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EuRoC 2023: Não ter medo a falhar e manter os padrões da qualidade (c/áudio)

13/10/2023 às 16:14

Na passada terça-feira, 10 de outubro, começou em Constância, a 4.ª edição do European Rocketry Challenche, no Paddock instalado no Pavilhão Desportivo Municipal, enquanto os lançamentos, acontecem no Campo Militar de Santa Margarida.

Esta competição junta em Constância 19 equipas, que no total se traduzem em 600 estudantes universitários europeus que, aceitaram o desafio de testar os seus conhecimentos no campo da aeronáutica.

Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, entidade organizadora da competição, em declarações à Antena Livre começou por agradecer e destacar a boa organização para a realização do evento, a qual, dependeu não só da Agência Espacial, mas também com a parceria com Exército a que se juntou o Município de Constância. E têm sido peças-chave para “assegurar esta estabilidade” do local para a realização do encontro: "Esta é uma organização da agência, mas a agência sozinha não pode fazer isso, tem que ser em parceria, neste caso essencialmente com o exército e com os municípios”, frisou o presidente da Agência Espacial.

Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, referiu que esta competição tem “uma imagem positiva”, por contarem com a presença de pessoas de 14 nacionalidades diferentes. Desta forma, esta presença veio trazer outra dinâmica ao concelho: “Ter aqui representados 14 países, com esta dinâmica, com a tecnologia de ponta e com o conhecimento académico, é algo que tem que orgulhar o concelho de Constância e a região, enquanto comunidade”. Destacou, de igual forma, que atualmente, os territórios têm que “estar abertos ao mundo” para receber este tipo de iniciativas para conseguirem um desenvolvimento destes territórios, os quais, irão receber no futuro o retorno destas ações: “Constância, é um concelho que está aberto ao mundo e está aberto a receber este tipo de iniciativas. Achamos, que hoje os desenvolvimentos dos territórios baseiam-se naquilo que é o conhecimento científico, académico e nas atividades que trazem valor acrescentado. Portanto, este universo de pessoas que estão aqui esta semana em Constância, não diria amanhã, porque isto são coisas que não dão resultados a curto prazo, mas que num futuro a médio e longo prazo terão um retorno para Constância. É uma grande projeção pelos 14 países da Europa que estão aqui representados”.

Por outro lado, o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, explicou que cada um dos jovens presentes estão a levar o evento, no que diz respeito à promoção “através das tecnologias, para uma multiplicação exponencial”. Isto quer dizer, segundo o presidente da AEP, que os participantes do concurso “estão a colocar Portugal no percurso daquilo que são as tecnologias do espaço”. Também, referiu, que os alunos e as agências presentes estão à espera de conseguir “ir para o próximo nível”, relativamente, à segurança, aos voos sub orbitais e com iniciativas como estas "isto vai ser possível”.

Ricardo Conde, presidente Agência Espacial Portuguesa

Ricardo Conde, também referiu que o processo de avaliação final é muito rigoroso, mas que este rigor é preciso para que os estudantes deem o melhor de si, já que, “uma coisa puxa a outra”. Do mesmo modo, o presidente da Agência Espacial Portuguesa, revelou, que tinham a intenção de mudar o nome da competição, mas o objetivo da agência é que esta competição seja reconhecida entre as universidades, alunos e empresas: “Antigamente a Europa competia nos Estados Unidos, agora a Europa compete na Europa, e compete em Constância, Santa Margarida e Ponte de Sor”.

Este ano o EuRoC contou com 48 inscrições, das quais foram selecionadas 25 equipas, mas no final resistiram 19, isto devido a alguns problemas de último minuto, entre outros motivos. O presidente, Ricardo Conde, assegurou que, embora este evento tenha cada vez mais seleção, não se pretende abrir o encontro internacionalmente ou “pelo menos para já”. É uma competição que tem “muitas valências, logísticas, um custo elevado, envolve, também, uma série de parceiros que têm que estar certos e motivados nos momentos e disponíveis portanto, ter qualidade”, e assim, para manter “os padrões de qualidade” consideram que este evento deve manter-se na Europa (por agora).

O medo de falhar

Relativamente ao medo de falhar que acompanha a algumas equipas nos dias de lançamento, o presidente Ricardo Conde, expressou que “não podemos ter medo de falhar, isto é a realidade, mas noutra escala, e os lançamentos são feitos de falhas”.

Indicou ainda, como exemplo, que “os que falharam o ano passado tiveram um sucesso «brutal», ou seja, eles vão perceber porque é que isso aconteceu, mas do ponto de vista dos espetadores é mais emocionante os falhanços, no ano passado nós tivemos explosões de Rockets e vê-se de facto a dificuldade, mas a parte de falhar faz parte”.

Na competição deste ano estão presentes duas equipas portuguesas: a North Space e o Instituto Superior Técnico de Lisboa. A North Space, é uma associação juvenil que não possui nenhum estudante de aeroespacial, porém, conta com alunos de Engenharia, Física, Medicina e até Belas Artes, isto para o presidente da Agência Espacial, é algo “fabuloso”: “É muito difícil encontrarmos isto, e outra coisa maravilhosa é perceber que houve uma colaboração muito grande entre este consórcio de universidades com o Técnico, em que partilharam experiências e conhecimento. Isto abre-nos a perspetiva de que para o ano as coisas podem ter outro nível”.

No fim, Ricardo Conde, desvelou que a próxima competição do European Rocketry Challenche contará com uma nova componente de Academias Militares, o que faz com que o evento se torne mais desafiante, sendo este um dos objetivos desta competição.

Rocket Camões

O Instituto Superior Técnico de Lisboa, chamou ao seu foguetão: "Camões". Esta é uma dinâmica da equipa, a qual, vai atribuindo os nomes aos seus Rockets segundo o alfabeto. Como este é o terceiro a ser construído e sendo a terceira letra do alfabeto a “C”, decidiram dar o nome de Camões ao seu rocket, o que também faz alusão à literatura portuguesa.

Nesta linha, o presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, expressou a sua felicidade quanto a esta decisão, referindo que compreende que a escolha do equipo foi puramente literária, mas que, em simultâneo, esta casualidade não deixou de causar-lhe surpresa.

Relembrou que o poeta português Luís de Camões, viveu a sua juventude no Concelho de Constância, antiga povoação de Punhete, em meados do século XVI. Atualmente, no concelho de Constância encontra-se a Casa-Memória Camões, em homenagem a esta figura tão importante para a língua e cultura portuguesa.

Assim, Sérgio Oliveira, deixou evidente o seu desejo de que o Rocket Camões “voe bastante alto”, para que assim, “o senhor ministro da cultura se lembre de que temos aqui uma Casa-Memória que precisa ser aberta ao público e precisa de ter apoios para efetivamente entrar em funcionamento, porque somos o concelho com maior ligação a um dos maiores poetas do nosso país… país que ainda não tem uma casa aberta diariamente dedicada a Camões”, concluiu o presidente.

Jade Garcia

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