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Resitejo recebe anualmente cerca de 90 mil toneladas de resíduos

27/02/2019 às 00:00

É o maior empregador do concelho da Chamusca. A Resitejo – Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo - emprega 298 colaboradores. Apresenta um orçamento anual de 13 milhões de euros (ME) e uma faturação de cerca de 9 ME.

É no Eco Parque do Relvão que desde 1996 receciona as cerca de 90 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos, produzidos pelos 209.587 habitantes de Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e VN da Barquinha.

Diamantino Duarte, 62 anos, natural de Santarém, está na liderança da Resitejo quase desde o seu início. O gestor é do tempo em que o tratamento de resíduos era bastante retrógrado. Hoje, considera que muito já se evoluiu, mas ainda há muito por onde crescer.

Em entrevista ao Jornal de Abrantes, começa por recuar na história e recorda que o processo da constituição deste tipo entidades surge na década de 90. “Nos anos 90, o país iniciou um processo que se destinava a erradicar todas as lixeiras que existiam. Até à entrada de António Guterres, o país não tinha tratamento de resíduos e eu ainda sou do tempo em que a recolha era feita de carroça”.

Mais tarde, “os resíduos começaram a ser recolhidos e eram colocados em lixeiras. Nesses locais, as lixeiras ardiam noite e dia. Era o caso de algumas zonas junto ao Tejo que ardiam e que libertavam uma série de problemas. Outros resíduos eram colocados em terrenos das Câmaras, alguns em leitos de cheia”.

Nos anos 90, o Governo com o apoio da Comunidade Europeia lançou um projeto para a erradicação das lixeiras e que se destinava à construção de aterros. Foi neste sentido, que os Municípios criaram os Sistemas de Tratamento de Gestão de Resíduos Urbanos”, conta Diamantino.

No distrito de Santarém, como é normal, cada um criou a sua capelinha e criaram-se três sistemas: a Eco Lezíria a Sul, a Resitejo que ficou aqui no meio com nove Municípios e com a adesão mais tarde de Santarém, e a Norte os municípios constituíram outro sistema”, aludiu.

 Diamantino Duarte está na liderança da Resitejo quase desde o seu início

Hoje em dia, a Resitejo recebe anualmente cerca de 76 toneladas de resíduos urbanos indiferenciados e cerca de 10 mil toneladas de seletivos, ou seja, aqueles lixos que são colocados nos ecopontos.

Distribuída por 32 hectares, a Resitejo tem evoluído e acompanhado a tendência dos tempos. Em 1999, inaugurou a sua célula de reposição de resíduos e em 2004 passou a ter uma rede de recolha seletiva.

Atualmente, é detentora de uma matriz de infraestruturas distribuída por várias instalações, equipamentos mecânicos, recipientes e recursos humanos que durante os 365 dias laboram para a assegurar o conforto e a segurança dos cidadãos da região.

O objetivo passa por garantir a recolha, o transporte, o tratamento e a valorização dos resíduos sólidos urbanos, tal como explicou Diamantino Duarte: “Em cada um dos concelhos, a Resitejo tem um centro de recolha onde os municípios entregam os seus resíduos. A partir daí, a Resitejo faz o seu transporte e o seu tratamento”.

Até 2014, os resíduos iam na totalidade para aterro sanitário. Em 2013, a Resitejo iniciou a construção de uma unidade de tratamento mecânico onde os resíduos são colocados e tratados. Os resíduos entram nessa unidade e, depois, são separados em 3 ou 4 categorias para serem aproveitados”, referiu.

Naquela unidade, retiramos plásticos para reciclagem, retiramos matéria orgânica para composto para a agricultura e para a silvicultura e retiramos alguma parte dos plásticos e de outros materiais que não podem ser aproveitados na reciclagem e que são para combustível e para as sementeiras”, acrescentou.

Hoje em dia, ainda há uma parte dos resíduos que “vai para aterro, que são aqueles que não se conseguem mesmo aproveitar. A unidade está preparada para recuperar 90 a 95% dos resíduos, o que é muito bom. Infelizmente, hoje não conseguimos isso, porque o mercado não os absorve”.

No que diz respeito ao lixo que é separado nos ecopontos, Diamantino Duarte afirmou que a recolha é feita, exclusivamente, pela Resitejo.

Nós temos uma rede de um ecoponto para 120 habitantes. Os resíduos vêm diretamente para a estação de triagem. Na estação de triagem são separados e tratados para seguirem em condições para os retomadores”, afirmou.

E o vidro?

