A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, destacou hoje a capacidade dos projetos científicos portugueses em captar fundos europeus, mas alertou que é preciso “mais financiamento” para alcançar objetivos.
“Nós temos muitas verbas na área da investigação e os portugueses têm conseguido fazer isso ao longo dos anos, que é captar projetos e concorrer a outros fundos, nomeadamente a fundos europeus”, disse.
Para a governante, que falava aos jornalistas à margem de uma visita ao EuRoC – European Rocketry Challenge, uma competição de lançamento de foguetes destinada a estudantes universitários europeus, que está a decorrer na cimeira aeronáutica Portugal Air Summit, em Ponte de Sor (Portalegre), o país deixou “há uns anos” de ser “contribuinte liquido” nesta área, tendo conseguido captar mais financiamento europeu.
“Nós já há uns anos a esta parte deixamos de ser contribuintes líquidos, ou seja, nós vamos buscar mais dinheiro à Europa do que aquele dinheiro que lá colocamos”, sublinhou.
“A ciência que temos em Portugal é muito boa, em algumas áreas é excelente, aliás, nós damos cartas a nível internacional, mas é evidente que precisamos de mais financiamento, isso é normal”, acrescentou.
Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
De referir que Portugal tem duas equipas nesta competição, uma do Instituto Superior Técnico de Lisboa e outra da Universidade da Beira Interior, mas tem outros dois jovens numa equipa inglesa. De resto quando Elvira Fortunato passou pelo local onde estava a equipa teve oportunidade conversar com estes jovens estudantes do superior, sendo que, como curiosidade, um deles já estagiou com professora Elvira Fortunato.
Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Questionada sobre essa curiosidade a ministra referiu que foi bom encontrar os jovens e que Portugal tem "cérebros" não apenas no nosso território. Por outro lado, referiu ainda que em termos comparativos dos laboratórios nacionais com estes onde agora desenvolvem as suas especializações a governante revelou que as opiniões são muito positivas em relação aquilo que o ensino superior português disponibiliza.
Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Já começou a terceira edição do EuRoC - European Rocketry Challenge
Durante a cerimónia, Ricardo Conde, Presidente da Agência Espacial, frisou que “quando começamos em 2020, com todos os desafios impostos pela pandemia, tivemos aqui presentes cerca de 100 estudantes. Hoje, temos mais de 500 estudantes, oriundos de 11 países europeus, que compõem as 18 equipas em competição. Creio que a edição deste ano permitir-nos-á confirmar que a Europa, e especialmente Portugal, está preparada para este tipo de iniciativas e que o vosso trabalho, e das gerações futuras, é essencial para enfrentar os desafios e também as oportunidades que o setor aeroespacial nos trará no futuro”.
Por sua vez, Rogério Alves, Vice-Presidente da Câmara de Ponte de Sor, reforçou que “durante a última década, o Município de Ponte de Sor tem trabalhado para ser um agente de mudança no setor aeroespacial. Esta terceira edição do EuRoC revela o quanto a competição tem crescido e como as capacidades e o know-how destas equipas têm sido aperfeiçoados ao longo destes anos”.
Já, Pedro Sardinha, Brigadeiro-General, 2.º Comandante das Forças Terrestres, acrescentou que “desde a primeira edição em 2020, que o Exército Português se constitui como parceiro na organização deste evento singular”. “Muito nos satisfaz voltar, uma vez mais, a estabelecer esta parceria sólida e de proporções significativas com a Agência Espacial Portuguesas. Para esse efeito, foi ontem assinado um protocolo entre o Exército Português e a Agência Espacial Portuguesa, que nos permitirá prestar o máximo apoio às diversas atividades decorrentes desta 3.ª edição da competição. Para além disso, esta parceria não se esgota no EuRoC e permite-nos partilhar experiências e trilhar caminhos para o desenvolvimento de novas tecnologias no setor aeroespacial”, acrescentou.
Por fim, Elvira Fortunato, Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, destacou que “as atividades relacionadas com o setor espacial cresceram significativamente nos últimos anos e Portugal tem vindo a acompanhar de perto este crescimento”. “A indústria aeroespacial está a crescer em diferentes setores de atividade e são cada vez mais importantes as informações disponibilizadas pelos satélites para diferentes áreas, como por exemplo, no que respeita às alterações climáticas e à poluição dos oceanos com plástico. Assim, é para nós muito importante o vosso trabalho para, através de novas tecnologias, explorar o espaço em diferentes áreas de atividade”, reforçou.
O EuRoC – European Rocketry Challenge conta este ano, e pela primeira vez, com o apoio da Agência Espacial Europeia, decorrendo a competição até terça-feira em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida (Santarém), com a participação de 20 equipas europeias.
Os lançamentos dos foguetões vão decorrer a partir de quinta-feira no Campo Militar de Santa Margarida, “à razão de três lançamentos por dia”, permanecendo as restantes equipas a ultimar a preparação dos rockets em Ponte de Sor.
Por último, na terça-feira, realiza-se a entrega de prémios e a cerimónia de encerramento no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.
A competição, na qual estão inscritas duas equipas portuguesas, uma do Instituto Superior Técnico de Lisboa e outra da Universidade da Beira Interior, integra anualmente sete troféus, sendo os prémios atribuídos de acordo com a altitude em competição e o tipo de motor usado nos foguetões.
O EuRoC surgiu em 2020 e é uma das várias apostas da Agência Espacial Portuguesa na área da Educação, sendo este “um dos pilares estratégicos” da sua atuação desde a fundação, em 2019.
A Agência Espacial Portuguesa, que vê nesta aposta nos jovens “o futuro do ecossistema espacial português”, tem como objetivo “promover e fortalecer” o setor espacial em Portugal, para “benefício” da sociedade e da economia nacional e internacional.
C/ Lusa
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