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Abrantes: PS chumba incubadora do PSD porque Conselho Estratégico Empresarial está a ser pensado para 2024

4/10/2023 às 16:42

Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes desta terça-feira, o vereador eleito pelo PSD apresentou a votação uma proposta para a criação de uma incubadora de empresas de base tradicional.

Vítor Moura defendeu que “desde a primeira hora que apontamos a perda continuada de população como o sintoma maior de uma política insuficiente no desenvolvimento do concelho de Abrantes”. Acrescentou não haver “dúvidas de que o emprego é o principal fator de fixação das pessoas” e que “terá de estar na base de uma qualquer estratégia de desenvolvimento sócio-económico para o concelho”.

Vítor Moura acrescentou ainda que “nesse capítulo, temos ainda realçado a importância que uma incubadora de empresas de base não tecnológica poderá ter no nascimento (e sustentabilidade futura) de pequenas empresas em áreas tradicionais que só verão a luz do dia se houver algum tipo de apoio na fase de instalação e nos primeiros anos de atividade”.

Assim, o PSD propôs “que se tomem medidas que visem a criação de uma incubadora de empresas de base tradicional no concelho de Abrantes, apontando o próximo ano como o período desejável para o estudo de viabilidade e definição das linhas orientadoras dessa incubadora e a respetiva instalação até final de 2025. A fim de acomodar as verbas necessárias a este projeto, recomendamos a sua inscrição já no próximo plano e orçamento”.

Ainda “como recomendação”, o vereador social-democrata defendeu que “a reabilitação de edifícios devolutos deverá ser o critério a observar, sempre que não comprometa o objetivo primeiro”. No final, manifestou “a disponibilidade para trabalhar conjuntamente com o executivo nas linhas orientadoras do projeto, ficando a parte técnica sob responsabilidade dos serviços competentes”.

O vereador eleito pelo movimento ALTERNATIVAcom, Vasco Damas, votou favoravelmente a proposta, tendo a maioria socialista apresentado uma declaração de voto que, segundo disse o presidente Manuel Jorge Valamatos, não pretendia votar contra mas que sugeria algumas alterações à proposta.

Foi nesta declaração que o presidente da Câmara de Abrantes anunciou que iria ser criado o Conselho Estratégico Empresarial de Abrantes onde, em vez de se decidir em definitivo a criação da incubadora de empresas de base tradicional, esta seria analisada neste órgão consultivo.

Vítor Moura não aceitou as sugestões da maioria e a proposta acabou chumbada pelo PS.

 

O Conselho Estratégico Empresarial de Abrantes

No final da reunião de Câmara, à Antena Livre, Manuel Jorge Valamatos explicou o que se pretende com o anunciado Conselho Estratégico Empresarial de Abrantes e quem o irá integrar.

Começou por lembrar que há Conselhos Municipais que decorrem da Lei, como o Conselho Municipal de Educação ou o Conselho Municipal da Juventude, mas que, no entanto, há outros Conselhos Municipais, nomeadamente o Conselho Municipal de Turismo “que não decorre da Lei e nós criámo-lo e já está em fase de implementação. Aliás, isto não foi feito por questões técnicas, mas em breve daremos lugar à primeira reunião”.

“Com o Conselho Estratégico Empresarial queremos criar um fórum de discussão com as entidades que se envolvem com as questões empresariais, económicas, com as questões do desenvolvimento económico e é com esses parceiros que temos que discutir o nosso futuro coletivo. É nesse Fórum que podemos debater assuntos que devem merecer a nossa atenção em termos do nosso desenvolvimento económico e empresarial”, admitiu o autarca.

Questionado sobre quem é que estará representado nesse Conselho Estratégico Empresarial, Manuel Jorge Valamatos confirmou que “seguramente, estarão representadas todas as entidades que no seu domínio de ação tenham ligação com o mundo empresarial. Falo do NERSANT, do IEFP, da TAGUS, da Associação Comercial e Empresarial... e obviamente que vão estar representantes das pequenas, médias e grandes empresas”.

Quanto ao que se pretende, disse o presidente da Câmara que “nós queremos um Fórum consultivo, não queremos nem poderemos ter nenhum Fórum vinculativo, mas vamos à procura de um Fórum de diálogo, discussão, capaz de, no fundo, ter decisões ou apontar estratégias para o nosso desenvolvimento coletivo do ponto de vista empresarial e do ponto de vista da economia em termos gerais”.

