A Câmara Municipal de Abrantes alertou hoje para a necessidade de se protegerem as pessoas, os funcionários e a economia da região com o fecho da central a carvão do Pego, posição partilhada pelo sindicato dos trabalhadores.
Em declarações à Lusa, questionado sobre as expectativas e preocupações da Câmara de Abrantes (Santarém) relativamente ao fecho da central a carvão do Pego no dia 30 de novembro, Manuel Jorge Valamatos (PS) disse que são três as questões centrais ligadas ao processo do fecho da unidade, que está a funcionar desde 1993 e emprega cerca de 150 pessoas, diretos e indiretos, e que se centram nos trabalhadores, por um lado, no apoio à economia local e regional, por outro lado, e, ainda, no futuro que aquele ponto de energia vai ter, tendo em conta o concurso público que o Governo tem a decorrer até 17 de janeiro.
“Diria que podemos construir aqui três ideias, a primeira centrada nas pessoas e nos trabalhadores, isso é aquilo que mais nos preocupa de momento, e estamos com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e com o Governo a tentar criar as melhores condições para a criação de um gabinete de apoio a estes trabalhadores, liderado, obviamente, do ponto de vista da gestão e logística com o IEFP de Abrantes”, disse à Lusa o presidente do município.
“Estamos preocupados com as questões de economia de Abrantes e da região. É evidente que o encerramento da central a carvão no Pego abre aqui uma ferida do ponto de vista económico e também queremos, usando o Fundo de Transição Justa, que possamos vir a ter outras empresas que se irão colocar em Abrantes e na região por forma a mitigar os efeitos do encerramento da central a carvão”, acrescentou.
Manuel Jorge Valamatos lembrou ainda que há “um concurso que está a decorrer e que terminará em meados de janeiro” para a reconversão da central a carvão do Pego.
"Nós gostaríamos muito que do resultado desse concurso pudéssemos também ter aqui bastante atividade económica, dinâmica económica e, no fundo, substituir – dentro do que for possível - aquilo que é a Central Termoelétrica” a Carvão, acrescentou.
“Continua a existir aqui um ponto de injeção muito relevante para todo o processo energético do país e nós gostaríamos que este projeto vencedor possa trazer uma mais-valia para o país a partir do Pego e desejamos que este projeto vencedor do concurso também traga dinâmica económica para Abrantes e para a região”, reiterou, tendo feito notar que o Fundo de Transição Justa “é um programa destinado inicialmente a três regiões, Sines, Matosinhos e Abrantes”, esperando o autarca de Abrantes “que sirva verdadeiramente para minimizar os efeitos do encerramento da Central Termoelétrica a Carvão” no concelho.
Os trabalhadores da Central Termoelétrica do Pego, a única ainda a funcionar a carvão em Portugal, exigiram ao Governo no dia 13 de novembro, numa manifestação que decorreu no centro histórico de Abrantes, convocada pelo Siesi – Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, da CGTP-IN, que “reverta a decisão de encerramento” daquela unidade até haver garantias da “manutenção dos mais de 150 postos de trabalho”, tendo defendido que a “transição não pode ser destruição do emprego e da economia nacional e regional”.
Em declarações à Lusa, o coordenador do Siesi, Luís Santos, disse hoje que “as preocupações continuam a ser as mesmas desde o início do processo”, ou seja, reivindicam a “manutenção dos postos de trabalho e daquelas instalações a produzir energia, até que sejam dadas garantias que assegurem o futuro daqueles trabalhadores”.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática assegurou no domingo que não vão existir problemas sociais para os trabalhadores com o fim da central elétrica do Pego e mostrou-se confiante de que estes serão integrados em novos projetos.
Em entrevista à RTP3, João Pedro Matos Fernandes considerou “muito relevante” o dia que marca o fim da utilização de carvão para produção de eletricidade em Portugal e destacou que o Governo está a “cuidar” dos trabalhadores e dos projetos alternativos que se perspetivam para este ponto de ligação à rede elétrica.
“Não vai haver nenhum problema social, porque soubemos com tempo o que ia acontecer e estamos mais do que preparados. Percebo a preocupação dos trabalhadores, mas vai mesmo correr bem. E vai correr em três dimensões: no apoio social; no concurso para aquele local, que é um ponto de ligação com uma dimensão enorme e em que até 17 de janeiro as propostas serão conhecidas; (…) e o fundo para a transição justa”, explicou.
Lusa