Depois do processo de insolvência da Tupperware nos Estados Unidos que deixou a incerteza a pairar sobre o futuro da fábrica de Montalvo, agora foi a Tupperware de Portugal a entrar em insolvência.
A sentença de declaração de insolvência foi emitida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo de Comércio de Lisboa, na sexta-feira, dia 7 de fevereiro.
Nesta sentença, que a Antena Livre teve acesso, foi nomeado o administrador de insolvência, Jorge Calvete, e foi concedido um prazo de 30 dias para reclamação dos créditos.
No mesmo documento judicial é referido como informação final que pode existir um Plano de Insolvência apresentado pelo administrador de insolvência, pelo devedor, porque qualquer pessoa responsável pelas dívidas de insolvência ou credor, ou grupo de credores que representem um quinto do total de créditos.
Neste momento os trabalhadores, ao que conseguimos saber, assinaram um documento que estende a suspensão de trabalho até ao dia 21 de fevereiro.
De acordo com as informações recolhidas, não existiu qualquer despedimento nem os trabalhadores receberam propostas para cessação dos contratos.
A Antena Livre conseguiu saber que pode ainda acontecer esta semana uma reunião do administrador de insolvência com os trabalhadores.
Há ainda uma dúvida junto dos trabalhadores sobre o acesso ao subsídio de desemprego, mas uma fonte da Segurança Social indicou que só com documento de despedimento ou outro emitido pelo administrador de insolvência é que se inicia este processo.
Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância, indicou esta manhã à Antena Livre que a única informação que tem é que não houve, ainda, despedimentos e que tem todos os processos articulados com a Segurança Social para encaminhamento dos trabalhadores para o Centro de Emprego de Abrantes, quando estes tiverem os documentos que lhes permitam aceder ao subsídio de desemprego.
Por outro lado, o autarca diz já ter falado com o grupo de investidores que quer adquirir a fábrica e a maquinaria e que não teve resposta da administração nos Estados Unidos. Poderá ser mais fácil o contacto com a empresa através do administrador de insolvência.
Sérgio Oliveira, presidente CM Constância
De acordo com o portal Citius, no pedido de insolvência foram identificados como credores várias empresas do grupo Tupperware e, ainda, a Gráfica Ideal de Águeda - Indústrias Gráficas S.a., a Dart Industries Inc., o BCP, Carla Sofia Soeiro Cruz Gonçalves e Ignacio Zubizarreta.
A fábrica da Tupperware em Montalvo era controlada pela sociedade Tupperware Indústria Lusitana de Artigos Domésticos que, por sua vez, era detida em 74% pela Tupperware Portugal - Artigos Domésticos Unipessoal Lda e em 26% pela Tupperware Iberia.
Ambas as empresas dependem a 100% da casa-mãe sediada nos Estados Unidos - a Tupperware Brands Corporation.
Os 200 funcionários da Tupperware foram informados em 09 de janeiro de que iriam continuar a trabalhar até final do mês, com o respetivo pagamento de vencimento, sendo o período alargado, inicialmente, até 07 de fevereiro, e agora, até 21 de fevereiro, período durante o qual deverão receber as cartas de despedimento.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.
O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências diretas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efetivos, a maioria dos quais residentes em Montalvo.
Em 7 de fevereiro o Tribunal de Lisboa emitiu sentença de insolvência da Tupperware - Indústria Lusitana Artigos Domésticos, ou seja, da Tupperware Portugal.