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Sardoal: Tem 17 anos, sonha ser primeiro-ministro e lançou livro sobre política (c/áudio)

18/01/2025 às 10:47

O segundo semestre de 2015 marcou a vida de João Moreira, um jovem, hoje com 17 anos, residente em Abrantes. Tem o sonho de ser primeiro-ministro, mas tem dúvidas sobre uma carreira política.

Na altura, ainda criança, perguntou aos avós porque é que Pedro Passos Coelho ganhou as legislativas desse ano, mas foi António Costa, cujo partido ficou em segundo lugar, a formar governo.

Estranhou o João, uma criança, como estranharam milhares de portugueses que nunca tinham sido confrontados com uma solução de governo assim. Uma coisa comum na Europa, mas impensável, até à altura, em Portugal.

E terá sido este o gatilho que levou a criança a inteirar-se mais sobre política, sistemas políticos de Portugal e de outros cantos do mundo.

E eis que, com 16 anos, nas férias de Natal do 11.º ano, resolveu por em papel, anos de leituras, de investigação, de conhecimento sobre sistemas eleitorais e política. Sem ter qualquer filiação em partidos ou sem se colocar em famílias políticas, o João começou a olhar para a sociedade e para o mundo de uma forma diferente. Um olhar jovem sobre temas de adultos, podem dizer uns, assuntos chatos, dirão outros, ou “coisas sem interesse” poderão ainda argumentar mais alguns.

O que é certo é que o jovem começou a estudar quadros e mapas com números, sistemas eleitorais, a traçar ligações entre ideais políticos e económicos ou as ligações entre demografia e votações. Mas também a evolução do eleitorado noutros países e a, eventual, ligação ou influência às votações em Portugal.

Escrever o livro foi “um desafio a mim próprio” afirmou o jovem, mas um “desafio de escrever para jovens.” É que João Moreira considera que faltam em Portugal jovens na política, jovens que possam rasgar com linhas do passado ou de políticos que se apresentam com “discursos bonitos”, mas com políticas que “não arriscam.”

 

João Moreira

No livro, “tenho notas de rodapé a indicar onde fui pesquisar. Pode facilitar a pesquisa aos leitores”, indicou o jovem autor que não concorda com a ideia fazer validação de todas as informações porque, grande parte, tem sempre dois lados. E a validação dependerá sempre do lado em que se está, quando se valida. Mas no livro, por exemplo, “quando falo do Pacto Verde Europeu está lá a ligação para as pessoas poderem ir ver o que é.”

 

João Moreira

Já no final da apresentação do seu livro “Um Jovem e a Política” João Moreira foi questionado sobre o seu futuro na política. A resposta foi rápida: “Já pensei mais. A população portuguesa e muito difícil. Não faço parte de família de elites.”

 

João Moreira

Ana Paula Sardinha, diretora do Agrupamento de Escolas de Sardoal, apresentou o livro de João Moreira. Indicou que o jovem está a completar os 12 anos de estudos na escola. E vincou o gosto de apresentar na Biblioteca Escolar um “um livro de um colega vosso.”

E começou por referir que já no primeiro ciclo “ele tinha uma paixão por estes temas”.

O livro é uma opinião e uma visão do João sobre a política, mas é um “convite para todos podermos refletir sobre o nosso papel na política.”

Ana Paula Sardinha disse que já leu o livro e considerou-o “muito interessante.”

 

Ana Paula Sardinha, diretora Agrupamento Escolas Sardoal

À Antena Livre João Moreira contou como nasceu este gosto pela política. Em 2015, quando aconteceu a primeira maioria de esquerda de António Costa após ter sido Passos Coelho a ganhar as eleições, o João quis saber como aconteciam as coisas noutros países. E o olhar foi para os Estados Unidos, que tem “um sistema muito mais complexo” e que depende de estado para estado. E a ideia era ver como aconteciam as eleições nos outros países em comparação com as portuguesas.

E desde cedo este jovem começou a olhar para a relação entre a demografia e as votações. E isso, diz, foi muito revelador nas recentes eleições dos Estados Unidos. Aliás, como o próprio disse, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, a zona muito urbana de Filadélfia é entre 70 a 80% democrata, mas nas cidades mais pequenas e rurais inverte-se a tendência e a votação é mais republicana. E ao dizer isto aponta a um estudo mais aprofundado da demografia para perceber as tendências dos eleitores.

