A Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo abriu um processo interno de averiguações, depois de quatro grávidas terem sido encaminhadas pela Linha SNS24 para as urgências em Abrantes, cujo serviço estava encerrado.
“O conselho de administração da ULS Médio Tejo informa que foi aberto um procedimento de averiguações interno para apurar as causas da deficiência de comunicação que levou ao encaminhamento de utentes para o Serviço de Urgência de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital de Abrantes, pela linha SNS24, no final do dia 24 de dezembro e primeiras horas do dia 25 de dezembro”, indica numa nota divulgada hoje a ULS, que agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, no distrito de Santarém.
Questionado pela Lusa, fonte oficial da ULS Médio Tejo disse que naquele período foram encaminhadas para as urgências de Abrantes quatro mulheres, tendo todas elas sido “triadas e assegurada transferência” para outras unidades hospitalares, que não especificou.
Em nota enviada à Lusa, a ULS Médio Tejo refere que “os dados preliminares à informação disponível atestam que a informação sobre os horários de funcionamento das urgências hospitalares foi, como habitualmente, introduzida na plataforma de Sistema de Dados Mestre do SNS no passado dia 20 de dezembro” e “assinalados corretamente os períodos de constrangimento” da urgência de Ginecologia-Obstetrícia em Abrantes.
“A informação sobre os constrangimentos de funcionamento nos dias 24 e 25 de dezembro foi igualmente difundida, como usualmente, nos meios de comunicação da ULS Médio Tejo, nomeadamente no ‘website’ e redes sociais da instituição”, acrescenta.
Ainda segundo a ULS Médio Tejo, a urgência de Ginecologia-Obstetrícia de Abrantes esteve encerrada ao exterior entre as 00:00 de 23 de dezembro e as 09:00 de 26 de dezembro, informação que não constava, na totalidade, na plataforma com os horários e mapa das urgências.
A ULS indica ainda que a “deficiência de comunicação” foi detetada “durante o final da noite do dia 24 e a madrugada de dia 25 de dezembro”, o que “motivou o imediato contacto com as diversas entidades envolvidas para a sua correção”.
A entidade assegura ainda, na nota informativa, que “os profissionais médicos e de enfermagem escalados” no Serviço de Urgência de Ginecologia-Obstetrícia da ULS Médio Tejo“receberam todas as utentes encaminhadas pela linha SNS24, apesar da situação de contingência programada”.
Lamentando “incómodos causados às utentes”, a ULS considera que “impõe-se agora o apuramento em maior detalhe sobre o que originou esta deficiente comunicação” entre a ULS Médio Tejo e a Linha SNS Grávida-Ginecologia.
“Como sempre, esta instituição irá colaborar para o levantamento e análise de toda a informação existente, com vista a correção de eventuais situações anómalas detetadas, e à melhoria contínua dos aspetos organizativos com impacto na prestação dos cuidados de saúde”, acrescenta.
A página online com os horários de funcionamento das urgências hospitalares [https://www.sns.gov.pt/servicos%20de-urgencia-sns/] indica hoje que a urgência de Ginecologia-Obstetrícia da ULS Médio Tejo está “referenciada” nos dias 28 e 29 de dezembro, ou seja, encontra-se “reservada às urgências internas e aos casos referenciados pelo CODU/INEM e pela Linha SNS24”.
Na plataforma é ainda indicado que aquele serviço de urgência em Abrantes estará encerrado entre os dias 30 de dezembro e 02 de janeiro de 2025.
Na quinta-feira, a ministra da Saúde disse que está em curso uma auditoria interna para aferir o que correu mal em situações em que a linha SNS24 demora a atender ou faz o encaminhamento errado dos utentes.
“São milhares e milhares de chamadas e, portanto, estas situações têm que ser reparadas, mas gostava muito de transmitir à população que não perca, de maneira nenhuma, a confiança no SNS24, porque ele, maioritariamente, está a funcionar muito bem”, salientou, admitindo que existe uma sobrecarga da linha.
Segundo dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), divulgados na quarta-feira, a Linha SNS 24 atendeu este ano mais de 3,4 milhões de chamadas, quase o dobro comparativamente ao mesmo período de 2023, sendo dezembro o mês com maior número de atendimentos.
Lusa