O presidente executivo da Trust Energy, principal acionista da Tejo Energia, que geria a central do Pego, disse hoje que a sua proposta de conversão dá resposta ao que Portugal precisa ao "contribuir para a segurança do abastecimento do país".
“Nós achamos que a proposta da Tejo Energia claramente traz mais-valias, pela rapidez com que se liga ao ponto de ligação e com a enorme capacidade de armazenagem que tem e pelo enorme contributo para a região, que vai ser valorizado pelo concurso, porque, no fundo, este é o objetivo com que o concurso foi desenhado”, disse o presidente executivo (CEO) da Trust Energy, José Grácio, em declarações à agência Lusa.
O responsável realçou que a central tem “a licença ambiental para começar a funcionar já” com biomassa e “começar a contribuir para a segurança do abastecimento do país”, numa altura em que os preços do gás nos mercados grossistas dispararam, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Segundo o responsável, o projeto para a central do Pego, no concelho de Abrantes, contempla 75% de energia proveniente de fonte eólica e solar e 25% de resíduos florestais (biomassa).
José Grácio apontou que a componente de biomassa é precisamente o que distingue o projeto da Tejo Energia das outras propostas, uma vez que prevê a utilização de um recurso existente na região, uma infraestrutura que já existe na central e que era utilizada anteriormente para queimar carvão e que proporciona a criação de novos empregos, para a recolha e processamento dos resíduos florestais.
Adicionalmente, apontou o CEO, o recurso a esta terceira fonte de energia renovável permite várias semanas de armazenagem.
“Estamos confiantes de que esta é a melhor proposta”, afirmou o CEO da Trust Energy, acrescentando ter a “expectativa positiva” de que o projeto submetido ao concurso para conversão da central termoelétrica que terminou a produção a carvão em novembro “dá resposta àquilo que o sistema, nesta altura, precisa e que Portugal, nesta altura, precisa”.
José Grácio, presidente Executivo Trust Energy
A Tejo Energia, consórcio constituído pela Trust Energy (Engie e Marubeni), que detém 56%, e pela Endesa (com 44%), propôs ao Governo, no ano passado, iniciar, logo após o fim do ciclo do carvão, um processo de conversão da central para um "cluster" de energias verdes, mantendo todos os postos de trabalho, e com um investimento total de 900 milhões de euros.
A Endesa discordava da utilização de biomassa e apresentou a sua proposta a concurso, que recebeu a pontuação mais elevada na avaliação preliminar do júri, que deverá pronunciar-se em breve quanto à decisão final.
A Trust Energy recorreu aos tribunais, por entender que a capacidade de injetar energia na rede através do ponto de ligação que se encontra na central do Pego pertencem à Tejo Energia, que a geriu durante 28 anos.
“A Tejo Energia, em 2006, 2007, fez um acordo com o Estado – nesta altura a REN representava o Estado – em que teria direito a ficar com este ponto de ligação”, apontou José Grácio.
O consórcio interpôs uma providência cautelar para anular o concurso que atribuirá a ligação à rede ao vencedor, mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria não lhe deu razão.
“Não faria sentido nenhum eu manter uma instalação se não posso injetar uma instalação que, nesta altura, ainda tem vários anos de vida e que faria sentido - não com carvão, entendemos perfeitamente que não seja com carvão - continuar a produzir e a injetar na rede nacional”, defendeu José Grácio.
A Central Termoelétrica do Pego é o maior centro produtor nacional de energia, com uma potência instalada de 628 megawatts (MW) na central a carvão, encerrada em novembro, e de 800 MW na central a gás, que prosseguirá em atividade, com contrato válido até 2035.
O calendário inicial do concurso ao ponto de ligação à rede elétrica da central do Pego previa que os interessados contestassem a avaliação preliminar até 11 de fevereiro, cinco dias úteis ser conhecido o relatório, mas foi prorrogado duas vezes, a primeira por mais 10 dias úteis e a segunda por mais cinco, prazo que terminou em 04 de março.
Agora, encontra-se a decorrer um período de audiência prévia sobre o relatório preliminar revisto.
A Endesa continua a ter a melhor proposta no concurso, que chega à fase final com cinco concorrentes, após a exclusão da Greenvolt.
Seguem-se as propostas da Tejo Energia, da Voltalia SA, da Brookfield Ltd & Bondalti SA e, em último, a da EDP Renováveis.
Lusa