A Tagus, Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, lançou esta quarta-feira, dia 9 de novembro, uma plataforma para a promoção e comercialização 'online' dos produtos agroalimentares de Abrantes, Constância e Sardoal. Esta plataforma envolve 22 produtores.
O lançamento desta plataforma contou com a presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que, tal como todos os presentes no Centro Cultural Gil Vicente, foi convidada por Conceição Pereira, a “pegar no telemóvel e entrar no praca-ri.pt” para espreitar os produtos. Conceição Pereira que, no final da cerimónia, sugeriu que os convidados pudessem fazer compras após terem conhecido a plataforma.
A criação da loja online teve um investimento que rondou os 30 mil euros, com apoio a 80% de fundos comunitários, sendo o restante suportado pelos municípios envolvidos, ou seja, Abrantes, Constância e Sardoal. A ideia surgiu em plena situação pandémica da Covid-19, explicou a responsável pela Tagus, “quando os produtores locais enfrentavam dificuldades em escoar a sua produção”, devido aos constrangimentos causados pela mesma. Conceição Pereira adiantou que foi feita uma experiência que acabou por redundar nesta plataforma que, para já, aponta a vinhos, cervejas artesanais, licores, azeites, queijos, enchidos, mel e outros doces, como compotas, marmeladas, bolachas e figos confitados, mas que no futuro quer apostar nos circuitos de horto-frutícolas e no artesanato.
A está, para já, direcionada para o mercado nacional, mas depois há também a intenção clara de a alargar a todo o mundo. No arranque a praca.ri.pt tem por objetivo incentivar os produtores na sua atividade, agregando 22 profissionais do setor agroalimentar, e aproximar os produtos locais do cliente.
Conceição Pereira, coordenadora da Tagus
A ministra da Agricultura, que foi presidente da Câmara de Abrantes por isso, conhece bem o território e a Tagus, revelou que este lançamento “significa que as instituições estão atentas às necessidades dos consumidores e que os instrumentos que disponibilizamos [governo] são aproveitados.”
Maria do Céu Antunes disse que quando tomou posse, em 2019, começou por propor uma agenda estratégica para a Agricultura. Mas depois veio a pandemia, uma seca e, agora, uma guerra. E acrescentou que “depois há soluções com consequência e hoje há esta partilha.”
A governante disse que ma pandemia, houve uma altura quem que “sentei-me com a minha equipa alargada para tentar perceber o que fazer no comércio local e na pequena agricultura. No Alentejo havia agricultores a deitar leite fora. E tínhamos de esperar por Bruxelas, por medidas de apoio. E fizemos uma campanha de promoção dos nossos produtores: alimentar quem nos alimentou.” A titular da pasta da agricultura disse ainda que a pandemia trouxe as feiras eletrónicas. “E uma produtora de Vinhais disse-me este ano que, nesse tempo, num fim de semana vendeu 12 mil euros, o que nunca lhe tinha acontecido.”
Maria do Céu Antunes disse ainda que se inspirou no modelo do projeto “Prove”, desenvolvido neste território pela Tagus para modelar os circuitos curtos, como este que agora está a ser lançado. “Criámos uma série de medidas e pacotes de apoio para os projetos dos circuitos curtos. Estas medidas têm bastante adesão.”
A ex-presidente da Câmara de Abrantes deixou ainda um cumprimento à “Tagus e à Conceição porque é muito importante ter o espírito dos grupos de ação local para lançar estes projetos. Temos que olhar para estes projetos e mostrar aqueles que são bem feitos.”
Maria Céu Antunes, ministra da Agricultura
A governante deixou ainda a indicação que o ministério tem outra iniciativa de alimentação saudável que dá a hipótese de contratar nutricionistas para trabalhar com os agricultores, com os circuitos curtos. E podem ainda aliar-se à diminuição da pegada ecológica. “Precisamos de consciencializar as pessoas que são as suas escolhas [nas compras de alimentos] que vão manter as pessoas a viver nestas regiões e ajudar a melhorar a pegada ecológica.”