A Antena Livre também quis saber se já foram encetados contactos com as entidades que irão integrar o Conselho Estratégico Empresarial e isso mesmo foi confirmado pelo presidente da Câmara que assegurou que sim. “Claro, mesmo ontem [2 de outubro] tomei posse enquanto presidente da TagusValley, do Parque de Ciência e Tecnologia e manifestei a minha vontade de tentar conseguir que esteja mesmo presente nessa direção, de forma continuada e o mais presente possível, deixando os outros membros da direção tomarem o pulso da atividade diária do Parque de Ciência e Tecnologia. No entanto, nessa mesma tomada de posse, estiveram empresários, o Instituto Politécnico de Tomar, representantes da Escola Superior de Tecnologia, o Politécnico de Santarém, empresas como a Tejo Energia, onde vão estar empresas como a Endesa e outras, seguramente no futuro. E nós queremos também conseguir ter mais associados no âmbito do Parque de Ciência e Tecnologia, ter mais municípios, para dar cada vez mais robustez ao Parque de Ciência e Tecnologia e à sua importância para a região”.

“Significa isso que poderá estar para breve?”, quisemos saber. Manuel Jorge Valamatos informou que “nesse Fórum e nessa tomada de posse, ficou bem presente a importância de construirmos este Conselho consultivo, estratégico e empresarial, como fórum capaz de assumir e de liderar vontades e estratégias capazes de olharmos com boas expetativas para o futuro. Os assuntos que dizem respeito aos empresários, à dinâmica económica e empresarial do concelho, devem ser apresentados, discutidos e dialogados nesse Fórum e apontarem também, sobretudo, e isso sim, direções corretas para o futuro”.

 

O chumbo da proposta do PSD

Quanto ao facto de ter assumido em reunião de Câmara, levar a proposta do PSD a este órgão consultivo, Manuel Jorge Valamatos explicou que “a proposta apresentada pelo senhor vereador do PSD acaba por encaixar no nosso plano estratégico 2030. O nosso plano visava a criação deste Conselho Estratégico Empresarial e trouxe aqui uma proposta, que não queríamos votar contra, mas queríamos que este assunto fosse levado às primeiras reuniões desse órgão consultivo porque, no fundo, nós percebemos a intenção do PSD, aqui representado pelo senhor vereador”. O autarca acrescentou não ter “nada contra a proposta em si, naquilo que diz respeito à criação de uma incubadora de base não tecnológica, sendo que nós, no Parque de Ciência e Tecnologia, temos o parque dirigido para as empresas de base tecnológicas. Aquilo que dizemos é que no Parque de Ciência e Tecnologia - embora esteja dirigido para as empresas de base tecnológicas - nunca deixámos de apoiar as empresas. Sempre que a Direção entende que deve apoiar, ou por coworking ou por outra forma, nunca deixámos ninguém para trás e temos apoiado”. Lembrou ainda que “a própria Câmara Municipal, não é o Parque de Ciência e Tecnologia mas é a Câmara Municipal, tem programas de apoio e de incentivo, como por exemplo, o Programa +Comércio, de apoio às rendas para a implementação de projetos de base não tecnológica”.

“Ora, o PSD vem aqui apresentar uma proposta para a criação duma incubadora de base não tecnológica, de base tradicional, e nós entendemos e propusemos ao senhor vereador que esse assunto podia ser discutido no Fórum do Conselho Estratégico Empresarial, mas o senhor vereador não entendeu assim. Queria que aprovássemos aqui hoje (...) e até sugere que se adquiram os edifícios antigos para fazer isto. Isto não tem substrato, não tem consistência bastante para estarmos a aprovar pois o que se aprova é para se fazer, portanto, não podemos brincar com estes assuntos”, declarou o presidente. Acrescentou, contudo, que “acreditamos que o PSD apresentou esta proposta com boa intenção, reconhecemos o seu conteúdo bastante interesse, a forma em que está a ser apresentado é que não está de acordo as nossas intenções, não faz parte do nosso plano estratégico 2030 da forma como está a ser apresentado”.

Manuel Jorge Valamatos reiterou que “este assunto deve ser debatido nas primeiras reuniões deste Conselho Estratégico Empresarial, deve ser discutido com os agentes da nossa comunidade que se relacionam com o mundo empresarial e com a atividade económica em termos gerais, e achamos que esse era o momento para o fazer, daí que tivemos de votar contra. Não contra a proposta em si, mas devido à forma como ela está a ser apresentada. Nós pedimos ao senhor vereador que pudesse fazer uma pequena correção à sua proposta e que se propusesse que, em 2024, este assunto pudesse ser levado ao Conselho Estratégico Empresarial. Assim não o entendeu, tivemos que votar contra”.

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