Esse é o único produto em que as pessoas colocam no ecoponto e não tem qualquer tratamento porque quando chega aqui é armazenado e mandamos para o retomador. Quando as pessoas não fazem a devida reciclagem do vidro, estão-se a prejudicar duas vezes. Estão a prejudicar o ambiente e estão a pagar mais, porque quando põem vidro dentro do contentor verde aumentam a quantidade de peso pago pelas Câmaras”.

Ao longo dos anos, a Resitejo tem atuado ao nível da sensibilização ambiental. O trabalho tem incidido nas escolas e junto das crianças.

Quanto a projetos, Diamantino Duarte refere que a Resitejo está a desenvolver um trabalho em parceria com as grandes superfícies onde nos locais há um ponto de sensibilização. De seguida, está a desenvolver um trabalho de recolha porta a porta, que nos últimos três anos tem-se dedicado ao comércio local.

Temos uma equipa que contacta diretamente os estabelecimentos e onde convidamos o pequeno empresário a aderir à nossa recolha. Na prática, passamos todas as semanas e fazemos nós a recolha dos cartões e plásticos em vez de ser o empresário a deslocar-se ao ecoponto. Assim, para além de sensibilizarmos para a separação, estamos a garantir mais espaço nos ecopontos para o cidadão comum”, vincou.

Sobre a sensibilização ambiental, o responsável considera que “ainda há um longo caminho a percorrer. É verdade que ainda estamos longe de cumprirmos as nossas metas ambientais, mas não podemos ter dúvidas, que em pouco tempo, muito crescemos a este nível”.

RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos é uma realidade em março

Por imposição legal, uma empresa intermunicipal vai suceder à Resitejo. A partir do próximo mês de março, a Resitejo vai passar a chamar-se RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos. Segundo o Diamantino Duarte, nada se altera apenas o regime jurídico e o nome da empresa

O gestor explicou que a mudança surge para que seja possível cumprir a legislação em vigor uma vez que o Governo fez alterações legislativas no caso das Associações, como é a Resitejo. “Nós tínhamos dois caminhos: ou nos constituíamos enquanto Associação de Municípios de fins específicos ou constituímos uma empresa intermunicipal e foi o que fizemos”.

Questionado sobre a nova ponte sobre o Tejo e sobre as implicações que a nova travessia poderá ter para a Resitejo, Diamantino Duarte afirmou que a nova ponte “deve ser vista no âmbito regional e deve servir os interesses ambientais”.

É fundamental uma nova travessia e é fundamental concluir o IC13. Onde fica a nova travessia a mim pouco me preocupa, agora deve ser prevista para fazer a ligação à A13 e à A23”, considerou.

Diamantino recordou que um dos maiores problemas ambientais em termos de transportes está localizado na nossa região. “É preciso lembrar que neste espaço está sediado um aterro de resíduos urbanos e indústrias, duas unidades de resíduos perigosos e duas incineradoras de resíduos hospitalares. Converge do país para o Eco Parque quase todos os resíduos perigosos e estão a passar por aqui diariamente cerca de 1100 viaturas”.

Devido a esta realidade, as viaturas estão neste momento a passar dentro das localidades, logo, a nova travessia não se pode dissociar desta realidade”, fez notar

“O grande desafio dos próximos 4 anos é a recolha porta a porta” - Diamantino Duarte

Quanto a objetivos futuros para a Resitejo, o gestor disse querer continuar a encontrar no mercado soluções que acolham os resíduos que podem ser valorizados. Depois, a Resitejo quer apostar no escoamento do composto já produzido para agricultores e produtores florestais.

O ano passado, obtivemos a licença e já estamos a trabalhar com alguns produtores florestais para que eles comecem a utilizar o nosso composto”. Depois, “o grande desafio dos próximos 4 anos é a recolha porta a porta. Este ano, queremos chegar pelo menos a seis municípios. Vamos fazer o serviço sobretudo nas zonas urbanas e vamos arrancar durante este primeiro semestre na Chamusca e de seguida em Constância, VN da Barquinha, Ferreira do Zêzere e Golegã”, avançou.

Diamantino Duarte explicou que cada casa vai receber um mini ecoponto e a determinado dia, a recolha é efetuada pela Resitejo.

O objetivo é até 2020 atingir os 10 concelhos o que se pressupõe que se duplique a quantidade de resíduos seletivos, ou seja, passarmos das 10 mil toneladas para 20 mil. Este objetivo tem grande vantagens, aumenta-nos a receita e diminui a quantidade de resíduos indiferenciados que estamos a receber”, rematou.

Joana Margarida Carvalho

 

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