O segundo período do ano letivo arrancou esta terça-feira, mas muitos alunos poderão não regressar ainda às aulas devido à realização de greves de professores, que se prolongam durante todo o mês de janeiro. Ou então podem ver à porta das escolas os professores em modo protesto para mostrar aos pais e aos próprios alunos qual é a sua luta.
O Sindicato de Todos os Professores (STOP) vai retomar a greve por tempo indeterminado que decorre desde 9 de dezembro e levou ao encerramento pontual de várias escolas nos últimos dias do primeiro período.
À porta da escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, os professores aderiram ao protesto e, mesmo numa manhã gelada e com nevoeiro intenso, mostraram o descontentamento e fizeram questão de andar, no meio dos automóveis que paravam para deixar os alunos, a entregar folhetos que explicam os motivos do protesto.
Matthieu Garcia, um dos professores presentes nesta ação de luta começou por dizer que esta é uma luta dos professores à qual os sindicatos, e o STOP (Sindicado de Todos Os Professores) em particular, se juntaram.
Há muitas questões que os professores queriam ver resolvidas e não é a demissão de um ministro que as resolve. Antes, Matthieu Garcia, diz que queriam ser ouvidos pelos governantes e que estes tivessem em conta as pretensões de uma classe cada vez mais envelhecida. Os professores estão contra a “municipalização do ensino”, querem o “acesso ao 5.º e 7.º escalão”, “direito a aposentação sem penalização”, “melhores condições e salários”, “contra a substituição dos quadros por mapas de pessoal” entre outros.
Se no mês de dezembro esta escola não teve estas ações mais visíveis contou com uma representação na manifestação que aconteceu em Lisboa. E depois disso foi altura dos professores se agruparem para mostrar o seu descontentamento retirando tempo à família antes de a primeira hora letiva para estarem nesta ação de protesto. Matthieu Garcia referiu que o objetivo é mostrar aos pais as reivindicações dos professores, mas “parece que esta manhã, como dizia uma colega, eles se afastam de nós”. Mesmo assim não deixaram de distribuir as reivindicações desta luta.
E à pergunta “se os alunos perguntarem que luta é a vossa, o que é que respondem”, Matthieu Garcia respondeu de forma simples “os alunos vão perguntar. Nós pedagogicamente iremos explicar o que é que se passa. Há tantas injustiças feitas com os professores que, imaginemos se transportássemos para os alunos, ou seja, imaginemos se tivéssemos que decidir que só dois alunos é poderiam ter nível cinco (entre zero a cinco) quando os que mereciam esse nível teriam de ter quatro. Só aí eles vão perceber a mensagem.”
Matthieu Garcia, professor
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), uma das principais organizações sindicais do setor, também decidiu retomar as greves ao sobretrabalho e às horas extraordinárias, que tinham sido iniciadas em 24 de outubro.
O Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) convocou uma greve parcial, igualmente em protesto contra algumas propostas de alteração ao regime de recrutamento. Neste caso, a paralisação é apenas ao primeiro tempo de aulas de cada docente, o que significa que os professores poderão estar em greve em diferentes momentos do dia.
Para hoje está também agendada uma concentração, organizada pela Fenprof, em frente ao Ministério da Educação, para a entrega de um abaixo-assinado, subscrito por cerca de 43 mil professores, contra a possibilidade de diretores ou entidades locais contratarem docentes.
Trata-se do principal motivo de contestação dos professores quanto à revisão do regime de recrutamento, que começou a ser negociado em setembro entre o Ministério da Educação e as organizações sindicais.
O STOP vai organizar no dia 14 de janeiro em Lisboa uma marcha pela escola pública e antes disso a Fenprof vai promover um acampamento junto ao Ministério da Educação entre os dias 10 e 13 se, até lá, o ministro não recuar nas propostas de alteração aos concursos e aceitar abrir processos negociais sobre outros temas.
Em articulação com outros sete sindicatos, a Fenprof convocou também uma greve por distritos, durante 18 dias entre 16 de janeiro e 08 de fevereiro. No dia 11 de fevereiro, realiza-se uma manifestação nacional organizada pelas oito organizações.