Os promotores do aeroporto em Santarém disseram hoje que o desvio na linha ferroviária de alta velocidade que beneficia Alcochete obriga a um investimento de 1.500 milhões de euros na ligação entre o Carregado e o Campo de Tiro.
O “desvio da alta velocidade no Plano Ferroviário Nacional, beneficiando Alcochete” foi uma das questões apontadas pelo porta-voz do consórcio promotor do projeto Magellan 500, para um aeroporto em Santarém, que apresentou, em conferência de imprensa, em Lisboa, as linhas gerais da pronúncia ao relatório preliminar da comissão técnica independente (CTI) que fez a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto e que considerou este projeto inviável.
Segundo Carlos Brazão, a alteração ao Plano Ferroviário Nacional (PFN) prevê um prolongamento de 38 quilómetros (km) entre o Carregado e o Campo de Tiro de Alcochete e um investimento de mais de 1.500 milhões de euros para fazer aquela ligação.
Adicionalmente, o responsável apontou que esta solução fará o comboio de alta velocidade “dar uma volta de 100 km ao redor de Lisboa” e que este desvio foi decidido após um ‘workshop’ entre a CTI e a Infraestruturas de Portugal (IP).
“Desde quando é que um workshop entre a CTI e a IP é o mecanismo correto para modificar o Plano Ferroviário Nacional e comprometer o país com um investimento de mais de 1.500 milhões de euros?”, questionou Carlos Brazão.
Os promotores do Magellan 500 referiram ainda que este desvio pela margem esquerda do rio Tejo já tinha sido estudado em 2007 e descartado e que alguns dos “decisores” são os mesmos que agora admitiram esta solução.
“O desvio pela margem esquerda não está no Plano Ferroviário Nacional, apenas consta num anexo referido pela CTI”, realçou.
Os promotores do aeroporto de Santarém apontaram ainda a “desorçamentação dos acessos a Alcochete” no relatório preliminar da CTI, argumentando que a comissão liderada por Rosário Partidário assumiu que o desvio da alta velocidade pela margem esquerda do Tejo será feito.
“Como assumem que aquele trabalho vai estar feito, contam com apenas 7 km dentro do perímetro de Alcochete e desorçamentam o ramal de 20 km”, explicou o porta-voz do consórcio, que não quis adiantar quem são os investidores que apoiam o projeto de Santarém, além do Grupo Barraqueiro, de Humberto Pedrosa.
A Lusa pediu esclarecimentos à CTI sobre o desvio da alta velocidade e aguarda resposta.
Carlos Brazão adiantou que a pronúncia que vai ser entregue na sexta-feira, último dia do prazo da consulta pública do relatório preliminar, tem cerca de duzentas páginas, apesar das “poucas semanas” em que teve de ser elaborada.
Lusa