E quando questionado se os jovens olham mais para os líderes ou para a ideologia dos partidos a resposta é rápida: os jovens olham mais para a mensagem dos líderes. E logo de seguida exemplifica, basta olhar para o crescimento do CHEGA. “Foi muito aos jovens para ter um terceiro partido ao lado do PSD e PS. O líder André Ventura foi muito ao eleitorado mais jovem.

Sendo um livro sobre política, sempre em mutações, há necessidade de haver sempre uma atualização naquilo que são as análises feitas.

Quando solicitado a opinar sobre as autárquicas, se conta mais o partido ou ideologia em relação aos rostos, João Moreira tem também uma opinião clara. Nos concelhos grandes, com muita população contará mais o partido, mas nos mais pequenos o peso das pessoas será mais evidente.

E sobre o seu futuro, se política ou investigação e comentário, jovem começa a dizer que se calhar daqui a oito anos não estará em Portugal. E acrescenta que em Portugal será difícil chegar a algum lado na política por não ter nenhum amigo no topo. “Vou tentar contribuir para algo, mas não ao nível autárquico. Ou ser deputado, ou primeiro-ministro, que era o meu sonho. Mas as pessoas gostam muito de palavras bonitas, e às vezes não são essas as soluções que precisamos. Em Portugal isso não é bom porque depois perdem eleições.”

Sobre convites para juventudes partidárias afirma já ter tido convites para a Juventude Social Democrata, mas logo de seguida remata ser ainda muito cedo porque “posso mudar a ideologia.” Mas sempre diz que já esteve mais longe, embora ainda não tenha a decisão tomada.

João Moreira


“Um Jovem e a Política”

João Moreira escreve um livro que não é mais que uma reflexão sobre o estado da política em Portugal, “que está cada vez pior.

Temos de tentar fazer algo diferente. Rostos são sempre os mesmos, com as mesmas ideias. é preciso mais jovens na política.”

E é com este mote que começa a apresentação do livre perante uma plateia de jovens.

O João começou por fazer uma apresentação com base nos parlamentos português, europeu e norte-americano.

E estas explicações serviram para encaixar depois as realidades existentes no mundo político.

Sobre os Estados Unidos, fez uma análise aos dois partidos de direita, os progressistas (democratas) e os conservadores (republicanos). Porque clarificou uma linha ideológica geral do país que é totalmente diferente de Portugal ou da Europa.

No 11.º ano diz ter uma análise sobre os resultados eleitorais do ponto de vista demográfico, com olhar sobre a votação dos jovens. E foi nessa linha que percebeu que o CHEGA teve mais votos dos 18 aos 35 anos. E depois o olhar sobre a votação da Iniciativa Liberal, nas zonas do litoral e mais ricas. Depois o PCP que tem mais incidência em zonas mais pobres e população mais velha.

“Temos de analisar as demografias para perceber como analisar as votações”, afirmou João Moreira que deu o exemplo de Elvas em que ganhou o CHEGA “porque as pessoas estão descontentes por isso votaram neste partido. Não que sejam extremistas, mas, porque estão revoltados”, concluiu.

João Moreira abriu depois um quadro para mostrar aos colegas o espectro político que coloca a esquerda e direita, mas também progressistas ou conservadores, para definir as linhas. E clarificou que há sempre uma ligação muito direta entre o político e o económico.

Já sobre o crescimento da extrema-direita classifica-a como “muito boa a identificar problemas, mas sem propostas para os resolver.”

Nesta ligação de influências políticas faz as ligações à economia, à emigração e imigração, aos conflitos armados e às alterações climáticas.

Numa matéria muito presente nos jovens indicou que a questão financeira é sempre muito importante para os jovens. E qual a ligação à imigração? Simples. Os jovens portugueses, qualificados, emigram em busca de melhores condições de vida. Já Portugal recebe muitos imigrantes, com pouca qualificação, que vêm em busca de melhor qualidade de vida. São fluxos semelhantes, mas Portugal fica a perder neste “campeonato”.

E a concluir João Moreira aponta a crise de natalidade como um problema e, cada vez mais, um problema grave. E principalmente no sul da Europa. Portugal, Espanha, Itália e Grécia são os países mais pobres e onde a taxa de natalidade é mais baixa. E isso pode vir a constituir um problema de sustentabilidade da segurança social daqui a algum tempo.

Uma reflexão do livro publicado o ano passado com as devidas atualizações nesta apresentação feita em 2025.

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