Miguel Borges, anfitrião desta sessão, começou por dizer que estes projetos, por mais pequenos que sejam, tem uma importância vital para as localidades e para as economias locais. E deixou a provocação para as pessoas presentes pensarem “e se um dia a Tagus não existisse?” Ou seja, o autarca, quis “mostrar” aquilo que é o trabalho deste grupo de ação local no desenvolvimento de ações no mundo rural, nas economias locais e familiares.
Depois dirigiu-se à ministra, numa altura em que se discute muito o futuro e o trabalho destes grupos de ação local.
Miguel Borges deixou ainda uma referência ao espaço “Cá da Terra”, local onde vai ser operacionalizado todo este projeto online.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Fundada em 26 de novembro de 1993 e trabalhando em territórios de baixa densidade populacional nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, a Tagus é desde 1995 gestora local de Programas de Iniciativa Comunitária LEADER, lançando uma plataforma digital comercial que “visa contribuir para o desenvolvimento da economia regional”.
A Tagus candidatou-se à operação 10.2.1.4 – cadeias curtas e mercados locais, do Programa Nacional de Desenvolvimento Rural (PDR2020), inserida no Portugal 2020 e cofinanciada pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), para permitir apoiá-los no escoamento das suas produções por 'e-commerce', fomentando o contacto entre quem produz e quem consome, e tornando os produtos mais acessíveis a qualquer parte do país”, enquadrou.
Um projeto que, depois de aprovado e desenvolvido, tem agora condições para entrar em funcionamento, numa fase em que a Tagus assinala 29 anos de atividade e em que a quadra natalícia que se aproxima é propícia à oferta de produtos locais.
Para a operacionalização da plataforma digital, o projeto prevê, também, a aquisição de embalagens e outros materiais, que permitam escoar estes artigos, e uma estratégia de 'marketing', de modo a fomentar as vendas e a valorização dos mesmos.
O futuro passa por projetos de escala ao nível das comunidades intermunicipais
A ministra da Agricultura deixou, para além do lançamento da plataforma, a ideia muito clara que os projetos têm de ganhar escala para melhorar e majorar os apoios.
Maria do Céu Antunes começou por referir que “concluímos a reforma da PAC (Política Agrícola Comum), a maior dos últimos 30 anos” e aludiu que o futuro faz-se também com os pequenos agricultores. Por isso é importante criar instrumentos para que tenham acesso a plataformas para escoarem os seus produtos. “Precisamos de uma agricultura bem programada, com gestão eficiente do uso da água e com olhar para quem consome.”
Neste momento, disse Maria do Céu Antunes “estamos a pedir aos grupos de ação local [diversas entidades de desenvolvimento local similares à Tagus] para apresentarem as suas estratégias locais. Queremos os agricultores, mas também olhar para o consumidor. Sendo [o apoio do ministério da Agricultura] mono fundo os grupos precisam de ir a outros programas para alavancar os projetos noutras áreas.”
E depois acrescentou que o ministério vai valorizar a fusão de grupos de ação local. ”vamos valorizar projetos de âmbito de NUT III [unidades territoriais que são as comunidades intermunicipais]. Temos menos fundos, mas podemos ganhar escala.”
Maria do Céu Antunes disse que é preciso pensar em projetos com os pequenos agricultores, as comunidades intermunicipais, os municípios, as associações de agricultores e os grupos de ação local. “Precisamos que trabalhem juntos no mosaico de paisagem. Há uma dotação financeira de 15 milhões de euros”, mas são projetos que têm de ter escala.
E deixou a mensagem “estou disponível para vir trabalhar convosco neste território com a equipa de técnicos do ministério”.
Maria Céu Antunes, ministra da Agricultura
A governante diz ter a consciência de que há territórios com desafios enormes. “Temos pouca agricultura e floresta desordenada. E temos pouca agricultura estruturada a não ser a vinha e o vinho”, revelou a ministra aludindo a este território.
Maria do Céu Antunes concluiu a sua intervenção com o provérbio “para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira” para dizer que o desenvolvimento faz-se, mas que precisa da agricultura. “É nos momentos desafiantes que temos de fazer a diferença.”
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