De acordo com o Jornal de Negócios desta quinta-feira, dia 23 de novembro, o governo pode estar a preparar novo leilão para injeção de eletricidade na rede, no Pego.
Segundo a publicação, o Ponto de Injeção na Rede do Pego tinha, da central a carvão, uma capacidade de injetar na rede 600 MW. Com o primeiro leilão, na sequência do encerramento da produção a carvão, ganho pela Endesa, ficou alocada uma capacidade de 224 MW.
O projeto da Endesa está a fazer o seu percurso que prevê a produção de energia solar e eólica, a produção de hidrogénio e um parque de baterias para armazenamento de energia. É um investimento de 600 milhões de euros a começar a produzir em 2025.
Ainda de acordo com o jornal, o governo terá revelado que a “utilização sobrante do nó do Pego está a ser analisado à luz das prioridades da região, podendo ser sujeita a um procedimento concursal.” Segundo a mesma informação avançada pelo Jornal de Negócios, no início do ano o governo vai fazer uma reserva de 115 MW para acautelar a entrada em exploração das centrais fotovoltaicas flutuantes das Barragens do Cabril e Castelo de Bode. Contas feitas, o Ponto de Injeção na Rede do Pego fica ainda com 260 MW livres para novos projetos.
E é aqui que entroncam os processos de intenção de, pelo menos, três empresas em poder explorar essa capacidade.
Ainda segundo o Jornal de Negócios, estas empresas podem vir a utilizar um pacote financeiro de 10 milhões de euros no âmbito de um concurso do Fundo para a Transição Justa. Propostas estas que estão em análise. Há a intenção da Smartenergy com um investimento de 25 milhões de euros para produzir 573 toneladas de hidrogénio por ano a partir de energia solar e eólica. Outra das intenções foi apresentada pela EPAL - Empresa Portuguesa de Águas Livres com 12 milhões para produzir reagentes “verdes” para desinfetar água e hidrogénio para a mobilidade. E há um terceiro projeto apresentado pela Iberdrola de 11,2 milhões numa fábrica de hidrogénio para o setor dos transportes. Estes projetos, listados no Plano Territorial de Transição Justa do Médio Tejo, permitirão, se avançarem, criar 21 postos de trabalho.
Segundo fonte do Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC), e citada pelo Jornal de Negócios, uma parte da capacidade desta ligação pode ser atribuída à Zona Livre Tecnológica (ZLT) de Abrantes para as energias renováveis que está, neste momento, em processo de regulamentação. O relatório final desta ZLT deverá ser entregue, se forem respeitados os prazos, até 15 de dezembro.
O Jornal de Negócios cita ainda o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, que afirmou que a secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, lhe manifestou a vontade de lançar um novo concurso para novos projetos de energia.
Fundo para a Transição Justa tem 65 milhões
No mesmo trabalho, o Jornal de Negócios cita Jorge Brandão, vogal executivo do Programa Centro 2030 (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), que explica que o Fundo para a Transição Justa no Médio Tejo tem um envelope financeiro de 65 milhões de euros e já tem três avisos lançados. Segundo os valores dados a conhecer, 58,5 milhões já estarão alocados a estes avisos, restando, por isso, 6,5 milhões que poderão estar reservados ao apoio a projetos de inovação, qualificação de recursos humanos e empreendedorismo.
Segundo aquele responsável, o primeiro aviso contou com 24 manifestações de interesse, as quais representaram depois 14 candidaturas, tendo sido avaliadas e selecionadas cinco PME e três grandes empresas e estão prontos a avançar no terreno. São investimentos ao nível industrial, produção de materiais de construção modulares e eficientes, reciclagem de plásticos, equipamentos para painéis solares, colchões entre outros.
Além deste aviso, Jorge Brandão indicou que foram lançados mais dois, um de 30 milhões de euros para grandes empresas e um outro de 10 milhões de euros para projetos de energia renovável e com taxas de apoio que pode ir aos 40%.
No total, há uma intenção de criação de 493 postos de trabalho, o que equivale a 31,3% do desemprego nos concelhos limítrofes à central do Pego.
Para as grandes empresas é indicado um incentivo previsto de 13,7 milhões de euros que permitirão alavancar investimentos de 74 milhões.
Já o conjunto das 13 propostas, e de acordo com a mesma publicação, prevê um aumento de vendas e serviços prestados de mais de 192 milhões de euros e de 81,5 milhões de criação de valor.