar com apenas três atletas, algo que não compete à equipa de arbitragem, mas ao livre arbítrio dos adversários.
O clube, que pede desculpa ao concelho e aos adeptos, não vai prestar “mais esclarecimentos” sobre o caso, com um inquérito em cima da mesa, e agradece aos jogadores por terem passado por “esta difícil situação” no sábado, numa partida em que, dizem, esteve presente o vice-presidente da AFS Jorge Heleno.
Mação Futebol Clube também emite esclarecimento
Na sua página nas redes sociais, o Mação FC decidiu “prestar os devidos esclarecimentos sobre os factos ocorridos no passado dia 6 de maio”.
O clube maçaense começa por explicar que “o Mação FC fez os primeiros quatro meses da época em casa emprestada, desde treinar em Gavião, jogar em Vila de Rei, sempre com a “casa às costas”, sendo um esforço enorme para um Clube com duas épocas de reativação. Apesar destas adversidades, conseguiu chegar à última jornada em igualdade pontual com o Vitória CS, com todo o mérito e esforço de um grupo de jogadores incansáveis, estando, por isso, tudo em aberto para a última jornada em termos classificativos”.
Não deixa, no entanto, de responder às críticas, afirmamdo que “para aqueles que acham que ter camisolas de campeão prontas é uma indicação de algo menos ético, nas últimas cinco épocas, em 10 jogos realizados entre as duas equipas, o Vitória CS contava com 2 vitórias e 8 derrotas perante o GRUDER [Grupo Desportivo da Ribeira do Fárrio]. Perante este facto, quem achar que isto não seria suficiente para ter camisolas prontas, é porque saberia que a vitória em Santarém era garantida para o Vitória CS”.
Reconhece o Mação FC que “a proximidade de AFS e Vitória CS é normal que exista, pois é muito meritório o trabalho desenvolvido, ao longo dos anos, pelo VCS na formação e reconhecido por todos a nível regional e nacional”.
Contudo, perante as acusações de quem tem vindo a ser alvo, o Clube classifica-as de “graves” e afirma que “não as irá deixar passar em claro, sem as devidas diligências legais”.
Relativamente ao que se passou no pavilhão no último jogo, o Mação FC esclarece que “sabendo a AFS das condicionantes do Benavente FC apresentadas na véspera do jogo, e estando nomeado um representante da mesma no Pavilhão, devia ter sido a AFS a primeira a tentar encontrar uma solução ética para a resolução do problema, pois o Mação FC sempre mostrou abertura para jogar noutra data ou horário, devendo a AFS fazer uma reflexão sobre casos idênticos que ocorrem nos mais diversos campeonatos organizados pela mesma e que não têm o mesmo tratamento”.
Manifesta também que “perante os factos e sabendo o Mação FC que a tradição seria o Campeão Distrital ser designado pela AFS para disputar a Taça Nacional, e sabendo que o Mação FC não está em condições de poder participar em Campeonatos Nacionais na próxima época, entende este Clube, para bem do futsal distrital, que deverá ser indicado o Vitória CS para representar o distrito na Taça Nacional”.
No entanto, relembra, “a homologação dos resultados deve ser feita pela AFS, tendo em conta que todos os regulamentos foram cumpridos no jogo do dia 6 de maio” e que resultaram com o Mação FC campeão.
Conclui o Clube que “está e estará sempre disponível para o apuramento de toda a verdade, pois o bom nome do Clube não pode ser colocado em causa por algo que lhe é completamente alheio” e “estará atento e não hesitará em atuar judicialmente contra aqueles que coloquem o bom nome da instituição em causa”.
C/ Lusa