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Abrantes: Racismo, segregação étnica e refugiados são temas de livro e músicas de Carlão (C/ÁUDIO)

24/10/2022 às 16:59

Para assinalar a “Semana da Igualdade” e o “Dia Municipal da Igualdade” em paralelo com o “Dia da Biblioteca Escolar” o Município de Abrantes chamou os alunos dos 7.º e 8.º anos, juntamente com os alunos PIEF e da Formação Profissional do agrupamento de escolas n.º 2 de Abrantes para uma conferência sobre esta temática. Mas o que os jovens não sabiam é que a conferência iria ser com o Carlão. E, já todos sentados, quando foi anunciado quem iria ao palco ... nada mais nada menos do que o cantor Carlão.

Filho de pais cabo-verdianos, Carlão tem agora, com a empresa Betweien, o projeto “Livres e Iguais”, Projeto de Promoção de Interculturalismo.

Há um livro um que é a base deste projeto. Um livro que conta três histórias. Uma de racismo. Outra de segregação étnica. E uma terceira sobre refugiados. E é um livro com páginas em branco que servem para o leitor, principalmente os jovens, poderem escrever as suas notas, as suas ideias de como podem mudar o mundo.

E se o livro tem três capítulos, o primeiro aborda o racismo. E Carlão explicou aos alunos que “criou uma personagem que é a Clara, uma miúda negra de um bairro precário que tem um sonho e que é um dia poder apresentar um programa de televisão de grandes entrevistas.” E Carlão continuou a explicar a vida da Clara que “depois do curso superior, apesar de todo o seu valor, percebeu que não pode concretizar o sonho apenas pela cor da pele.”

O cantor revelou que escreveu a música em 2018, antes de haver um pivot da SIC negro e de rastas no cabelo. “Estamos muito longe de ter uma sociedade que dá a mesma igualdade a todos os cidadãos.”

Aos jovens de Abrantes deixou muitas mensagens. Por exemplo: “cada vez mais acredito que não há pessoas totalmente boas como não há pessoas totalmente más. Interessa-me mais perceber porque é que as pessoas têm atitudes más, por exemplo.”

Depois respondeu a uma pergunta sobre o facto de não gostar de anedotas. E o Carlão respondeu. Disse que ouviu uma vez José Falcão [da SOS Racismo] dizer que não gosta da forma como as anedotas gozam com o estereótipo de determinados grupos, colocado tudo no mesmo saco e retirando as individualidades. “Na minha vida fui percebendo o porquê destas anedotas que tem a ver, muitas vezes, com discriminações e com estereótipos da sociedade. E são estereótipos que existiam e existem: negro - macaco; loira - burra; cigano - ladrão; alentejano - preguiçoso. E isto é uma discriminação. Por isso comecei a perceber o porquê do José Falcão não gostar das anedotas.”

A mensagem passou e terá chegado, pelo menos a uma parte dos jovens. Como disse o artista, muitas vezes os jovens ouvem mais as mensagens das músicas, dos influencer’s do que propriamente dos poderes. Mas será que estamos mesmo a mudar, ou temos apenas algumas ações e pensamentos esporádicos sobre a mudança de mentalidades? Carlão diz que sim, que estamos a fazer o caminho.

E também avisou os jovens que o telemóvel, que todos usam, não é apenas para fazer vídeos ou tirar fotografias. Também serve para pesquisar e saber coisas. E pediu-lhes para não acreditarem em tudo o que vêm na Internet. Que devem usar o telemóvel para pesquisar e aprender! E fazer diferente.

Reportagem do jornalista Jerónimo Belo Jorge

Carlão falou com os jovens e cantou os três temas que fazem parte deste livro “Livres e Iguais” - Projeto de Promoção do Interculturalismo. E depois, para fechar a sessão, deixou um dos seus temas atuais e que, de certa forma, também tem a ver com estes temas, o “Assobia para o Lado”.

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