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Greve/Professores: Vive-se um dia de aulas quase normal na região - COM SOM

13/03/2018 às 00:00

O habitual corrupio matinal e muito trânsito em Abrantes, com os autocarros escolares e os pais a deixarem os alunos nas escolas perto das 8:30, antecipou um dia quase normal de aulas, com poucos professores a aderir à greve.

Junto à escola secundária Manuel Fernandes, sede de um dos dois agrupamentos de escolas do município, os autocarros escolares vindos das aldeias em redor deixavam os alunos e seguiam o seu percurso, ao passo que os pais faziam o mesmo e seguiam para casa ou para o seu local de trabalho, com o habitual beijinho de despedida e o aviso para telefonar, caso não haja aulas.

Em declarações à agência Lusa, Paula Duarte, professora, deixou a sua filha na escola, onde frequenta o 11º ano, e seguiu viagem para dar aulas na Chamusca, onde é educadora de infância, a cerca de 30 quilómetros de distância de Abrantes, tendo afirmado concordar com a greve e compreender os protestos dos docentes.

"Concordo com a greve e compreendo os professores, não concordo é com os sindicatos", afirmou, tendo feito notar que, "apesar de ter 30 anos de serviço", está "deslocalizada a 150 quilómetros de casa, que é em Aveiro".

Antes do toque de entrada das 8:30, os pais chegavam de carro e, sem estacionar, deixavam os seus filhos para seguirem marcha rapidamente e sem questionar se haveria aulas na escola Manuel Fernandes, que tem cerca de 1.200 alunos.

"Se for o caso, a minha filha telefona-me e eu venho buscá-la", disse à Lusa Elsa Cristóvão, mãe de uma jovem estudante do 6.º ano, que hoje "vai ter um teste". Sobre a greve dos professores disse "não estar dentro dos motivos", tendo afirmado, no entanto, que a ela "têm direito".

Numa cidade pacata, Celso Luís, pai de um jovem do 5.º ano, também disse poder vir buscar o filho, se não houver aulas. "Temos tempo para isso", observou, tendo referido não estar dentro dos motivos da greve dos professores.

Abordado pela Lusa, João Frazão, por sua vez, disse saber da greve e concordar com a mesma.

"Todos têm direito à greve e a lutar por melhores condições", disse Frazão, pai de um jovem a frequentar o 9.º ano de escolaridade, tendo também manifestado "disponibilidade" para vir buscar o seu filho à escola "à hora que for preciso".

Às 08:35, em Abrantes, já não se viam alunos no pátio. Dentro das instalações, poucos estudantes não estavam em aulas, constatou a Lusa no local.

Em Tramagal, ainda no concelho de Abrantes, a escola secundária EB, 2,3/S Octávio Duarte Ferreira, pertencente ao Agrupamento de Escolas Manuel Fernandes, registava movimentação semelhante, cerca das 9:00.

Em declarações à Antena Livre, Alcino Hermínio, diretor daquele Agrupamento Escolar que agrega perto de 2.200 alunos do pré-escolar ao 12.º ano de escolaridade, disse que “a adesão é muito limitada. Há alguns professores em greve mas é um número muito reduzido”. Questionado acerca da razão da fraca adesão, Alcino Hermínio afirmou que “uma coisa é o sentimento dos professores e aquilo que eles pensam sobre o ponto de situação negocial, outra coisa é a maneira como as greves são preparadas. Se a adesão é limitada, será em parte pela preparação da própria greve e pela comunicação que existiu, ou não, entre os professores e os diferentes sindicatos”.

Relativamente a escolas condicionadas, o diretor disse que "há professores a fazerem greve em várias escolas mas a única que não está a funcionar na totalidade é o pré-escolar da escola António Torrado". 

Quanto ao Agrupamento de Escolas Nº 1 de Abrantes, o diretor Jorge Costa afirmou à Antena Livre que, esta manhã, “deveríamos ter 164 professores ao serviço e não compareceram 41. Isto, no total das escolas do Agrupamento, o que corresponde numa adesão de 25%”.

Relativamente às escolas que ficaram impossibilitadas de realizar atividade letiva esta terça-feira “pela totalidade dos professores terem feito greve”, Jorge Costa informou que não abriram a Escola Básica de Mouriscas, o Jardim de Infância de Mouriscas e o Jardim de Infância de Abrantes. Todas as outras escolas estão a funcionar”. No entanto, onde se verifica um maior número de professores que aderiram à greve é nas escolas da cidade, nomeadamente na Dr. Solano de Abreu e na D. Miguel de Almeida.

Quanto ao Agrupamento de Escolas em Constância, a diretora Olga Antunes informou a Antena Livre de que há “alguns professores a faltar mas não sabemos se é pela greve ou por outras razões. De qualquer das formas, a escola está a funcionar normalmente, com três turmas sem aulas, mas não tem tido grande impacto”.

Já em Mação, no Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, “a adesão é bastante baixa” com “dois professores a faltar”, informou o diretor José António Almeida. Na escola sede “tínhamos que ter 33 professores e temos 31 a trabalhar. Nas outras escolas não temos ninguém a faltar embora, pelo que tenho falado com os colegas, eles considerem que as reivindicações e o que é posto em cima da mesa pelos sindicatos, seja da mais elementar justiça”.

Relativamente às razões da fraca adesão, “eventualmente o pouco tempo de preparação (…) eventualmente também algumas dificuldades porque estas coisas, em termos de vencimento, qualquer corte é significativo, eventualmente a forma como a greve foi organizada pode não ter sido bem entendida por todos mas as razões que estão na justificação da greve são perfeitamente comuns e aceites por todo o Corpo Docente do Agrupamento”, explicou José António Almeida.

A Lusa contactou o Sindicato dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), tendo o dirigente Eduardo Oliveira referido que a greve se situava esta manhã "entre os 15% a 20% de adesão".

Reconhecendo que a adesão á greve "não é muito elevada", o dirigente sindical observou, no entanto, que "muitos professores só dão aulas à tarde".

Na segunda-feira, sindicatos dos professores e Ministério da Educação não chegaram a acordo em relação à contagem do tempo de descongelamento das carreiras.

A tutela admite descongelar dois anos e 10 meses de tempo de serviço aos docentes, enquanto estes não desistem de ver contabilizados os nove anos e quatro meses.

Como não chegaram a acordo, os professores mantiveram a greve prevista para entre hoje e sexta-feira.

A greve abrange hoje as escolas dos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém e na região autónoma da Madeira, na quarta-feira as da região sul (Évora, Portalegre, Beja e Faro), na quinta-feira as da região centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Guarda e Castelo Branco) e, na sexta-feira, é a vez da região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.

C/ Lusa

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