O PCP manifestou-se preocupado com o futuro dos trabalhadores da central a carvão do Pego (Abrantes), que fecha em 30 de novembro, tendo questionado o governo por medidas sociais e económicas e se considera suspender o encerramento.
Numa pergunta dirigida ao ministro do Ambiente e Ação Climática, através do presidente da Assembleia da República, o deputado do PCP eleito por Santarém, António Filipe, começa por referir que “o encerramento da Central Termoeléctrica do Pego está previsto para o final de novembro de 2021, havendo já dezenas de trabalhadores que receberam cartas de despedimento”, tendo feito notar que este encerramento “terá lugar num quadro de enorme incerteza para todos os trabalhadores” da central a carvão, a última ainda a funcionar no país.
“Não se sabe qual será o futuro da Central, não se sabe quando e em que termos poderá reabrir, não se sabe qual o futuro profissional dos trabalhadores envolvidos, não se sabe em concreto que medidas serão tomadas para apoiar socialmente estes trabalhadores e as suas famílias”, afirma o deputado comunista, dando conta que este encerramento “terá consequências negativas não apenas para os trabalhadores diretos e as suas famílias”, mas que “afeta também dezenas de postos de trabalho indiretos e a economia da região de Abrantes”, onde a central se insere, no Médio Tejo, distrito de Santarém.
António Filipe refere ainda na pergunta dirigida ao governo que, “recentemente, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes anunciou a existência de 45 milhões de euros do Fundo de Transição Justa destinados a apoiar a região perante as consequências negativas do encerramento da Central, mas de concreto, nada se sabe a esse respeito”, tendo o deputado do PCP colocado três perguntas ao ministro do Ambiente.
Por um lado, questiona se “considera o Governo a possibilidade de suspender o encerramento da Central Termoeléctrica do Pego, pelo menos até que estejam definidos, em concreto, os termos da reconversão futura daquela unidade”, por outro, e “a manter-se a decisão de encerramento no final de novembro, que medidas concretas estão previstas para apoiar socialmente os trabalhadores” envolvidos.
António Filipe dirigiu ainda outra questão de âmbito económico a João Matos Fernandes, perguntado sobre “que medidas concretas estão previstas para compensar as consequências negativas do encerramento da Central para a economia da região de Abrantes”.
Os trabalhadores da Central Termoelétrica do Pego, em Abrantes, a única ainda a funcionar a carvão em Portugal, exigiram no sábado ao Governo que “reverta a decisão de encerramento” daquela unidade, recusando cair no desemprego, numa manifestação onde o deputado do PCP António Filipe marcou presença.
A central do Pego tem 85 trabalhadores diretos, a que se juntam depois os funcionários de emprego indireto, totalizando cerca de 150 pessoas.
A manifestação decorreu no centro histórico de Abrantes e foi convocada pelo Siesi – Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, da CGTP-IN.
Na ocasião, o deputado do PCP disse à Lusa que viu a “decisão prematura de encerramento da central” com “preocupação e perplexidade”, num “momento em que existe uma situação de grande indefinição relativamente ao futuro” da empresa e dos trabalhadores, “muitos deles já com carta de despedimento” na sua posse.
O futuro da central, que passará por uma reconversão para um 'cluster' de produção de energias verdes, vai ser decidido em janeiro de 2022, depois do adiamento dos prazos previstos no concurso público que o Governo lançou em setembro para concessionar aquele ponto de injeção na rede elétrica nacional.
Lusa