A Estrada Nacional 2 (EN2) transformou-se no palco da luta dos professores, que durante uma semana estão a percorrer o país, entre Chaves e Faro, para reclamarem a recuperação do tempo de serviço.
Do quilómetro zero, na cidade de Chaves, Norte do distrito de Vila Real, saiu, a 22 de maio, uma caravana de professores, maioritariamente delegados e dirigentes sindicais, em carros e motos, para viajarem pela estrada que une o país e se tornou numa atração turística.
A recuperação do tempo de serviço dos professores – seis anos, seis meses e 23 dias – não é o único problema que afeta a classe docente, mas, segundo Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), “será um problema central nesta caravana”.
“Nós temos 738,5 quilómetros pela frente, vamos faze-lo em seis etapas e meia. O ministério tem seis anos, seis meses e 23 dias para recuperar aos professores, pode faze-lo faseadamente”, salientou na altura o líder da Fenprof.
O objetivo da iniciativa é dizer ao Governo que, “quando a quilometragem é muito grande e é exigente, tal como o tempo de serviço que está por recuperar - 2.393 dias - é sempre possível por etapas, faseadamente, conseguir dar resposta”.
Esta sexta-feira a caravana passou por Abrantes. Logo pela manhã foi feita uma paragem em Vila de Rei, sendo que os manifestantes seguiram para Abrantes onde, na rotunda junto à Escola Secundária Solano de Abreu, os esperavam mais docentes que lecionam nesta cidade para “engrossar” o protesto.
Foi à hora de almoço que o marco “Abrantes”, localizado por estes dias junto à entrada para o Jardim do Alto de Santo António foi “assaltado” pelos docentes que aproveitaram para mostrar aos muitos automóveis que circulavam pela Avenida 25 de Abril e Avenida das Forças Armadas que continuam com a sua luta.
Aliás, 6:6:23 continua a ser um número que os docentes, que é o período em qua não tiveram progressão das carreiras: 6 anos, seis meses e 23 dias.
E é por esse motivo que José Coelho, líder sindical afeto à Fenprof, apelou à participação de todos na grande manifestação de 6 de junho de 2023 em Lisboa e Porto.
José Coelho, Fenprof
Em Abrantes, Catarina Oliveira, do Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados pelas ESE’s e Universidades (SEPLEU) pediu para no dia 6 os colegas pararem as escolas e caminharem uns para o Porto e outros para Lisboa. Apelou a não ficarem de braços cruzados.
Catarina Oliveira, SEPLEU
Já Luís Santos, do Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) foi mais violento nas críticas ao governo e, em particular, ao ministro da Educação.
A mobilidade por doença “é uma situação que nos preocupa muito”, disse o dirigente do SIPE, acrescentado que a componente letiva é outra situação que tem de ser revista.
Perante os companheiros de luta de Abrantes, voltou a fazer a reivindicação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias referindo que querem o mesmo que os colegas das regiões autónomas que vão recuperar o tempo de serviço.
Luís Santos, SIPE
Mais violento ainda foi Carlos Fonte, dirigente do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU). Aptou as baterias ao governo, ao ministro da Educação João Costa em particular, e nas críticas contundentes nem o Presidente da República escapou. O dirigente sindical acusou Marcelo Rebelo de Sousa de assinar “tudo o que lhe põem à frente”.
Carlos Fonte, SPLIU
A iniciativa tem chegada prevista a Faro a 30 de maio e é promovida pela plataforma que junta nove organizações sindicais do setor da Educação, e da qual a Fenprof faz parte.
A “caravana pela EN2” antecede a greve e as manifestações marcadas para o dia 06 de junho de 2023.
Além da Fenprof, fazem parte da plataforma Federação Nacional da Educação, a Associação Sindical de Professores Licenciados, a Pró-Ordem dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados, Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação, Sindicato Nacional e Democrático dos Professores, Sindicato Independente dos Professores e Educadores e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades.
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